Contém spoilers

Espíritos Obscuros: Explicamos o final do filme de terror

Segundo diretor, o desfecho brutal do longa traz reflexão sobre o vício em drogas

Em cartaz atualmente nos cinemas brasileiros, o filme Espíritos Obscuros deixou muitos espectadores confusos com seu final surpreendente. O longa é uma produção de Scott Cooper e Guillermo del Toro, e traz como principal ameaça uma famosa criatura do folclore americano. O site Inverse explicou tudo sobre o desfecho do filme; veja abaixo e tire suas próprias conclusões.

Espíritos Obscuros – lançado com o título original de Antlers (Chifres) – é uma obra do cineasta Scott Cooper, com base em um roteiro de C. Henry Chaisson, Nick Antosca e do próprio Cooper, que por sua vez é baseado no conto “O Garoto Quieto”, lançado na revista Guernica em janeiro de 2019.

O filme acompanha a história de Julia Meadows, uma jovem professora que retorna à sua pequena e isolada cidade natal, no estado americano de Oregon, e se muda temporariamente para a casa do irmão Paul, o xerife da comunidade.

Em seu trabalho na única escola da pequena cidade, Julia percebe que Lucas Weaver, um de seus alunos, exibe marcas de violência doméstica e abuso. Ao descobrir que o pai do garoto tem uma extensa ficha criminal, e depois de encontrar desenhos perturbadores na carteira de Lucas, Julia decide finalmente intervir.

O desfecho de Espíritos Obscuros nos cinemas

Julia percebe rapidamente que o caso de Lucas é bem mais bizarro do que ela imaginava – e que o garoto esconde um segredo obscuro e perigoso em sua casa.

O terceiro ato de Espíritos Obscuros se divide entre a trama desesperadora do diretor Scott Cooper e o estilo macabro e lúdico de Del Toro.

Após trazer o jovem Lucas para a casa, Julia descobre que o Wendigo é mais do que capaz de rastrear sua vítima. Após uma ataque no casebre, Paul é ferido seriamente e seu colega Dan Lecroy é fatalmente destroçado pela criatura.

Depois de uma luta intensa que quase acaba com Julia, Lucas e o Wendigo fogem para a mesma mina abandonada onde Frank originalmente encontrou o monstro.

Julia quase não sobrevive ao confronto, mas para resgatar Lucas, acaba matando o Wendigo adulto que emerge em Frank. A protagonista também vê o jovem Aiden no meio de sua terrível transformação, e acaba com o sofrimento do jovem – garantindo que Lucas nunca teria que testemunhar a morte do irmão.

Nessa nota trágica, a violência do filme chega ao fim, até a exibição de um epílogo, ambientado algum tempo depois da história original.

Julia continua a proteger Lucas. Ela caminha com Paul, que ainda tenta se recuperar das feridas causadas pelo Wendigo. A protagonista não percebe que os olhos de Paul estão vazando um líquido preto, assim como acontecia com Frank. Ou seja, tudo indica que a criatura sobreviveu ao confronto com Julia ao assumir um novo hospedeiro.

O diretor Scott Cooper criou essa cena exatamente para deixar os espectadores chocados, mas também para provocar uma importante discussão.

“No início do filme, nós vemos o personagem de Jesse Plemons lidando com um vício em opióides ou outros tipos de drogas. Nos Estados Unidos, atualmente, vivemos uma crise de vícios, seja de opióides, metanfetaminas ou alcoolismo. No filme, Paul usa essas medicações como um elixir para ajudá-lo nos momentos mais difíceis”, comentou o cineasta.

O desfecho também representa más notícias para Julia, que pensa finalmente estar livre do Wendigo.

“No último minuto, ela percebe que terá que matar alguém que ama. Que terá que fazer alguma coisa contra o próprio irmão”, explica o diretor.

É um final realmente brutal, mas que aborda a profundidade temática que Cooper queria trazer para a lenda do Wendigo – que representa aspectos bem mais atuais que sua versão original.

“A lenda traz inúmeros conceitos importantes, como trauma geracional, abusos familiares, vício, destruição da terra e muito mais”, comenta Cooper.

Espíritos Obscuros continua em cartaz nos cinemas brasileiros.

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