Filmes

Entrevista | "Batman está no fim da linha fisicamente e psicologicamente", diz Ben Affleck

Por muito tempo, Ben Affleck manteve silêncio sobre sua atuação como Bruce Wayne em Batman Vs Superman: A Origem da Justiça. O anúncio de que o ator tinha sido o escolhido para o papel veio em 2013, e desde então as pessoas que gostariam de defender Affleck contra a imensa quantidade de críticas que ele recebeu quando foi escalado não tiveram muito em que se apoiar – a ideia era deixar o público esperar e ver por si mesmo o resultado.

Entrevista | “A fraqueza do Superman é seu amor pelos seres humanos”, diz Henry Cavill

Recentemente, no entanto, a uma semana da estreia oficial do filme, Affleck concedeu entrevista à Entertainment Weekly sobre o seu Bruce Wayne, um cara mais velho e mais descrente do mundo que estamos acostumados a ver nas interpretações de Christian Bale e Michael Keaton, as mais famosas do herói até hoje. Veja alguns dos destaques da entrevista:

EW: Como e por que você decidiu aceitar fazer o Batman? Porque esse contrato não é só para alguns filmes, mas para todo um universo de filmes em que o personagem pode aparecer.

Affleck: Inicialmente eu abordei a ideia de uma forma abstrata, eu estava incerto sobre aceitar ou não. Eu fui e olhei para o plano que Zack tinha para o personagem e para o universo em que ele estaria inserido. Eu vi de que forma o meu Batman se encaixaria no cânone do personagem, e a parte da história do personagem que Zack havia escolhido para figurar nesses filmes, e essas escolhas para mim eram interessantes. E o parceiro que Zack escolheu para escrever essa história foi Chris Terrio, com quem eu havia trabalhado em Argo, e que venceu o Oscar pelo trabalho dele no meu filme. Chris escreveu não só esse filme, como também A Liga da Justiça.

Você trouxe Chris para o projeto? O envolvimento dele era uma condição para você aceitar o papel?

De forma alguma. Nós dois somos componentes separados da equipe que a Warner montou para esses filmes. É claro que nós dois temos uma história de trabalharmos juntos, mas foi apenas uma feliz coincidência para mim. A Warner já o conhecia, afinal eu fiz Argo na Warner, mas nós não entramos nesse projeto como um “pacote” único.

Muitos atores já interpretaram o Batman e cada um trouxe coisas novas ao personagem. O que você diria que é a sua contribuição para ele?

Oh, eu não diria (risos). Eu deixaria isso para outras pessoas dizerem, quando virem o filme. O que eu queria criar era um Batman, ou um Bruce Wayne, que estivesse no fim da linha fisicamente, psicologicamente e até emocionalmente, um cara que foi maltratado pelo mundo, que tem um pouco mais de cabelo grisalho, e que está questionando se toda a jornada que ele passou como Batman realmente valeu a pena para alguma coisa. Nesse filme, ele tem que enfrentar um ser super-poderoso, o que não acontece em nenhum dos outros filmes do Batman. É interessante misturar essas duas coisas, porque nos Batmans de Nolan, que são para mim os Batmans definitivos, não existem outros super-heróis – Bruce nunca tem que lidar com o fato de que, embora ele seja habilidoso, há pessoas e alienígenas por aí com poderes sobrenaturais.

Por que você acha que o seu Batman reage da forma que reage quando a existência do Superman se torna um problema?

Eu não acho que seja tão difícil. É tão comum que ao reagir a algo a gente volte aos nossos instintos mais primitivos e tentemos nos proteger e nos armar. Não é como se nesse mundo nós soubéssemos, graças a cinco décadas de quadrinhos, que o Superman é um cara legal, que luta pela justiça, a verdade e o modo de vida americano. A verdade é que esse ser super-poderoso apareceu na Terra, teve algumas lutas com outros seres super-poderosos, e muita gente foi morta e muita coisa foi destruída nessas lutas. Eu acho que é uma evolução natural da história que haja controvérsia em relação a isso, e Zack foi esperto ao usar essa controvérsia. Muita gente provavelmente pensou: “Esse cara [Superman] precisa ser preso”.

Sabemos também que na história o seu Batman teve um Robin, não sabemos exatamente qual, mas ele morreu.

Bruce está amargamente decepcionado com o mundo, por ter perdido esse cara que lutava ao seu lado antes. A morte desse personagem deve ter sido devastadora para ele, e ele sofreu muito. Nós temos a sensação que Bruce amargou muitas perdas terríveis antes mesmo que esse filme comece.

E como a Mulher Maravilha se encaixa nessa percepção de mundo de Bruce?

Eu acho que ela o inspira, de alguma forma, porque Batman é o melhor detetive do mundo, e se ele sabe que existe um ser super-poderoso na Terra, então talvez existam outros, e se existem outros, existe a possibilidade de que eles tomem o controle dos humanos, mas também existe a possibilidade de que eles nos ajudem a lidar com os nossos problemas. Gal Gadot é uma atriz espetacular, e uma presença inspiradora e sedutora. A Mulher Maravilha é um papel difícil de interpretar, e ela está excelente no filme – eu acho que a personagem inspira Bruce de certa forma a conceber a ideia de uma Liga da Justiça, de uma união de seres super-poderosos que ajudam a proteger a humanidade.

“Bruce Wayne precisa de terapia”, diz Ben Affleck

Batman Vs Superman e Capitão América 3 | Saem as primeiras reações aos filmes

Batman Vs Superman: A Origem da Justiça chega aos cinemas brasileiros em 24 de março.

Sair da versão mobile