Inverno

Crítica – Missão Resgate

Mistura de ação com suspense estrelado por Liam Neeson falha em ambas pelo enredo previsível que nunca engata a terceira marcha

Por acaso já pararam para reparar nos pôsteres de filmes estrelados pelo veterano ator norte irlandês Liam Neeson pela última década?

Se não viram, façam uma pesquisa rápida. Vão perceber dois elementos em comum na grande maioria destes pôsteres: primeiro, uma feição sisuda, aquelas bem de poucos amigos; e segundo, está sempre empunhando uma arma.

No alto de seus 69 anos de idade, observamos Neeson remodelar sua carreira profissional no cinema transformando-se em um ator especializado em produções do gênero ação.

Para se ter uma noção do nível da mudança, basta acompanhar algumas tendências humorísticas que testemunhamos envolvendo seu nome, como alguns atores e comediantes fazendo imitações dele enquanto fala ao telefone ameaçando alguém que se encontra do outro lado da linha; ou como no final de Pai em Dose Dupla 2, comédia familiar natalina que vemos sua participação especial como um pai que está voltando para casa para participar da noite de Natal com seus filhos, mas encontra terroristas que sequestraram um míssil pelo meio do caminho, combatendo-os ao lado de seus filhos pequenos!

Seguindo por esse rumo, chegamos em Missão Resgate, mais recente longa-metragem onde veremos Liam Neeson resolvendo todos os tipos de problemas e perigos possíveis… no gelo ártico.

Depois que uma remota mina de diamantes desmorona no extremo norte do Canadá, um motorista de caminhão acostumado a pegar estradas de gelo (Liam Neeson) deve liderar uma missão de resgate impossível sobre um oceano congelado para salvar os mineiros presos. Lutando com o degelo das águas e uma grande tempestade, eles descobrem que a ameaça real é aquela que eles nunca viram chegando nessa viagem de vida ou morte.

Vovô bom de briga

Desde o primeiro Busca Implacável lançado em 2008, vimos Neeson destacando-se com grandes méritos nesse território do cinema de ação. O sucesso do original foi tanto que criaram a “trilogia do sequestro”, que teve suas continuações em 2012 e 2014.

Se antes ele era reconhecido em outros segmentos, como no clássico ‘cult’ Excalibur (1981), ou no prestigiado A Lista de Schindler (1993), grande vencedor do Oscar.

Agora, para a nova geração ele é um ‘action hero’ que desce o braço e atira para tudo o que é lado em filmes, como: Esquadrão Classe A (2010); Desconhecido (2011); Sem Escalas (2014); Noite Sem Fim (2015); O Passageiro (2018); Vingança a Sangue Frio (2019); Legado Explosivo (2020); entre outros.

Nesse cardápio recheado de tiros, corridas e algumas explosões, notamos que alguns materiais se destacam positivamente. Particularmente alguns dos trabalhos realizados em parceria com o diretor espanhol Jaume Collet-Serra. Mas, também temos uma considerável dose de longas-metragens que passam longe de marcar uma experiência significativa para o espectador. Infelizmente, este é o caso de Missão Resgate, que estreia nas salas de cinema pelo Brasil.

Que fria!

Existe um nível aceitável de previsibilidade com algumas histórias, determinados enredos onde somos capazes de tolerar certas situações em prol de um bem estar acompanhando potentes cenas de ação que impressionam o público com facilidade.

Só que não encontraremos isso em Missão Resgate de Jonathan Hensleigh, que parece apenas ter uma única ideia para apresentar ao público. Os momentos que deveriam ser tensos, passam longe de arrepiar, até mesmo porque não souberam trabalhar com o mínimo de suspense, quando certamente faria bem à história sendo contada.

No meio disso tudo, ainda percebemos uma narrativa que fez uma denúncia às grandes empresas que pelo mundo destratam ou até mesmo deixam seus funcionários diariamente à beira da morte, sempre visando uma maneira de sair lucrando a qualquer custo.

Uma pena que o cineasta Jonathan Hensleigh não ofereceu nada além do esperado em Missão Resgate, que se revelou uma grande fria!

Aquilo que deveria ser frenético, parece risivelmente cômico; aquilo que deveria ser comovente, mostra-se superficial; o que era comentário social, foi dissolvido.

Resumindo: uma narrativa que assim como os caminhões nas estradas de gelo, apenas escorregam, escorregam, escorregam…

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