Vai que Cola – O Filme é uma transposição preguiçosa do universo do divertidíssimo seriado do Multishow para a tela grande. Infelizmente, quase nada vale a pena nesta versão.
O enredo aborda a migração dos personagens do seriado do Méier para o Leblon após uma forte tempestade acabar comprometendo a segurança dos moradores da pensão da Dona Jô (Catarina Abdala). Todos seguem para uma cobertura cinematográfica onde habita Valdomiro (Paulo Gustavo). O vendedor de quentinha de Dona Jô revela que é proprietário do imóvel e que é procurado pela Polícia Federal em face de uma falcatrua em que foi envolvido por uma empresa de engenharia que era acionista.
A história se concentra, em grande parte, nos choques que os personagens suburbanos passam a ter ao desfilarem nas calçadas do Leblon. O que era para ser uma curiosa e divertida abordagem das atrapalhadas do grupo da pensão da Dona Jô em um habitat nobre como o do Leblon se torna um pesadelo para qualquer um de bom senso.
Elenco não brilha
Os realizadores de Vai que Cola – O Filme destilam uma série de piadas depreciativas contra negros, porteiros, gays e pessoas obesas. Assistir Cacau Protásio berrando em todas as cenas em que aparece e fazendo graça com sua gordura chega a ser contrangedor. Fiorella Mattheis apenas explora sua beleza e sua personagem “tcheca” é figurante de luxo, mal proferindo um diálogo completo.
Samantha Schmutz tem timing cômico, mas não consegue achar brechas no roteiro para fazer o público rir. Fernando Caruso e Emiliano D’Ávila ainda completam o elenco em atuações pouco inspiradas.
Marcus Majella é um bom comediante, faz bom uso de seus trejeitos, porém não foge muito da persona caricata que criou para o concierge Ferdinando. Ele prossegue tendo uma boa dinâmica com Paulo Gustavo e talvez a melhor cena do filme seja a tentativa do recepcionista parecer “macho” diante de um interesse amoroso.
É inegável o talento de Paulo Gustavo para construir personagens hitéricos femininos como no sucesso Minha Mãe é uma Peça, porém isso não da carta branca para que o comediante produza um filme sem pé nem cabeça como este. Mas, por conta do sucesso de bilheteria do filme, percebe-se que o público está cada vez menos exigente quando vai procurar uma diversão escapista em tempos de crise.
Em 1h45 minutos, Vai que Cola – O Filme é uma sucessão de gags horrorosas, personagens caricatos e um fiapo de roteiro, não chegando aos pés da brilhante série de TV, que sempre é garantia de risos.