Pelo título já dá para sacar rapidinho, não? Este é um filme de romance. Sim, sem dúvida alguma! Juntos Para Sempre é um hino ao grande amor, aquele capaz de mover céus e montanhas em prol do amado(a). São aqueles longas que você assiste para voltar a acreditar neste sentimento mais nobre que é, absolutamente, o melhor de nós. Sempre um prazer ver obras que tentam elevar o ser humano pelo amor. E, é óbvio que não existe um lance mais febril do que quando um(a) olha diretamente nos olhos … de um cachorro!
Pena que o longa de Gail Mancuso, continuação de Quatro Vidas de Um Cachorro lançado dois anos atrás, é bem pouco inspirado, e apenas se repete para dizer a mesma coisa (com a adição de novos personagens) que a obra de 2017: dignificar a paixão canina por seus donos.
Juntos Para Sempre nos lembra de Bailey, um cão que viveu muitas vidas passadas na intenção de reencontrar seu amado dono Ethan, que se casou com Hannah, onde vivem os três juntos em uma fazenda. Porém, tudo se complica nesta relação familiar pela morte de Henry, filho de Hannah, deixando sua namorada Gloria desamparada e, criando CJ, uma menina de dois anos. Gloria, que odeia cachorros, tem uma árdua discussão com Ethan e Hannah e resolve partir, deixando para o dog Bailey, a missão de cuidar e proteger CJ, seja quando ela precisar durante a vida.
Uma das boas definições que se pode fazer sobre obras como esta aqui, é a de intento as lágrimas. E, geralmente se faz de tudo para conseguir tal feito. Não leve a mal! É possível fazer obras deste tipo, com um mínimo de qualidade e, principalmente, sem torturar o espectador amante de cães (e outros pets) com algumas mortes destes bichinhos tão queridos.
Talvez, ainda um bom exemplo seja o longa Marley & Eu do diretor David Frankel. Certo que a produção lançada em 2008 também se deixa escorregar em alguns clichês aqui e acolá. Todavia, ela dá ao espectador duas coisas bem explícitas que acabam dando mais nuance a história e, que diretamente acabam contribuindo e muito para a resolução final com a morte do cão: humor e uma evolução cuidadosa do protagonista da trama, o dono de Marley.
O contrário disso acontece em Sempre ao Seu Lado do cineasta Lasse Hallström, que também dirigiu o antecessor à Juntos Para Sempre. No longa de 2009 sobre o cãozinho que fica esperando seu dono que faleceu voltar do trabalho na estação de trem todos os dias até o fim de sua vida, é onde encontramos uma exploração emocional barata que visa arrancar lágrimas a fórceps do público. E, geralmente consegue pois é fácil partir o coração de alguém ao ver um pet tão devoto e apaixonado por seu dono.
Tanto os dois longas de Hallström, como este de Gail Mancuso têm o mesmo fim, só que a diretora consegue ser ao menos um pouquinho mais delicada com o tema que o cineasta sueco autor de obras renomadas como Regras da Vida, Gilbert Grape – Aprendiz de Sonhador e Chocolate.
Mesmo tocante, algo que atrapalha demais para aproveitar essa parada de fofuras vistas na tela é este tipo de texto que possui a pecha de ser categorizado como ‘roteiro com GPS’. Explicação: é aquele que avisa um pouco antes o que virá em seguida, oferecendo de bom grado pequenas exposições (as vezes muito categóricas) de algo que acontecerá muito em breve na narrativa. Também não ajuda que alguns dos diálogos falham em escapar do lugar-comum. Aí fica até difícil exigir do elenco ficar constantemente tirando leite de pedra!
No fim, tudo o que Juntos Para Sempre consegue fazer, é ser de novo uma versão canina de O Livro dos Espíritos de Allan Kardec. Para aqueles que ficam imaginando o que acontece com o seu bichinho do coração depois que ele morre, melhor comprar qualquer livro do autor e educador espírita. Evitará uma cachoeira de lágrimas.
E, olha que periga não parar por aí! O autor W. Bruce Cameron que escreveu os livros que foram base para os dois filmes, têm ao menos mais quatro livros publicados sobre cães.
Com o pitch correto, podemos estar diante de uma nova franquia, o Universo Cinematográfico Espiritual Canino, o UCEC. Aguardemos!