Recentemente tivemos a estreia de Hotel Transilvânia: Transformonstrão na plataforma de streaming Amazon Prime Video. O quarto longa-metragem da série de filmes sobre monstrinhos animados revelou-se uma produção cansada e sem criatividade, que continua desenvolvendo novas aventuras que parecem cada vez mais dispensáveis, tanto pela ação envolvida nelas quanto pela fragilidade emocional que já não cola mais através daquelas personagens.
Mas convenhamos que a franquia citada logo acima, nunca teve lá grande prestígio para chegar em um quarto capítulo. Diferentemente da série de filmes A Era do Gelo que foi parte de uma revolução no início do século, apresentando o trabalho da companhia Blue Sky Studios (1987 – 2021), que estreou com o primeiro filme de 2002, dirigido por Chris Wedge, principal fundador da empresa de animação que fechou às portas ano passado, logo após sua aquisição pela Disney, como parte da compra dos ativos da 21st Century Fox em 2019.
Nesse tempo, tivemos treze produções desenvolvidas pela Blue Sky Studios, sendo que sete dessas tiveram a assinatura do brasileiro Carlos Saldanha – animador, diretor, produtor e dublador – que comandou dois dos seis filmes produzidos para a marca A Era do Gelo.
Após o fechamento da empresa, a animação do filme foi terceirizada para a Bardel Entertainment, que finalizou A Era do Gelo: As Aventuras de Buck, agora disponível na plataforma da Disney+, que continua acompanhando as aventuras dos heróis abaixo de zero enquanto eles criam mais pandemônios pré-históricos. Ansiosos por um pouco de independência, os irmãos gambás Crash e Eddie partem em busca de diversão, mas logo se encontram presos sob o gelo em uma enorme caverna habitada por dinossauros perigosos. Eles são resgatados pela doninha caolha e amante de aventuras Buck Wild. Juntos, com a ajuda de alguns novos amigos, embarcam em uma missão para salvar o Mundo Perdido da dominação dos dinossauros.
Foi-se o tempo…
Desde A Era do Gelo 3 (2009) que não temos uma entrada que realmente representou algo memorável para o público geral, que aderiu outras frentes da animação como sua maior referência, mais possivelmente alguma produção desenvolvida pela Pixar ou Illumination, por exemplo.
E continuará sendo assim com A Era do Gelo: As Aventuras de Buck, que mais parece um episódio mais longo de um desenho animado para a televisão do que um longa-metragem.
Manny, Ellie, Sid e Diego aparecerão no filme, mas como personagens coadjuvantes dessa vez, agora, quem lidera a história são os irmãos gambás que adoram arranjar confusão, seja onde forem. Também testemunharemos o retorno de Buck Wild, uma doninha que adora se imaginar como um tipo de Indiana Jones do período cretáceo na era dos dinossauros.
A animação da Disney+ sofre para entregar uma história que realmente convença o assinante de que ele está se divertindo com tudo aquilo que está vendo… mais uma vez.
Sim, retornamos ao mesmo cenário do filme lançado em 2009, junto de um sabor de comida requentada. Ficou muito claro a intenção narrativa em contar uma historinha agradável sobre a importância de trabalhar em equipe e assumir nossas responsabilidades por aquilo que fazemos.
Ainda assim, encontramos pouco envolvimento emocional, em vista que existe mínimo humor de qualidade, ou mesmo momentos de emoção forte, como na cena do original quando o trio inesperado composto por um mamute, um tigre-dentes-de-sabre e uma preguiça tagarela, entregam o garotinho que protegeram tão zelosamente para o pai que o procurava.
Mesmo a mensagem digna de que família é muito mais do que sangue já conhecemos desde 2002. Basta olhar os personagens em destaque para compreender isso.
Lamentavelmente, A Era do Gelo: As Aventuras de Buck só conseguirá agradar os mais pequeninos que adoram um pouco de ação com acrobacias e tudo mais. Tirando isso: mais do mesmo que só comprovam, vez após vez, que estamos diante de uma geleira que derreteu já faz algum tempo!