Muitos devem se surpreender ao constatar que já faz um quarto de século desde o lançamento de Instinto Selvagem. O filme, que marcou uma geração, convive com uma controvérsia que, 25 anos depois, ainda não foi resolvida. O diretor, Paul Verhoeven, tinha o consentimento de Sharon Stone para mostrar o que foi mostrado na famosa cena da cruzada de pernas?
Existem duas versões sobre como foi realizada a cena – que se tornaria um dos planos eróticos mais famosos da história do cinema. Segundo Verhoeven, Stone sabia perfeitamente o que estava acontecendo. Mas a atriz alega que foi levada a crer pelo diretor que a cena não mostraria tudo e seria apenas uma insinuação.
Terminada a gravação, os dois analisaram o plano em questão. “Naquela época, não existia alta definição”, disse a atriz. “Então, quando olhei no monitor, realmente não dava para ver nada”.
Ela diz ter ficado em choque quando viu a cena, posteriormente, numa tela de cinema. E deu uma bofetada no diretor assim que a sessão terminou.
Ainda assim, ela reconhece que a cena é adequada para o filme e para a personagem, e que, se ela tivesse sido a diretora, teria mantido na montagem final. Mas não gostou de não ter sido avisada claramente sobre o que apareceria na tela.
Já Verhoeven alega que a atriz mente. “Qualquer atriz sabe o que será visto se você pedir que tire a roupa interior e apontar a câmera nessa direção. Ela inclusive me deu a calcinha de presente. Quando Sharon viu o resultado da cena no monitor, não teve nenhum problema (…). Mas, quando viu a cena rodeada por outras pessoas (americanas), incluindo seu agente, ficou louca. Todos lhe disseram que a cena acabaria com a sua carreira, então Sharon veio e me pediu que a cortasse. Eu disse que não”, disse Verhoeven em entrevista à Icon.
O roteirista Joe Eszterhas, que inclusive não escreveu a cena do interrogatório (foi ideia do diretor), lamenta que esse tipo de polêmica faça parte da memória do filme. “Quando você tem no currículo um dos planos eróticos mais famosos do mundo do cinema, (a controvérsia) eclipsa o filme, que é um tenso e psicológico filme negro moderno”, declarou.
Recentemente, o clássico O Último Tango em Paris também foi chacoalhado pelo ressurgimento de uma controvérsia semelhante, sobre a atriz Maria Schneider não ter sido avisada pelo diretor Bernardo Bertolucci acerca de uma cena em que ela é violada pelo personagem de Marlon Brando. Com informações do El País.