O Dia dos Namorados é uma época ótima para se assistir um filme romântico, principalmente se for a dois… Aqui temos uma seleção de cinco filmes clássicos para se assistir abraçadinho(a) com seu amor.
Então, ponha as flores no jarro, traga as pipocas e os bombons e tenha uma boa – e romântica – diversão!
Um Homem, Uma Mulher (1966)
Anne Gauthier (interpretada por Anouk Aimée, de Prét-à-Porter) é uma revisora de roteiros de cinema e Jean-Louis Duroc (Jean-Luis Trintignant, de Z e Amor) é um piloto de carros de corridas. Ambos são viúvos e encontram-se por acaso quando vão buscar seus respectivos filhos que estudam em um colégio interno. Um dia, Anne perde o trem e Jean-Louis oferece-lhe uma carona. A partir daí começa uma amizade que vai se transformar em amor.
O diretor Claude Lelouch, um dos nomes surgidos durante o movimento Nouvelle Vague do cinema francês das décadas de 1950-1960, dirigiu este romance entre esse casal maduro que marcou época no cinema e fez bater vários corações apaixonados com sua história bem elaborada, que fez com que muitos pessoas se identificassem com esse mesmo romance mostrado na tela. A influência da Nouvelle Vague faz-se notar na alternância de cenas coloridas com cenas em preto e branco simbolizando, respectivamente, o passado e o presente. A música-tema composta por Francis Lai tornou-se um hino romântico e há até uma menção honrosa ao Brasil com a execução da versão francesa da canção Saravá, de Baden Powell e Vinícius de Moraes.
O filme ganhou a Palma de Ouro no Festival de Cannes, o Oscar de Melhor Filme Estrangeiro e Melhor Roteiro Original e o Globo de Ouro de Melhor Filme Estrangeiro e de Melhor Atriz para Anouk Aimée. Em 1986, foi feita uma continuação com o mesmo diretor e mesmo casal central chamada Um Homem, Uma Mulher Vinte Anos Depois (Un Homme et Une Femme 20 Ans Déjà) . Mas, o original continua insuperável!
Melody: Quando Brota o Amor (1971)
Este filme anda meio esquecido do grande público, mas foi um campeão de bilheteria nos cinemas do Brasil e de reprises na TV brasileira na década de 1970. Aqui vemos a história de amor do menino rico Daniel Lattimer (Mark Lester, de Oliver!) com a menina pobre Melody Perkins (Tracy Hyde, na época, modelo infantil). Ambos estudam no mesmo colégio, apaixonam-se e decidem se casar. O problema é que ambos têm 10 anos de idade e não querem esperar até tornarem-se adultos, querem se casar o quanto antes. Os pais e professores, claro, não aprovam essa ideia e tentam convencê-los a desistir disso, mas eles estão dispostos a unirem-se em matrimônio e contam com a ajuda do melhor amigo de Daniel, Ornshaw (Jack Wilde, que trabalhou junto com Lester em Oliver!).
Contado como uma fábula, falando do amor infantil, considerado o mais puro que existe, o filme tem roteiro do futuro diretor Alan Parker (de Evita), em seu primeiro trabalho para o cinema. A cena da sala de música, na qual Melody e David fazem uma improvisação musical tocando a tradicional canção francesa Frère Jacques (no Brasil, há uma versão dessa canção conhecida como Os Dedinhos), é inesquecível. A química entre Mark Lester e Tracy Hyde funciona com perfeição e o filme mostra que amar e ser criança são coisas totalmente compatíveis uma com a outra. A trilha sonora é do grupo Pop australiano Bee Gees e também tem a canção Teach Your Children, do grupo de Country-Rock estadunidense Crosby, Stills, Nash & Young. Com todos esses ingredientes e protagonizado por um casal tão fofo, é simplesmente impossível resistir…
Noivo Neurótico, Noiva Nervosa (1977)
Quem disse que amor não combina com humor? O diretor, ator, músico e comediante Woody Allen (de A Rosa Púrpura do Cairo) prova neste filme que eles combinam sim. Alvy Singer (Allen) é um humorista judeu permanentemente de pé atrás com o mundo que conta sua história de amor com Annie Hall (Diane Keaton, de O Poderoso Chefão e companheira de Allen naquela época), uma bonita cantora em início de carreira e com uma cabeça bem complicada. Eles se conhecem em um jogo de tênis, se apaixonam e decidem morar juntos. Mas será que o seu amor irá resistir às suas personalidades tão complexas?
Esse é o filme que consagrou tanto Allen quanto Keaton. Conquistou quatro Oscars: Filme, diretor, atriz e roteiro original (que Allen dividiu com Marshall Brickham), além de vários prêmios internacionais. Apesar do título brasileiro horroroso (eles não ficam noivos e, no filme, ele é que é nervoso e ela é que é neurótica), o filme tem um senso de humor refinado, mas que não o afasta do grande público e rende boas gargalhadas. Como em vários outros filmes de Allen, aqui, há muito de autobiográfico como por exemplo, sua origem judaica e novaiorquina e também ironiza o jeito de ser dos habitantes da “Big Apple” (“A Grande Maça”, como a cidade de Nova York é conhecida) com suas intelectualidades e pseudo-intelectualidades, neuroses e manias.
O figurino que Diane Keaton usou no filme (eram suas próprias roupas) tornou-se moda no mundo inteiro. Foi igualmente a partir deste filme que Allen mostra o seu lado romântico, tanto com a pessoa amada quanto com a cidade amada. A trilha sonora tem canções interpretadas pela própria Keaton, que, diga-se de passagem, não faz feio. Resumindo, este é um filme no qual pode-se amar e rir simultaneamente.
Em Algum Lugar do Passado (1980)
Este filme também foi um campeão de bilheteria nos cinemas e de reprise nas TVs do Brasil. Em 1972, o jovem e iniciante autor teatral Richard Collier (Christopher Reeve, de Superman, o Filme), durante a sua formatura na universidade, recebe de presente um relógio de bolso de uma velha senhora, que diz a ele: “Volte para mim”. Oito anos depois, já consagrado, Richard passa por uma crise pessoal e profissional e decide viajar para espairecer. Hospeda-se em um belo hotel no interior e lá vê um retrato de uma linda atriz da década de 1910 (Jane Seymour, da série de TV Dra. Quinn), apaixona-se pela deslumbrante imagem e descobre que é a mesma senhora que lhe presenteou o relógio. Obcecado com todos esses acontecimentos, Richard descobre em como fazer uma viagem no tempo para encontrar-se com sua amada.
O irregular diretor francês Jeannot Szwarc (de Tubarão 2) desta vez acertou a mão: desde o bonito casal central até o roteiro do escritor Richard Matheson (baseado em seu romance, Bid Time Return – Matheson também é o autor de I Am Legend, adaptado duas vezes para o cinema), passando pelo figurino (indicado para o Oscar), a bela fotografia e a trilha sonora de John Barry (autor da trilha sonora de vários filmes de James Bond e que foi indicado para o Globo de Ouro), tudo funciona.
Os temas de ficção-científica e fantasia da história original fundiram-se naturalmente com a história de amor e fez com que o filme recebesse o prêmio da crítica no Festival de Cinema Fantástico de Avoriaz (França). O filme é tão bonito e tão romântico que não dá para não se comover nem segurar as lágrimas…
Nunca Te Vi, Sempre Te Amei (1987)
Este é outro filme que anda meio sumido tanto da tela grande quanto da pequena. A escritora estadunidense Helene Hanff (Anne Bancroft, de A Primeira Noite de Um Homem) é uma ávida colecionadora de edições raras de literatura britânica, que são muito difíceis de serem encontradas em Nova York. Então, envia uma carta para livraria Marks & Co., especializada em edições antigas e raras, em Londres, Inglaterra, cujo endereço é em 84 Charing Cross Road. O gerente da livraria, Frank Doel (Anthony Hopkins, de O Silêncio dos Inocentes), atende seus pedidos e responde suas cartas. O relacionamento escrito, no príncipio, é tenso. Porém, ao longo de 20 anos de correspondências, vai nascendo uma terna amizade que acaba se transformando em terno amor. Helene, por várias vezes, adia a sua viagem à Inglaterra para encontrar-se com Frank. Quando finalmente vai, chegará a tempo?
Este é um curioso caso no qual o título do filme no Brasil não tem e, ao mesmo tempo, tem tudo a ver com o filme. O título original, em inglês, é o endereço da livraria, entretanto, o título brasileiro resume a história. O filme é uma adaptação da peça teatral de mesmo nome escrita por James Roose-Evans que, por sua vez, baseia-se nas memórias de Helene Hanff. O diretor David Hughes Jones (de A Confissão) faz um trabalho de direção preciso e trata com sensibilidade o tema da solidão, tanto individual quanto coletiva. O público acompanha com grande interesse o relacionamento de Helene e Frank por cartas e, apesar de saber como tudo vai terminar, ainda torce para que os dois fiquem juntos.
Anne Bancroft e Anthony Hopkins, o casal central que nunca se encontra, dão um show de interpretação. Bancroft conquistou o Bafta (o Oscar britânico) de melhor atriz, enquanto Hopkins ganhou o prêmio de melhor ator no Festival Internacional de Cinema de Moscou. Este é um filme tanto para amantes de livros como para amantes de verdade, e mostra que o amor verdadeiro não precisa, obrigatoriamente, ser físico.