“Eu sou uma servidora pública, eu estou a serviço do povo brasileiro, eu preciso servir esse povo com o melhor que eu tenho dentro de mim”, esta foi uma das muitas frases da Doutora Nise da Silveira (1905 – 1999) citadas durante coletiva de imprensa do filme Nise: O Coração da Loucura. O filme conta a história desta psiquiatra brasileira que revolucionou o tratamento de pessoas com distúrbios mentais no Brasil.
A coletiva aconteceu em uma sala de cinema de um shopping na Avenida Paulista, em São Paulo. Estavam presentes os atores Glória Pires, Roberta Rodrigues e Fabrício Boliveira e o diretor Roberto Berliner. Eles falaram e foram questionados pelos jornalistas que compareceram à exibição do filme e a coletiva sobre a produção e a preparação para contarem a história do inicio dos trabalhos da Doutora Nise no Centro Psiquiátrico Nacional Pedro II, em Engenho de Dentro, no Rio de Janeiro. Atualmente, o local leva o nome de Instituto Municipal Nise da Silveira.
O diretor Roberto Berliner contou que ele e mais um grupo de amigos que tomavam conta do Circo Voador, em 1986, no Rio de Janeiro, convidaram a Doutora Nise para que ela e as amigas dela tomassem chá no espaço, que na época era localizado na Lapa. “Depois de 20 anos, Bernardo Horta convidou a gente para fazer um filme sobre uma instituição fundada pela Nise que era a Casa das Palmeiras (…) que precisava de doações. (…) Fizemos e ali começou um encantamento que acabou se transformando no filme (…)”, relembrou o diretor.
A atriz Roberta Rodrigues, que interpreta uma enfermeira que trabalhou com Doutora Nise, confessou que não a conhecia. “Mas depois que o Roberto me chamou e eu fui lá conversar com ele, automaticamente você fica louco querendo saber quem é essa mulher”, completou ela.
Glória Pires assumiu também que pouco conhecia sobre a psiquiatra: “eu conhecia a Doutora Nise só de matérias que saíam nos jornais, por ela ser essa pessoa tão importante e o trabalho dela; de vez em quando saía alguma coisa, uma matéria relacionada aos gatos e como sempre fui amantes de gatos, eu me identificava. Eu ficava interessada em entender por que ela gostava tanto de gato”.
Fabricio também não sabia muito sobre a doutora: “eu já tinha lido algo sobre a Nise da Silveira, mas eu não conhecia a fundo, não”.
Alguns deles destacaram aspectos da vida e da carreira da Doutora Nise que chamaram a atenção. Fabrício achou interessante saber que “ela é a primeira aluna de Faculdade de Medicina do Brasil”. Já Glória contou que acabara de ler que “o [Carl Gustav] Jung achava que o trabalho dele seria pouquíssimo aproveitado no Brasil, e acabou que através da Nise, o trabalho dele foi divulgado não só no Brasil, como na América toda”.
Sobre a produção do longa, Berliner contou que comparado a outros projetos dele, este não teve as mesmas dificuldades dos anteriores para captar recursos para a realização. “Esse projeto foi fácil de captar, porque apesar da Nise ser pouco conhecida, ela é muito valorizada por quem conhece. Onde a gente apresentou o nosso projeto, a gente foi muito bem vindo”, explicou ele.
Ainda sobre a produção do longa, Berliner contou que muito do que está na tela ainda existe até hoje: “(…) é importantíssimo que vocês saibam: existe lá no Engenho de Dentro esse hospital (…) e dentro deste hospital, existe o Museu de Imagens do Inconsciente. Esse museu existe e está em funcionamento e o trabalho da Doutora Nise está lá dentro e o pacientes continuam produzindo ainda”, contou o diretor. Ele espera que o filme chame atenção para o lugar, porque “é um lugar fabuloso”.
Nise: O Coração da Loucura foi exibido no Festival do Rio do ano passado. O filme passou no Festival Internacional de Tóquio e acabou ganhando os prêmios de melhor filme e melhor atriz para Glória Pires, também, no ano passado.