Pouco mais de cinco anos do grande sucesso de Tô Ryca (2016) – estrelado pela divertida Samantha Schmütz – produção nacional que alcançou uma receita de 17 milhões de reais, recebemos à sequência Tô Ryca 2, também dirigido por Pedro Antônio.
Sabem aquele velho ditado que diz – “em time que está ganhando, não se mexe!”. Então, podemos dizer que não tiraram a artilheira do time do campo, mas mudaram algumas peças no miolo central da história.
Saíram das quatro linhas: Marcus Majella, Fabiana Karla e Marcelo Adnet. Entraram: Evelyn Castro e Rafael Portugal, visto como uma das novas sensações da comédia brasileira.
E devemos dizer que os breves momentos dos dois novos cérebros da equipe em campo, representaram os momentos de maior graça da nova comédia nacional, que chega às salas de cinema de todo o país.
Enquanto a protagonista interpretada por Schmütz não consegue mandar todas as bolas para o fundo da rede, principalmente na primeira parte da narrativa, onde temos mais uma tentativa de apresentação do tipo stand-up do que propriamente alguma história sendo contada.
Selminha (Samantha Schmütz) está de volta em Tô Ryca 2, sempre pagando caro por tudo o que ela precisa e quer. O problema é que a felicidade do pobre dura pouco. Uma herdeira homônima (Evelyn Castro) aparece alegando que ela é a herdeira legítima da fortuna. Os bens de Selminha estão bloqueados e sua única fonte de renda é o que a Justiça estipulou até a resolução do caso: um salário mínimo de R$ 30 por dia! No entanto, Selminha já se esqueceu de como viver a miséria, falência e a desgraça da pobreza. E o pior, ela é a padroeira da comunidade de Quintino, e com suas dificuldades financeiras verá sua comunidade também sentir o aperto financeiro. Porém, Selminha é uma guerreira, lutadora e uma brasileira que nunca desiste, que vai se levantar não só para consertar sua vida, mas a de todos na comunidade.
Mais história e menos stand-up, por favor
Podemos dividir Tô Ryca 2 de Pedro Antônio em duas partes. Na primeira (de duração de mais ou menos uma hora), ficaremos diante de uma apresentação (praticamente) solo da estrela do show. Sempre lembrando que ninguém aqui nega que a engraçada Samantha Schmütz é talentosa, entretanto ainda percebemos que deixá-la como a força principal da trama ainda é algo um tanto problemático.
Já viram aquelas comédias, sejam nacionais ou internacionais, onde deixam o ator ou atriz protagonista completamente soltos e libertos pela narrativa, insistindo em transformar cada um dos momentos em algo cômico para o público, acreditando na máxima que diz que quanto mais, melhor?!
Então, está aqui o maior problema da sequência do enorme sucesso de 2016: fazer graça quando nem sempre é necessário!
Talvez a melhor receita a seguir, seja aquela que comenta os perigos do drama que tenta transformar cada cena em algo comovente para o espectador, dissolvendo toda a carga dramática da narrativa em manipulações emocionais baratas. Óbvio que isso também vale para o humor, ou seja, se tudo é engraçado, na realidade nada é, por consequência.
Infelizmente nesse processo de tirar riso de tudo, fica prejudicada à imagem da protagonista da comédia Tô Ryca 2, que só encontra um eixo funcional na meia hora final, quando temos uma narrativa mais equilibrada entre o humor e a mensagem, que faz uma crítica pontual àqueles que fazem parte da classe mais rica da sociedade, geralmente um tanto insensíveis com as pessoas mais pobres do nosso país.
Se Samantha Schmütz não conseguiu o destaque que merecia, sorte nossa que tivemos alguns poucos momentos divertidos com Evelyn Castro e Rafael Portugal na tela, repetindo uma parceria que também foi vista em outra comédia nacional, Juntos e Enrolados, ainda em exibição nas salas de cinema brasileiras.
Caso tivermos uma terceira sequência daqui alguns anos, fica a torcida para que a dupla de atores e comediantes que fez parte do renomado grupo humorístico Porta dos Fundos ganhe um pouquinho mais de espaço. Dá para rir só de olhar para a cara deles dois!