Mesmo antes de Caça-Fantasmas (2016) de Paul Feig estrear nas salas de cinema pelo mundo, já havia um clima enorme de descontentamento com esta nova versão que trazia mulheres como as novas protetoras da cidade de Nova York. Infelizmente, o nível ‘hater’ chegou forte na produção, afetando a bilheteria que foi baixíssima, uma verdadeira bomba financeira que trouxe bastante prejuízo.
Agora, o material em si não era lastimável, apenas muito preocupado com ‘fan services’ randômicos, além de tentar fazer o público rir a todo custo, praticando uma tentativa de comédia forçada que não colou, simplesmente.
Passada a frustração, já se imaginava que iriam dar um jeito de “consertar” as coisas, recriando uma nova trama para os desbravadores do sobrenatural.
Cinco anos após o tiro n’água, ganhamos mais um capítulo da franquia com Ghostbusters: Mais Além, dirigido por Jason Reitman, filho do cineasta Ivan Reitman, que dirigiu o original de 1984, e a continuação Os Caça-Fantasmas 2 (1989).
Situado trinta anos após os eventos do segundo filme, pouco depois de serem despejados de sua casa, uma mãe solteira (Carrie Coon) e seus dois filhos (Mckenna Grace e Finn Wolfhard) são forçados a se mudar para uma fazenda decadente em Summerville, estado de Oklahoma, deixada a eles pelo falecido avô das crianças, onde uma série de terremotos inexplicáveis estão ocorrendo e coisas estranhas estão acontecendo em uma velha mina. As crianças descobrem a história de seu avô com os Caça-Fantasmas originais, que desde então foram amplamente esquecidos. Quando fenômenos sobrenaturais relacionados aos incidentes de 1984 em Nova York ocorrem na pequena cidade, cabe às crianças junto de familiares e amigos, resolver o mistério de décadas atrás e usar o equipamento deixado para salvarem o dia.
Clima de aventura
Análise do material à parte, não resta dúvidas que o recente Ghostbusters: Mais Além irá agradar a maioria do público geral, assim como a legião de fãs que defende a marca com unhas e dentes. Principalmente por resgatar aquele ambiente de aventura que era muito comum no cinema hollywoodiano da década de 1980, em especial nas obras que retratavam a juventude.
É através da protagonista Mckenna Grace, junto de Logan Kim, que faz o papel do melhor amigo Podcast (sim, este é o nome dele), que embarcamos de cabeça e coração nesse enredo sobre acerto de contas com o passado, que vai se desdobrando e revelando que nem tudo o que parecia ser realmente era.
Também temos uma outra “criança” em Ghostbusters: Mais Além que foi capaz de enfeitiçar o público através de seu inegável carisma: Paul Rudd.
Portando 52 anos de idade, sem nunca ter envelhecido sequer cinco minutos desde sua primeira grande aparição em As Patricinhas de Beverly Hills (1995), Rudd mostra-se um ator de fácil apreciação, mesmo porque tem prática com a comédia, assim como já se garantiu em alguns poucos papéis dramáticos que teve durante a carreira.
Pelos personagens e alguns bem utilizados ‘fan services’ temos a garantia de competente entretenimento, que diverte sem nunca largar mão de algumas pulsações dramáticas sobre as dificuldades de entender algumas atitudes de um ente querido.
Jogo seguro (demais)
Se nos dois primeiros atos de Ghostbusters: Mais Além transitamos pela narrativa de um modo mais efervescente, não podemos dizer que após o segundo ponto de virada do roteiro escrito por Jason Reitman, junto de Gil Kenan, testemunhamos uma narrativa tão atraente.
Reitman preocupou-se muito com os fãs no terceiro ato, deixando a sensação de um trabalho sem tanta personalidade, que prefere seguir as convenções na busca de garantir algum suposto bem estar daqueles que se aborrecem mais facilmente.
À parte esta escolha do cineasta, devemos pontuar uma comovente homenagem no clímax da história à Harold Ramis (1944 – 2014): ator, comediante, diretor e roteirista, que foi responsável, ao lado de Dan Aykroyd, pela criação da história e personagens do longa-metragem original sobre os Caça-Fantasmas.
Não sabemos se o futuro reserva algo a mais para esta série de filmes, mas se for o caso desta ser a última visão, certamente terá sido uma bem mais prazerosa, mesmo que um tanto segura demais.