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Crítica | Uma Aventura Lego 2

Uma Aventura Lego 2 chega aos cinemas com a missão de dar continuidade ao primeiro filme da franquia após cinco anos. Se havia alguma expectativa após Uma Aventura Lego, Lego: Batman: O Filme e Lego Ninjago: O Filme, ela só poderia ser maior após o sucesso de Homem-Aranha no Aranhaverso, já que os roteiristas do filme estavam também envolvidos no projeto. Infelizmente, o longa não traz a mesma elegância do da Marvel.

Se Phill Lord e Christopher Miller já conseguiram levar para as telonas um filme de todo audacioso, Uma Aventura Lego 2 pode ser considerado um alarme para mostrar que nem tudo em que eles colocam a mão pode virar ouro. Seguindo o primeiro longa, a trama apresenta uma história sem grandes surpresas ou originalidade, tendo como diferencial sua temática, que permite diversos artifícios de roteiro como deus ex-machina ou sua metalinguagem. Contudo, o que vemos é uma tentativa confusa de ligar o que parecem ser piadas isoladas em um roteiro que simplório.

Se há algo para ser elogiado no filme, é o trabalho de voz. Enquanto o original se mostra impecável, a dublagem brasileira sofre por conta do roteiro. Algumas piadas acabam se perdendo, o que é natural na hora de traduzir qualquer coisa. Um bom exemplo acontece em uma determinada cena onde a expressão inglesa “elephant in the room” acaba por gerar no longa de fato um elefante na sala. A escolha foi por não trabalhar com a dualidade, já que em português não faria sentido. Apesar da opção de tratar a frase com o sentido de “quebrar o gelo”, talvez tenha faltado uma presença de espírito para brincar de fato com o elefante, mesmo que tivessem que apelar para um humor non-sense. Não seria não absurdo, visto que o filme faz isso diversas vezes. Essas questões devem incomodar em outros pontos do filme. Outro ponto com a dublagem é que esta pouco se aproveita de não precisar de fato sincronizar com lábios reais. As personagens inspiradas em brinquedos dão a possibilidade de trabalhar melhor expressões nacionais, como já vimos em outros trabalhos.

Ademais, o filme não passa de uma sucessão de referências a cultura pop. Esse é o seu maior pecado. Dentro dessa lógica, o longa de animação opta por fazer piada com praticamente todas as suas licenças disponíveis. Se isso funcionou razoavelmente bem no primeiro filme, no segundo é esperado que haja mais do que isso. Não há. Pelo contrário, o máximo que se vê são atualizações de brincadeiras com as mesmas personagens, principalmente as inspiradas na DC Comics. Algumas piadas devem arrancar uma gargalhada do espectador. Contudo, nada que justifique um longa-metragem. O que vemos em sua maioria é um amontoado de referências que soam como cópias.

Por causa dessas escolhas, vemos ainda outra questão no filme que é sua falha ao tentar agradar aos mais diversos públicos. Enquanto o esqueleto do filme é guiado por uma lógica infantil, não só em seus debates e levantamento de questões, mas também em sua maneira de se apresentar, com apresentações musicais feitas nos moldes infantis. Nelas, Jon Lajoie até tenta satirizar um pouco, mas acaba simplesmente fazendo a mesma coisa que os musicais infantis. Seu único momento de alguma graça acaba por ser nos créditos finais que, se fosse separado em uma esquete cômica, funcionaria melhor que o próprio longa. Se dessa forma não consegue agradar ao público mais adulto, tampouco consegue agradar o jovem. Grande parte de suas referências e piadas funcionam com quem tem pelo menos mais de vinte e cinco anos.

Sem conseguir se decidir a quem quer agradar, Uma Aventura Lego 2 não deve agradar mesmo muita gente. Sua falta de originalidade que rouba cenas de diversas produções sem uma satirização eficaz acaba por construir um longa que não deve justificar a sua existência, nem mesmo com a mensagem óbvia que, ao menos, o filme consegue passar.

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