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Crítica | Pokémon: Detetive Pikachu

Pokémon: Detetive Pikachu chega aos cinemas com o grande peso que a franquia Pokémon pode colocar nas costas de qualquer produto vinculado a sua marca. Dessa forma, o esperado era um filme que agradasse seu público alvo, no caso infantil, ao mesmo tempo que respeitasse aqueles que embarcaram no universo que existe há mais de 20 anos. Nesses termos, o resultado não poderia ser melhor.

O longa é extremamente respeitoso com suas origens. Aqueles que já entendem as regras desse universo não só vão encontrá-las como também irão se deparar com expansões pontuais que funcionam muito bem. Ao escolher um narrativa investigativa, o filme consegue explorar o suficiente para aqueles que terão seu primeiro contato com a franquia entenderem o necessário para aproveitar o universo. Ao mesmo tempo, o fã mais imerso também se diverte, com referências que parecem reestruturar o cânone, mas que na verdade servem apenas para intrigar com quebra-cabeças e brincar com o espectador que achar que o longa não trará nada de novo.

O enredo do filme é interessante e deve suprir a necessidade do público que espera uma boa narrativa, mas nada mais do que isso. Funciona como um bom entretenimento, já que a história em si não é seu grande trunfo. De maneira inteligente, o longa entrega personagens conhecidos como Pikachu, Psyduck e Mewtwo permeando a narrativa de forma certeira. Um aceno para os fãs de longa data, ao mesmo tempo em que busca renovar seu público. Quase que uma releitura, pode ser considerado próximo do que O Despertar da Força fez para a franquia Star Wars, mas sem procurar os mesmos arquétipos para construir sua história.

Vale destacar o trabalho de voz de Ryan Reynolds. Se você está com medo de ir ao cinema para encontrar um Pikachu Deadpool, fique tranquilo. Não só o ator mostra mais uma vez um ótimo trabalho de voz, mas cada palavra de seus diálogos

Poucos são os deslizes do filme nesse ponto, mas alguns podem ser notados. As primeiras cenas do filme, que mostram Tim, vivido por Justice Smith, em uma cidade interiorana, podem servir para construir um pouco a personagem. Mas infelizmente não fariam diferença nenhuma ao serem cortadas do filme. De fato, poderiam até melhorar sua construção, já que a personagem é apresentada como alguém que foge do comum por ser sozinha e não querer ter um parceiro pokémon, e a cena justamente se desenvolve com Tim ao lado de um amigo que o convence a participar de uma tentativa frustrada de capturar um. Mas passados esses poucos minutos iniciais, a história se desenvolve muito bem.

Talvez, o grande trunfo do filme seja passar melhor do que em todo e qualquer produção audiovisual como seria um mundo aonde existissem de fato pokémons. A sutileza com que o universo é mostrado é ímpar e os fãs devem notar bem isso. E, para acompanhar tal feito, um trabalho incrível de efeitos especiais e reimaginação das criaturas, e de suas especificidades, que farão o público esquecer o quão fantasioso é o mundo pokémon.

Contudo, o filme não deixa escapar algumas pontas soltas. Seu final é satisfatório, postas as regras apresentadas, mas talvez algumas pessoas possam sair do cinema com uma ou outra pergunta que são intrínsecas à narrativa e que, não respondidas, podem ser consideradas furos. Ainda assim, nada que vá de fato atrapalhar a experiência.

O longa também apresenta um universo vasto, mesmo que seu enredo fique bem localizado. As possibilidades de uma continuação se tornam inúmeras, ao mesmo tempo que uma continuação direta é praticamente descartada. Se a Warner souber manejar sequências, Pokémon tem tudo para se tornar uma nova franquia cinematográfica de grande porte, já que o público anda respondendo de forma mista aos filmes baseados em quadrinhos da DC Comics e nos livros de Harry Potter.

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