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Elsa e [SPOILER] são a mesma pessoa? Frozen 2 e este filme têm personagens iguais

Com a Disney dominando o mercado cinematográfico, especialmente dos últimos anos para cá, é ela quem dita os novos padrões da indústria. Uma grandes transformações que Hollywood viu na última década encontra-se na bem-vinda entrada de mais diversidade e empoderamento feminino em grandes produções – especialmente no protagonismo de mulheres em muitas de seus lançamentos no cinema, TV e streaming. E isso começa a reverberar temas.

Olhando para dois dos grandes sucessos da Disney recentemente: a animação Frozen, que ganhou sua continuação, e a revitalização da saga Star Wars, que teve sua história expandida com uma nova trilogia e dois derivados. Ambas as propriedades, que fizeram enorme sucesso entre diferentes quadrantes do público, trazem protagonistas femininas fortes e com personalidade própria – bem determinadas pelas figuras de Elsa (voz de Idina Menzel) e Rey Sky… Rey, personagem de Daisy Ridley.

E nosso objetivo nesse artigo é justamente traçar as semelhanças entre essas duas personagens, que não são poucas. Especialmente, os arcos escolhidos por Frozen 2 no tratamento de Elsa e (em partes) o de Rey em Star Wars: A Ascensão Skywalker, que marca o fim da saga principal de episódios iniciada por George Lucas.

Vozes do passado

Vamos ao básico: tanto Rey quanto Elsa são personagens com incríveis poderes. Elsa tem a habilidade de controlar o gelo e congelar o que bem entender, enquanto Rey é uma fortíssima usuária da Força. Ambas tiveram vidas solitárias devido à natureza de seus poderes: os pais de Elsa a isolaram de sua irmã, Anna, quando ela acidentalmente usou seus poderes contra ela. Já Rey, foi escondida por seus pais quando o Imperador Palpatine (seu avô, pois é) sentiu seu poder e planejou atrai-la a fim de… Bem, matá-la ou levá-la para o Lado Sombrio – o roteiro de J.J. Abrams e Chris Terrio não parece saber o que fazer.

Por falar em pais, esse é outro ponto em comum entre as duas heroínas. Tanto Elsa quanto Rey (especialmente a jovem Jedi) carregam algum mistério e misticismo em relação às suas figuras paternas. Ambas sentem um chamado para aventura (clássico da Jornada do Herói) e também um desejo de entender melhor seu passado: Rey conta os dias para que seus pais retornem, após abandoná-la em Jakku, enquanto Elsa e Anna perguntam-se se o acidente que os matou realmente é a história completa. Em Frozen 2, Elsa escuta um canto angelical que a atrai para descobrir o passado de Arendelle e as circunstâncias controversas de seus antepassados no processo. Em A Ascensão Skywalker, a galáxia literalmente recebe uma transmissão de Palpatine (o antepassado de Rey) prometendo vingança e mudanças. Será que Darth Sidious tem uma voz aguda como a da cantora Aurora?

Decepções?

A outra comparação entre Frozen 2 e A Ascensão Skywalker que podemos fazer é mais subjetiva: ambos foram decepcionantes, de certa forma. O primeiro Frozen foi uma animação considerada até mesmo transgressora em sua época de lançamento, já que quebra diversos clichês dos contos de fadas de forma elegante e carismática – enquanto sua continuação faz um bom trabalho em expandir mitologia, mas em uma história tão forte ou inovadora. Há quem diga que a exploração do passado, em especial da injustiça cometida para a criação do reino de Arendelle, seja uma adição desnecessária à trama.

E por falar em exploração de passado desnecessária, chegamos ao Episódio IX. O filme de J.J. Abrams precisava seguir os elogiados O Despertar da Força e Os Últimos Jedi (o Episódio VIII foi bem recebido pela crítica, pode olhar), além de amarrar uma história de 42 anos e 9 filmes. Não é surpresa que o resultado tenha sido bem inchado e incongruente (se Frozen 2 tem pouca história, Skywalker tem até demais), e também cai na armadilha de remoer o passado: Rian Johnson já havia definido que os pais de Rey não eram importantes, mas Abrams e Terrio não só apostaram no retcom como ainda fizeram a protagonista neta do vilão Palpatine. 

Claro, Elsa e Rey habitam universos e franquias distintas, mas é impossível não reparar nas similaridades bem nítidas entre as propostas de Frozen e a nova trilogia de Star Wars. Só não precisa de crossover.

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