Os telespectadores de Raya e o Último Dragão já estão especulando sobre a sexualidade da personagem central, provando que a Disney ainda está repetindo seu problema de Elsa, de Frozen. O filme de animação, dirigido por Don Hall e Carlos López Estrada, está sendo elogiado por apresentar a primeira heroína do sudeste asiático da Disney.
Raya, dublada por Kelly Marie Tran, serve como a protagonista principal, e algumas cenas-chave estão gerando um debate se a personagem é ou não gay.
Um artigo da redatora Kara Hedash para o Screen Rant aponta que a falta de clareza da parte da Disney mostra que eles não aprenderam com Elsa de Frozen, nem a óbvia falta de representatividade LGBTQ+.
Raya e o Último Dragão segue o mundo fictício de Kumandra, um reino composto por cinco regiões distintas baseadas nas culturas do sudeste asiático. Raya, a princesa de Coração, assume como missão encontrar o último dragão sobrevivente, Sisu (Awkwafina), após o retorno dos monstros Druun do mal, que dizimaram a Terra.
Em sua jornada para coletar todas as peças da Pedra do Dragão, uma orbe que possui o poder de reviver a população, Raya encontra Namaari (Gemma Chan), uma princesa guerreira rival de Fang. As duas mulheres são inicialmente inimigas até Namaari deixar de lado seus pontos de vista para se juntar à missão de salvar o mundo de Raya.
Embora Raya e Namaari sejam primeiro consideradas inimigas, há uma sugestão de flerte romântico entre as duas figuras em Raya e o Último Dragão.
Ao falar em uma entrevista (via Vanity Fair), Kelly Marie Tran confirmou sua crença de que Raya é gay, acrescentando que ela dublou a personagem como se houvesse “alguns sentimentos românticos acontecendo lá”.
Embora seja um ponto positivo, Tran fez questão de abordar a falta de representatividade LGBTQ+ entre heroínas, especialmente as retratadas em animação. Isso dá continuidade à tendência dos problemas da Disney, que ganhou as manchetes por meio das críticas em torno de Elsa em Frozen.
Problema com representatividade
A sexualidade de Elsa tem sido um tópico de discussão desde o lançamento de Frozen da Disney em 2013. Frozen 2 trouxe de volta o debate quando a Disney não conseguiu resolver se Elsa é gay, apesar de um clamor dos fãs sobre o esclarecimento.
Com o histórico da Disney, na visão de algumas pessoas, esse foi outro exemplo do método de “queerbaiting” do estúdio para encobrir representatividades importantes ou sugerir, em vez de confirmar em definitivo, a sexualidade de um personagem específico.
Além da orientação sexual ambígua de Elsa, a Disney recentemente atraiu críticas para Star Wars: A Ascensão Skywalker pelo beijo gay mostrado ao fundo e por poucos segundos e por “jogar muito seguro” com a alegada bissexualidade de Valquíria no MCU. Ambas Star Wars e Marvel, é claro, estão sob a égide da Disney.
Curiosamente, Tran afirmou: “Pode me causar problemas por dizer isso, mas tanto faz”, ao discutir seus pensamentos sobre a orientação sexual de Raya. Isso insinua que a Disney optou por não esclarecer o assunto e não reconheceu como simplesmente sugerir algo não é uma mensagem significativa o suficiente.
Hedash conclui que, em vez de ficar continuamente na ponta dos pés em torno da representatividade LGBTQ+, a Disney poderia tornar esses aspectos cruciais da identidade mais claros.
Não há dúvida de que a Disney está alguns passos atrás no que diz respeito à representatividade, mas se eles querem continuar atendendo a mais comunidades, é hora de se posicionar.
Embora Raya e o Último Dragão contenha muitos atributos positivos, o filme está sendo visto como outra oportunidade perdida para a Disney, já que, para uma parte dos fãs, a Casa do Mickey mais uma vez se esquiva de uma representatividade LGBTQ+ impactante.
No Brasil, Raya e o Último Dragão está agora disponível no Disney+ através do “Acesso Premium”.