Sangrento

O filme de terror mais pesado de todos os tempos

Nem todos os filmes conseguem ser tão tensos e, ao mesmo tempo, tão bons quanto este

Mártires
Mártires

O cinema de terror conta com diversos exemplares pesadíssimos. Desde obras sangrentas como Terrifier, até nojentas como Centopeia Humana, há o suficiente para causar repulsa em qualquer um.

Nem todos os longas-metragens que se enquadram como “pesados”, contudo, são da maior qualidade. Dessa forma, ao selecionar o mais pesado de todos, levamos em conta algo que realmente vale ser assistido e não lixos tóxicos como A Serbian Film – Terror sem Limites ou o já citado Centopeia Humana (e continuação), que são, sinceramente, perdas de tempo de mau gosto.

Assim sendo, o que consideramos o filme de terror mais pesado de todos os tempos e que se configura como uma excelente obra, que justifica o uso da violência, é Mártires (2008).

Mártires
Mártires

Conheça Mártires (2008)

Dirigido por Pascal Laugier, é um filme francês que se destaca como um dos exemplares mais extremos e perturbadores do gênero terror. Ele segue a história de Lucie, uma jovem que, quando criança, foi brutalmente sequestrada e torturada, mas conseguiu escapar de seus captores. Após anos em um orfanato, ela desenvolve uma amizade próxima com Anna, outra garota órfã. Juntas, elas embarcam em uma jornada de vingança e descoberta, levando o filme por caminhos inesperados e profundamente desconcertantes.

O filme é frequentemente classificado dentro do subgênero do horror extremo, mas vai além da violência gráfica ao explorar questões filosóficas e existenciais. Lucie, traumatizada pelas torturas que sofreu, acredita que encontrou seus algozes e, sem hesitação, executa uma violenta vingança. Porém, logo fica claro que a realidade é muito mais complexa do que o que ela imagina, e isso dá início a uma série de eventos que transformam a narrativa em algo muito mais profundo do que um simples filme de vingança.

O ponto central de Mártires é sua abordagem sobre o sofrimento e o martírio. A primeira metade do filme apresenta uma história quase clássica de vingança e trauma, enquanto a segunda metade revela uma organização secreta dedicada a entender o limite entre a dor física e a transcendência espiritual. Essa organização acredita que, através do sofrimento extremo, é possível alcançar um estado de iluminação ou visão do que existe após a morte. O conceito é tão perturbador quanto fascinante, e desafia o espectador a refletir sobre a natureza da dor e do sacrifício.

A amizade entre Lucie e Anna é o coração emocional do filme. Anna se torna uma personagem central na segunda metade, quando sua lealdade a Lucie a leva a uma situação onde ela é forçada a suportar o inimaginável. Ao contrário de Lucie, que busca vingança, Anna é uma figura de compaixão, alguém que tenta ajudar a amiga mesmo quando a realidade se desintegra ao seu redor. Essa dicotomia entre as duas protagonistas oferece um contraste significativo na forma como elas lidam com o trauma e o sofrimento.

A violência em Mártires não é gratuita, mas sim parte integrante de sua mensagem. Embora seja difícil de assistir, cada cena brutal serve a um propósito, desafiando o público a encarar a dor de uma forma visceral. A brutalidade das imagens é uma reflexão das teorias filosóficas sobre o sofrimento, e é através da dor que o filme busca respostas sobre o mistério da vida e da morte. A experiência de assistir a Mártires é intensa, e muitos espectadores sentem-se exaustos emocionalmente após o término do filme.

Mártires também se destaca pela performance impressionante de suas duas protagonistas, Morjana Alaoui (Anna) e Mylène Jampanoï (Lucie). As duas atrizes entregam atuações emocionantes e corajosas, mergulhando de cabeça nas profundezas do sofrimento e da loucura. Elas são a âncora emocional que mantém o filme coeso, mesmo quando a narrativa se torna cada vez mais insuportável.

Martyrs, dessa forma, se configura como uma obra de terror, que merece ser assistida por qualquer fã do gênero.

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