Filmes

Os remakes que não deram certo

Nesta quinta-feira estreou nacionalmente Poltergeist. Se o remake desta vez apela para efeitos em 3D e qualidades técnicas superiores ao original de 1972, cabe a reflexão da real necessidade de Hollywood constantemente “refazer” filmes clássicos do passado.

Apesar da avaliação baixa do filme no site rottentomatoes (35%), há grandes expectativas para que Poltergeist seja um sucesso de bilheteria. Nos Estados Unidos, compete ao posto de primeiro lugar no Box Office, deste fim de semana, com a produção da Disney Tomorrowland, estrelada por George Clooney.

Remakes naufragarem comercialmente não é novidade, foram vários ao longo dos anos. Dessa forma, o Observatório do Cinema elenca 8 fracassos em matérias de remakes produzidos nas últimas décadas:

Psicose (1998)

Psicose (1998)

É inexplicável a motivação do diretor Gus Van Sant dirigir um remake do clássico de Alfred Hitchcock “Psicose” reproduzindo quadro por quadro do original com atores da nova geração. Além da idéia non sense de levar adiante um projeto deste, escalar Vince Vaughn como Norman Bates (?) e a inexpressiva Anne Heche para o papel de Marion Crane desandou de vez qualquer chance de sucesso do filme. Um fiasco!

171 (2004)

Um sucesso de bilheteria e crítica, o argentino Nove Rainhas (Nueve Reinas) projetou mundialmente a carreira do maior ator argentino da atualidade, Ricardo Darín. O roteiro bem amarrado e cheio de reviravoltas do filme original acaba perdendo fôlego neste pálido remake chamado 171 (Criminal). Mesmo a presença de atores competentes como John C. Reilly, Diego Luna e Maggie Gyllenhaal não foi capaz de salvar este projeto do fundo do poço. A palavra que resume este filme é Desnecessário.

A Casa de Cera (2005)

Nada melhor do que realizar um remake do clássico de terror de Vincent Price de 1953 com a socialite Paris Hilton atrelada ao elenco. Um desastre do começo ao fim, a história acaba apelando para aquela velha fórmula de assassino a solta e jovens estúpidos dando mole em lugares desertos. Se o filme original tinha um certo charme (mesmo sendo macabro) por ser inovador ao trazer a tecnologia 3D aos anos 50, o remake não poupa a inteligência de ninguém!

Vanila Sky (2001)

Apesar deste remake não ser um desastre total, é um filme bastante criticado e que acaba enveredando para um desfecho sem pé nem cabeça e irritante para muitos. O filme foi pano de fundo para o casal à época Tom Cruise e Penélope Cruz lucrarem com a publicidade, ninguém nem imaginava ainda que viria Katie Holmes e os pulos de Tom Cruise no sofá da Oprah. Se o filme original de Alejandro Amenábar Abre los ojos era apenas razoável, este não tinha muita chance de ser bem sucedido. Destaque para um feito raro no histórico dos remakes: Penélope Cruz faz o mesmo papel no filme original e no de 2001 com a diferença da língua falada apenas, espanhol e inglês respectivamente.

Funny Games – Violência Gratuita (2007)

Uma crítica ao interesse da sociedade em assistir e presenciar cenas de violência, Funny Games de 1996 foi inovador e polêmico na medida certa. No entanto, o mesmo diretor do original, Michael Haneke, resolveu transpor o filme austríaco para o contexto norte-americano. Daí entram a língua inglesa e atores talentosos como Naomi Watts e Tim Roth para reproduzirem praticamente quadro por quadro o filme original. Nada deu muito certo na condução do projeto e praticamente ninguém assistiu ao filme bastante perturbador por sinal.

Os Homens que não amavam as mulheres (2011)

Baseado no sucesso literário do autor Stieg Larsson, Os Homens que não amavam as mulheres original foi muito bem sucedido e é um exemplo de uma boa transposição de um livro para a telona. Mesmo sob a batuta do talentoso David Fincher (de Clube da Luta), o filme não foi uma unanimidade de crítica e nem recebeu sinal verde para os posteriores remakes da trilogia (ainda…). Rooney Mara se esforça para chegar à altura da genial Noomi Rapace como Lisbeth Salander, mas acabou passando batido pelos cinemas. Destaque para a trilha sonora frenética de Trent Raznor.

Água Negra (2005)

Foram inúmeros remakes de terror japonês produzidos nas últimas décadas, The grudge, The Ring e este Dark Water são os destaques. Dirigido pelo brasileiro Walter Salles sob encomenda da Touchstone Pictures, o filme carece de qualquer elemento que prenda a atenção por mais do que cinco minutos. Uma trama boba sobre misteriosos vazamentos de água em um prédio de quinta categoria e uma mãe recém desquitada tentando reconstruir sua vida ao lado da filha pequena não sustentam o filme de longos 105 minutos. Daí entram aqueles elementos manjados de criança japonesa abrindo a boca no elevador, vultos no corredor e almas penadas pra completar a festa. Passou no cinema e ninguém assistiu.

Carrie, a Estranha (2013)

Foi inexpressivo este remake estrelado por Chloe Grace Moretz como Carrie no lugar da inesquecível Sissi Spacek. Mesmo com a presença da excelente Julianne Moore, o filme não decola ao transpor o clima sombrio do original para os cenários das high schools modernas com adolescentes irritantes e seus celulares. O Carrie original continua sendo uma das adaptações mais perturbadoras do universo de Stephen King, e assim deve se manter descansando em paz.

Por Marcello Azolino
www.facebook.com/marcello.azolino

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