O Brasil é o primeiro país ao qual o diretor e roteirista Quentin Tarantino se dirigiu em sua turnê internacional para divulgar o seu mais recente filme, Os 8 Odiados. Na tarde desta segunda-feira (23), no Grand Hyatt Hotel São Paulo, na zona sul da cidade, Quentin, ao lado do ator britânico Tim Roth, falaram sobre as carreiras de ambos, os seus processos criativos e desavenças na indústria cinematográfica dos Estados Unidos.
“Desde Kill Bill, os meus roteiros têm ficado cada vez mais literários, os meus diálogos um pouco mais teatrais, pouco mais poéticos”, afirmou o diretor norte-americano, quando foi questionado se houve um amadurecimento ao longo de sua carreira.
Sobre este mesmo tema, Tim contou uma diferença que ele percebeu entre o Quentin de agora e o de 20 anos atrás: “O ambiente de trabalho mudou; agora, ele sabe como relaxar todos no set”, disse o cineasta, se referindo a si mesmo em terceiro lugar.
Quentin Tarantino, ganhador de dois Oscars, ambos por roteiro original – o primeiro por Pulp Fiction: Tempo de Violência (1995) e o segundo por Django Livre (2012) – aproveitou para relembrar como era o clima no set quando filmou Cães de Aluguel (1992), o seu primeiro filme:
“Era a minha primeira vez em um set e Tim já tinha atuado em filmes antes, então, ele acabava me dizendo o que fazer e o que não fazer. Uma coisa legal que eu faço é que eu não preciso exatamente saber o que eu tenho que fazer. Em Kill Bill, eu nunca tinha feito uma sequência de luta de artes marciais. Eu adoro, mas não sabia como fazê-la, mas eu fui lá, fiz e aprendi a fazer. Assim também foi em Django Livre”, explicou.
O tema de Django Livre, seu longa anterior, era sobre a escravidão dos negros nos Estados Unidos, baseado nisto, o Observatório do Cinema pergunto para Quentin Tarantino se ele já pensou em trabalha com o diretor Spike Lee, de filmes como Malcolm X (1992) e Oldboy: Dias de Vingança (2013). A resposta foi um retumbante “nunca”. Tarantino e Spike Lee se desentenderam por causa do tema racismo abordado nos filmes do primeiro.
Ele também foi questionado sobre um efeito visual muito utilizado em seus filmes – o sangue.
“Na vida, o sangue não é bonito, é assustador, mas nos filmes, ele não é real, é xarope de framboesa e, inclusive, tem um gosto bom. O sangue é usado para a fantasia e entretenimento. Então, para mim, o sangue é como uma tinta. Portanto, algumas vezes é repugnante, outras vezes é muito bonito, outras é apenas diversão”, explicou Tarantino.
Os 8 Odiados é o oitavo filme escrito e dirigido pelo Quentin Tarantino. Nesta coletiva de imprensa, ele reforçou a ideia de querer se aposentar ao realizar o 10º filme.
“Eu quero parar e deixar um gostinho de quero mais”.