Lançamento recente da Netflix no Brasil, Radioactive conta a incrível história de Marie Curie.
Curie foi a primeira mulher a ganhar um Prêmio Nobel (conquistou dois ao longo da vida). No longa-metragem, ela é retratada por Rosamund Pike, conhecida por seu trabalho em Garota Exemplar, de David Fincher.
Caso você ainda não tenha assistido a Radioactive, saiba que é impossível exagerar quando se fala na importância de Marie Curie para o mundo da ciência.
Conhecida por suas grandes contribuições para o estudo da radioatividade, ela é, até hoje, a única mulher a ter conquistado o Prêmio Nobel duas vezes (por Física e Química). Marie Skłodowska Curie nasceu em Varsóvia, na Polônia, em 1867.
Foi a primeira mulher a ser admitida na Universidade de Paris, onde desenvolveu seus maiores trabalhos. Com suas técnicas inovadoras, ela foi a descobridora de dois elementos químicos, polônio e rádio, e o próprio termo “radioatividade” foi criado por ela.
Como todos poderiam pensar, a vida de Marie Curie não foi fácil no meio acadêmico e, além de todas as dificuldades para custear seus estudos (ela chegou a trabalhar como governanta), a cientista era constantemente ridicularizada e difamada, até mesmo pela imprensa francesa da época.
Um de seus principais defensores foi o famoso Albert Einstein, de quem se tornou amiga. Eles trocavam cartas e, em uma delas, Einstein se dizia “enraivecido” pela forma como ela era tratada por parte do público.
Tragicamente, o próprio trabalho de Marie Curie fez com que ela desenvolvesse leucemia, dada a sua exposição constante à radioatividade.
Na época, ninguém previa exatamente os riscos desse tipo de exposição. A doença fez com que Marie Curie morresse em 1934, aos 66 anos de idade.
Filha de Marie Curie teve fim trágico
O filme Radioactive estreou no Brasil recentemente e já vem conquistando os fãs da Netflix! O longa protagonizado por Rosamund Pike foi lançado originalmente em setembro de 2019, e agora emociona o público brasileiro no catálogo da plataforma.
Radioactive acompanha a história real da cientista Marie Curie e sua pesquisa – ganhadora do Prêmio Nobel – que mudou para sempre o mundo e foi responsável por sua própria morte.
“Após a morte de seu amado marido, o comprometimento de Marie Curie com a ciência continua forte, e a cientista começa a trabalhar com elementos radioativos desconhecidos. Fica evidente que seu trabalho tem o potencial de modificar para sempre a medicina e salvar milhões de vidas – e que suas implicações na indústria militar podem causar destruição desenfreada”, afirma a sinopse do longa.
Embora Radioactive faça um ótimo trabalho ao revelar detalhes sobre a vida e carreira de Marie Curie, o filme não fala muito sobre a filha da cientista – uma figura admirável por mérito próprio.
Veja abaixo o que aconteceu com Irene Curie na vida real!
Irène Joliot-Curie (1897-1956) foi a filha mais velha de Marie e Pierre Curie. Assim como os pais, Irène escolheu uma carreira no campo da ciência, chegando a seguir os passos da mãe e ganhar um Prêmio Nobel de Química junto do marido Fréderic Joliot-Curie.
Crescendo e chegando à vida adulta em meio à Primeira Guerra Mundial, Irène começou a trabalhar como assistente da mãe no Radium Institute, ministrando aulas de radiologia e trabalhando em sua tese de doutorado – sobre a meia-vida do elemento polônio, descoberto por Marie e Pierre Curie.
Irène se tornou Doutora em Ciência em 1925, na mesma época em que conheceu o jovem engenheiro químico Fréderic Joliot. Após uma parceria bem sucedida com Fréderic nos laboratórios, Irène se casou com o companheiro.
O relacionamento de Irène e Fréderic era marcado pelo respeito e admiração mútua. Na época do casamento, o marido optou por também assumir o sobrenome da esposa, criando o hifenado “Joliot-Curie”, em uma atitude bastante rara na época.
Em 1934, o casal Joliot-Curie fez a descoberta que selaria para sempre seu legado na história da ciência.
A partir do trabalho de Marie e Pierre Curie, que haviam conseguido isolar materiais radioativos presentes na natureza, Irène e Fréderic puderam concretizar o grande sonho dos alquimistas – transformar um elemento químico em outro.
O casal criou nitrogênio radioativo por meio do boro, isótopos radioativos de fósforo através do alumínio e silicone com a utilização do magnésio. O processo foi chamado de radioatividade artificial.
Em outro experimento, a irradiação de um isótopo natural do alumínio com partículas Alfa resultou em um isótopo instável de fósforo. A descoberta ficou conhecida formalmente como Emissão Pósitron ou Decaimento Beta.
Em 1935, Irène – junto com o marido – ganhou o Prêmio Nobel de Química, pela descoberta da radioatividade artificial.
Além de se destacar no campo da ciência, o casal também se envolveu em movimentos políticos. Percebendo a crescente obtenção de poder do movimento fascista, Irène e Fréderic se juntaram ao Partido Socialista e auxiliaram o movimento de guerrilha durante a Guerra Civil Espanhola.
Irène era também uma integrante fervorosa do movimento feminista, especialmente no tocante à presença das mulheres na ciência.
Em 1945, após o fim da Segunda Guerra Mundial, Irène Curie se tornou a única mulher entre os 6 comissários da nova Comissão Francesa de Energia Alternativa e Energia Atômica, criada por Charles de Gaulle e o Governo Provisório da República Francesa.
Uma década depois, após um período final de convalescência nos Alpes Franceses, Joliot-Curie foi internada no hospital fundado por Marie Curie em Paris.
Irène Joliot-Curie faleceu em 17 de Março de 1956, aos 58 anos, de leucemia. Assim como a mãe, a cientista ficou doente devido à exposição direta à radiação do polônio.
A saúde de Fréderic também foi afetada pelos estudos, e o marido de Irène morreu dois anos depois, após uma longa batalha contra um câncer de fígado.
Marie e Pierre Curie também tiveram outra filha: Ève. Embora não tenha se dedicado à ciência como o resto da família, a irmã de Irène também ganhou um Prêmio Nobel por seus esforços de Paz na Unicef.
Radioactive está agora disponível na Netflix.