Impressionante

Novo Lobisomem faz uma coisa que nenhum filme de lobisomem fez antes

Mesmo com tantos filmes do gênero, novo longa consegue inovar.

Novo Lobisomem faz uma coisa que nenhum filme de lobisomem fez antes

Desde os primeiros relatos sobre lobisomens na cultura popular, o tema da transformação física sempre foi o foco principal. A ideia de um ser humano se tornar uma criatura bestial durante a lua cheia é um elemento quase que batido do gênero. No entanto, Leigh Whannell escolheu um caminho inexplorado, abordando o impacto psicológico e emocional dessa metamorfose de maneira única.

O filme Lobisomem acompanha Blake Lovell (Christopher Abbott) que é infectado por uma misteriosa febre chamada “febre da montanha (ou hills fever, no original), desencadeando sua transformação em lobisomem. Embora o enredo contenha os elementos clássicos de horror corporal, como a degeneração física, o verdadeiro diferencial está na forma como o filme explora o declínio mental e emocional de Blake.

Whannell cria uma narrativa que também reflete o isolamento social e emocional de Blake, que começa a perder sua capacidade de comunicação, incapaz de entender ou ser entendido por sua esposa Charlotte (Julia Garner) e sua filha Ginger (Matilda Firth). Essa abordagem oferece um olhar angustiante e inovador sobre os efeitos da tranformação no dia a dia do personagem.

Tradicionalmente, os filmes de lobisomem exploram a maldição como uma luta entre o humano e o monstro, que frequentemente equilibram o horror com momentos de alívio ou até mesmo euforia na transformação. Em Lobisomem, porém, não há respiro ou redenção. Whannell elimina qualquer traço de alívio ou prazer no processo de mudança, intensificando ainda mais a sensação de desespero.

Uma das cenas mais impactantes ocorre quando Blake, já incapaz de falar, tenta desesperadamente se comunicar escrevendo “morrendo” em um pedaço de papel. Sua esposa, ainda agarrada à negação, insiste que ele está apenas doente.

A reimaginação do body horror

Whannell inspira-se em outros clássicos do body horror, como A Mosca de David Cronenberg, mas leva a ideia de perda de humanidade a um novo patamar. Enquanto muitos filmes retratam o lobisomem como uma criatura dividida entre duas naturezas, Lobisomem apresenta Blake como alguém que perde completamente sua conexão com o mundo humano, tornando-se algo inteiramente novo e inumano. Essa desconexão total transforma o filme em um estudo devastador sobre a fragilidade da identidade humana.

A metáfora para doenças crônicas e o envelhecimento é outro elemento que permeia o filme. Assim como esses processos podem alterar nossa percepção e relação com o mundo, a condição de Blake funciona como um espelho extremo dessa experiência. A deterioração física é visível, mas o impacto psicológico e emocional é o que realmente define o tom do filme.

Com Lobisomem, Leigh Whannell redefine o que um filme do gênero pode ser. Ao priorizar os aspectos psicológicos e emocionais, ele transforma a maldição do lobisomem em algo mais humano e profundo. A dualidade clássica do gênero dá lugar a um terror existencial que reflete os horrores vividos pela transformação.

Este novo olhar sobre o mito não só aumenta o terror, como também nos faz refletir sobre uma perspectiva que ainda não tinhamos experienciado. A combinação de narrativa envolvente, performances intensas e uma direção criativa torna esta obra imperdível.

Escolha o Streaming e tenha acesso aos lançamentos, notícias e a nossas indicações do que assistir em cada um deles.