Elfos e anões sempre foram retratados como opostos na fantasia: enquanto os elfos possuem graciosidade e mágica, os anões são robustos e mestres da forja. Essa rivalidade ganhou destaque em O Senhor dos Anéis e segue como uma das bases das obras de fantasia.
Mas poucos sabem que, na mitologia que inspirou Tolkien, esses dois povos mágicos, na verdade, se parecem mais do que imaginamos. Confira um dos segredos mais intrigantes do universo da fantasia.
A origem da rivalidade entre elfos e anões
A rivalidade entre elfos e anões não surgiu do nada. Tolkien, um profundo conhecedor da mitologia nórdica, foi responsável por consolidar essas diferenças em suas obras. Elfos altos, leves e graciosos, vivendo em florestas mágicas, contrastam fortemente com os anões, robustos, barbudos e dedicados às profundezas das montanhas.
Em O Senhor dos Anéis até mesmo suas armas refletem essa oposição: enquanto os elfos empunham arcos elegantes, os anões preferem machados e martelos pesados. Essa rivalidade, no entanto, é uma invenção moderna, porque nas lendas nórdicas, elfos e anões eram, surpreendentemente, muito mais conectados.
Elfos e anões na mitologia nórdica: uma única origem?
Na mitologia nórdica, os elfos eram divididos entre Ljósálfar (elfos claros) e Svartálfar (elfos negros), sendo estes últimos muito parecidos com os anões. Segundo os textos da Prose Edda, elfos negros viviam em cavernas e eram associados as habilidades de artesanato, forja e magia, tal como os anões da Terra-média.
Loki, por exemplo, em um dos contos nódicos, recorreu a um grupo de anões, também chamados de elfos negros, para criar madeixas douradas para Sif, esposa de Thor. Isso reforça a ideia de que anões poderiam ser um subgrupo dos elfos, uma visão muito diferente da separação clara que Tolkien estabeleceu em suas obras.
O caso curioso de Gandalf em O Senhor dos Anéis: um elfo ou um anão?
A confusão entre elfos e anões deixou sua marca até nos nomes que Tolkien escolheu para seus personagens em O Senhor dos Anéis. O poema nórdico Völuspá apresenta uma lista de nomes de anões, utilizados em O Hobbit e O Senhor dos Anéis.
Entre os nomes estavam Durin, Thorin, Dwalin e… Gandalf. Sim, o nome do icônico mago significa “elfo da vara”. Inicialmente, Tolkien planejou chamar o líder dos anões de Gandalf, mas logo percebeu que um anão com um nome ligado a elfos soaria incoerente.
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O personagem ganhou o nome de Thorin, e Gandalf se tornou o mago que conhecemos, deixando evidente a influência da mitologia nórdica na obra de Tolkien.
Os elfos e anões em O Senhor dos Anéis: criação divina e rivalidades terrenas
Para diferenciar elfos e anões em O Senhor dos Anéis, Tolkien reescreveu suas origens mitológicas. Enquanto os elfos foram criados por Eru Ilúvatar, o deus supremo da Terra-média, os anões foram moldados por Aulë, um dos Valar, espíritos divinos subordinados a Ilúvatar.
Aulë, impaciente para transmitir seu conhecimento de forja e artesanato, criou os anões antes mesmo do despertar dos elfos e humanos. Por isso, os anões foram colocados em um sono profundo, aguardando a chegada das primeiras raças de Ilúvatar. Essa diferença cosmológica entre elfos e anões reforçou a distinção entre os dois povos, algo inexistente na mitologia nórdica.
O impacto de Tolkien nas obras de fantasia moderna
O trabalho de Tolkien em O Senhor dos Anéis foi revolucionário. Antes dele, a visão de elfos e anões era nebulosa e repleta de ambiguidades. Ele separou esses dois povos em culturas distintas, com histórias, características e até mesmo rivalidades próprias. Sua abordagem inspirou praticamente toda a fantasia moderna.
Jogos como Dungeons & Dragons e franquias como World of Warcraft seguiram seu modelo, estabelecendo elfos como graciosos e anões como robustos. Ainda assim, elementos da mitologia nórdica continuam sendo reinterpretados. Em Dungeons & Dragons, por exemplo, encontramos os Drow, uma raça de elfos negros, e os Duergar, anões das profundezas, ambos representando suas origens míticas.
Com isso, Tolkien não apenas popularizou a ideia de que elfos e anões são opostos, ele deu a esses povos profundidade e histórias. Porém, sua decisão de criar essa separação apagou uma parte da complexa mitologia nórdica.
O Senhor dos Anéis e O Hobbit encontra-se disponível no Prime Video.
