Soltou o verbo

Criador de Watchmen faz crítica pesada a fãs de super-heróis

Alan Moore já é conhecido por críticas a cultura dos filmes de super-heróis

Alan Moore, criador de Watchmen, reforçou sua opinião contra filmes de herói recentemente. O autor afirma que o gênero de super-heróis é destinado ao público infantil, condenando a cultura em volta de partes mais adultas do fandom.

Moore esteve por trás de diversos títulos adultos dos quadrinhos durante os anos 1980 e 1990, além de Watchmen, ele foi algumas de suas obras mais populares são: V de Vingança, Monstro do Pântano, Batman: A Piada Mortal e A Liga Extraordinária. O trabalho do autor é conhecido por explorar temas como doença mental, fascismo e ocultismo.

Depois do pico de sua carreira, Moore foi se distanciando dos quadrinhos e focando mais em livros de ficção. As críticas envolvendo a cultura de super-heróis, especialmente a popularização do gênero na TV e no cinema, marcam o momento atual do autor, que sempre teve uma tendência de se afastar das adaptações de suas obras.

Em uma entrevista recente ao The Guardian, Moore reforçou suas opiniões contra a indústria, dizendo que super-heróis não deveriam estar entretendo adultos. Mesmo assumindo uma parcela da culpa por isso, o autor opina que esse tipo de infantilização é perigosa e um possível precursor do fascismo.

“Centenas de milhares de adultos fazem fila para ver personagens e situações que foram criadas para entreter meninos de 12 anos, e sempre foram meninos, de 50 anos atrás. Eu não pensava que super-heróis eram assunto para adultos. Eu acho que isso foi um mal-entendido nascido do que houve nos anos 1980, pelo que eu assumo uma parte considerável da culpa, mesmo que não tenha sido intencional.” Disse Moore.

O autor continuou dizendo que: “Tiveram uma quantidade horrível de manchetes dizendo que ‘Os quadrinhos cresceram’. Eu tendo a pensar que não, os quadrinhos não cresceram. Tiveram alguns titúlos que foram mais adultos do que as pessoas estavam acostumadas. Mas a maioria dos quadrinho eram basicamente o que sempre foram. Não eram os quadrinhos crescendo. Eu acho que eram mais quadrinhos encontrando a idade emocional do público vindo em direção oposta.

Moore completou revelando suas preocupações sobre o assunto: “Eu disse, por volta de 2011, que eu achava que teriam implicações sérias e preocupantes para o futuro se milhões de adultos estavam na fila para ver filmes do Batman. Porque esse tipo de infantilização, que pede por tempos mais simples e realidades mais simples, que podem ser, muito frequentemente, um precursor do fascismo.”

As críticas de Moore são diferentes das de outras figuras públicas?

Os comentários de Moore certamente não são uma surpresa, especialmente com suas falas anteriores sobre o gênero de super-heróis. Até mesmo em Watchmen, sua obra mais famosa, o autor humanizava os heróis, expondo-os como um conceito problemático.

Diferente das críticas de Martin Scorsese, que acusou os filmes da Marvel de não serem cinema de verdade, as críticas de Moore não são feitas na direção das obras, mas sim do público.

As alegações do autor conectando os fãs adultos de super-heróis ao crescimento do fascismo no mundo, certamente é difícil de provar, mas também não são inesperadas, especialmente com a posição política anarquista de Moore.

Por mais que a popularidade do gênero de super-heróis tenha tido seu crescimento bem antes de certos eventos políticos, é inegável o aumento da presença de símbolos de personagem como o Batman e o Justiceiro em manifestações de visões políticas extremamente contrárias as de Moore, espelhando de forma deturpada suas ideologias como vigilantes..

Claro que dizendo isso, o autor também nega mensagens positivas que podem vir dos quadrinhos. E, ele condenando ou não, dificilmente o público adulto deixará de entrar em filas para serem deslumbrados por histórias com personagens que conhecem desde sempre.

Sair da versão mobile