A morte não é exatamente definitiva para muitos personagens de O Senhor dos Anéis. Os Elfos partem para as Terras Imortais no Oeste no fim da História. Gandalf cai para sua morte e depois retorna mais forte do que nunca. Boromir realmente perece, abatido por flechas de Orcs. Gollum também morre, caindo para sua morte na Montanha da Perdição. Sauron e Saruman, contudo, têm um destino pior que a morte.
Assim como o Senhor do Escuro Sauron, Saruman é um Maiar — a versão de J.R.R. Tolkien de um espírito angelical. Ele é encarregado da missão de resistir a Sauron na Terra-média. No entanto, tanto antes quanto depois de sua missão, os Magos podem viver sem a necessidade de formas físicas.
Então, o que acontece com um Maiar depois que sua forma física perece?
Temos um vislumbre disso quando Sauron é derrotado, mas não morre no final de O Retorno do Rei. Logo após o Um Anel ser destruído, Tolkien escreveu:
“Levantou-se uma grande sombra, impenetrável, coroada de luz, enchendo todo o céu. Enorme, ergueu-se acima do mundo, e estendeu uma vasta mão ameaçadora em sua direção, terrível mas impotente: pois, enquanto se inclinava sobre eles, um grande vento soprou e ela se dissipou; e então caiu o silêncio.”
Mais cedo no livro, Gandalf acrescenta que quando o Um Anel for destruído, “[Sauron] ficará ferido para sempre, tornando-se um mero espírito de maldade que se consome nas sombras, mas que não poderá mais crescer ou tomar forma.”
Então, Sauron não morre. Ele apenas se torna um espírito marginalizado e insignificante, preso fora do tempo e espaço.
E Saruman?
Não sabemos se Saruman também acaba nessa espécie de limbo, mas recebemos uma descrição de seus momentos finais no final do livro O Retorno do Rei.
Para contextualizar, nos livros, Frodo, Sam, Merry e Pippin retornam ao Condado e o encontram dominado pelos lacaios de Saruman. Os Hobbits reúnem um exército e derrotam os bandidos e retomam sua terra natal. Por fim, eles confrontam Saruman na porta de Bolsão.
Enquanto Frodo deseja mostrar misericórdia a Saruman, Gríma Língua de Cobra, amargurado, esfaqueia seu mestre pelas costas antes de ser atingido pelas flechas dos arqueiros hobbits. Então, temos esta frase: “Para o espanto daqueles que estavam por perto, uma névoa cinzenta se formou sobre o corpo de Saruman e, subindo lentamente a uma grande altura como fumaça de um fogo, surgiu uma figura pálida e envolta, pairando sobre a Colina. Por um momento vacilou, olhando para o Oeste; mas do Oeste veio um vento frio, e ela se inclinou, dissolvendo-se com um suspiro no nada.”
Não recebemos mais detalhes, mas o paralelo com Sauron, um espírito no céu sendo levado pelo vento, é significativo. Provavelmente, o espírito Maiar de Saruman continua a existir, mas em um estado de irrelevância. Assim como a névoa que se dissipa no vento, ele se torna uma presença duradoura, porém inconsequente na Terra-média — uma realidade devastadora para um senhor da guerra sedento por poder.