Godzilla 2: Rei dos Monstros chega aos cinemas como mais um dos filmes do universo compartilhado de monstros da Warner. Se a saga dependesse desse longa, poderia ser imediatamente cancelada. Com pouquíssimos pontos a seu favor, o filme parece ser uma grande desculpa para colocar criaturas em uma briga que nem é tão boa. Um desperdício de diversas coisas. Mas principalmente do seu tempo.
Dos pontos que podem contar a favor do filme, um deles é respeitar o que foi estabelecido em seu primeiro filme de 2014. Ao menos com suas personagens. O que dá uma falsa impressão de um universo coeso. Mas absolutamente nenhum consequência do primeiro filme existe dentro da sociedade. Ou, ao menos, em momento nenhum é explorado. É compreensível usar um número seleto de pessoas, ainda mais dentro das suas acertadas profissões no caso, para conduzir a história. Entretanto, dentro do contexto épico que a película propõe, e com as incursões, injustificadas no roteiro, de suas personagens no meio da batalha, para mostrar um panorama mais próximo da vivência de civis, uma amostra de consequências sociais do longa anterior ficou faltando.
O elenco de Godzilla 2 tem muitos nomes de alta categoria. Sally Hawkins e Ken Watanabe, por exemplo, reprisam seus papéis. Watanabe é um dos destaques do filme na questão de atuação. É um pena que Hawkins tenha pouco tempo de tela. Charles Dance e Vera Farmiga estão bem, mas não se destacam. Ao menos comparando com outras atuações anteriores dos intérpretes. Uma das melhores atuações do filme fica por conta de uma atriz que passa longe de ser veterana. Millie Bobby Brown mostra mais uma boa atuação em sua carreira apesar de sua pouca idade. Se suas performances se manterem nesse nível, não há duvida que ela se tornará uma grande atriz de sua geração. O destaque negativo fica por Kyle Chandler, o que menos conseguiu emocionar dentro de sua personagem rasa. Seria pouco relevante e, provavelmente, culpa do roteiro, se todas as personagens não sofressem do mesmo mal, só que com seus atores conseguindo trazer algum tipo de emoção.
Os efeitos visuais são o ponto alto de Godzilla 2. O design de criaturas é louvável, e todas funcionam muito bem quando são acionadas. Assim, se o espectador estiver disposto a encarar minutos e mais minutos de um vasto nada somente para assistir criaturas impossíveis se enfrentando, esse é o filme certo. As cenas de ação que mostram os monstros em batalha são bem feitas e em sua maior parte o público deve se sentir satisfeito de conseguir não só entender o que está acontecendo, como sentir a destruição onipotente que ocorre ao redor das lutas.
De resto, Godzilla 2 é uma completa confusão. A trama corre sem ser fluída, com diversas guinadas sem justificativas que não o fato de que o que saiu do ponto A precisava chegar no ponto B. O filme está cheio de elementos jogados que não trazem explicações e, quando tentam trazer, o que não fica incompreensível, é no mínimo tortuoso. A pressa de pular de lugar em lugar do mundo acaba atrapalhando o filme, que não consegue justificar a boa escolha de não tratar o combate entre as criaturas como um evento localizado.
No geral, Godzilla 2: Rei dos Monstros passa longe de ser um filme memorável e seu final praticamente inconsequente para o seu próprio universo, faz com ele não consiga ser ao menos um longa episódico. Assim, deve ficar nichado e, mesmo dentro de seu nicho, deve gerar debates sobre a sua qualidade. A impressão é que Michael Dougherty, que não tem grandes sucessos de crítica na carreira, fez um roteiro de qualquer forma, só para que pudesse compensar com a sua direção megalomaníaca.