Filmes

Os 10 filmes essenciais da carreira de Woody Allen

Em evidência em Cannes, o diretor Woody Allen lançou seu mais novo filme The irrational man no badalado festival. Sem consenso de crítica, a produção parece ao menos ter agradado mais que o filme anterior de Allen: Magia ao Luar.

Estrelado por Joaquim Phoenix e Emma Stone, The Irrational Man trata de temas familiares na filmografia do diretor nova-iorquino como assassinatos e dilemas éticos. Dessa vez, Joaquim Phoenix (de Gladiador) interpreta Abe Lucas, um professor universitário de filosofia em crise existencial, que passa a manter relações amorosas simultâneas com uma aluna (Emma Stone) e uma professora casada interpretada pela musa indie Parker Posey.

Dando uma folga nas locações européias, o diretor dirigiu The irrational man em Rhode Island nos Estados Unidos e já se prepara para filmar seu mais novo projeto na sua cidade do coração: New York.

O próximo projeto de Allen contará com Kristen Stewart, Bruce Willis e Jesse Eisenberg, que já havia trabalhado com o diretor em Para Roma com Amor. Na coletiva de imprensa de divulgação do filme, em Cannes, Allen também reconheceu que ter fechado um contrato com o site de streaming da Amazon para desenvolver um seriado “foi um erro catastrófico”. Segundo ele, criar do zero um projeto de 6 episódios de 30 minutos é um desafio mais difícil do que ele imaginava. Ele tem até 2016 para entregar o seriado finalizado.

Para celebrar o trabalho do diretor, o Observatório do Cinema relembra 10 filmes que são essenciais para entender a carreira de Woody Allen:

Noivo Neurótico, Noiva nervosa (Annie Hall, 1977)

Noivo Neurótico, Noiva nervosa (Annie Hall, 1977)

O único filme de Woody Allen a ganhar o Oscar de Melhor Filme de 1978 é um show de tiradas inteligentes e possui uma atuação deliciosa de Diane Keaton. A atriz interpreta a cantora iniciante Annie Hall e Allen cria seu Alvy Singer, um judeu humorista neurótico, que representa a icônica persona Woody Alleana muito presente no resto de sua filmografia. Keaton esbanja charme e talvez seja uma das “mocinhas” do cinema mais complexas que Hollywood já produziu.

Manhattan (1979)

Uma ode à cidade de Nova Iorque, Manhattan é uma aula de cinema, seja através de sua fotografia preto e branco de Gordon Willis ou pela introdução arrepiante ao som de Rhapsody in Blue de Gershwin. Nesta obra, Woody Allen interpreta Isaac Davis um escritor em crise profissional que tem que administrar sua ex-esposa que assumiu ser lésbica (Meryl Streep) e sua nova namorada interpretada por uma jovem Mariel Hemingway. Eis que a interessante jornalista Mary Wilkie (Diane Keaton) cruza seu caminho e bagunça seu relacionamento. Tudo ao som de jazz de primeira e em cenários antológicos nova iorquinos.

Zelig (1983)

Zelig é um estudo sobre as adaptações que um ser humano tem que passar ao longo da vida. Usando a metáfora fantástica do “camaleão”, o filme é um documentário ficcional sobre Leonard Zelig, um homem que adquire a forma, os trejeitos e a personalidade de qualquer pessoa que ele esteja convivendo, seja um obeso ou um músico negro de blues. O filme acabou sendo adotado em muitos cursos de psicologia para o estudo do comportamento humano.

A Rosa Púrpura do Cairo (The Purple Rose of Cairo, 1985)

Uma bela história de amor com um final de cortar o coração. Nesta obra, Allen brinca com a magia do cinema ao permitir que o personagem principal de um filme de aventura Tom Baxter, interpretado por Jeff Daniels, saia da tela de cinema e tenha um romance com a desajeitada Cecilia (Mia Farrow) no “mundo real”. As conseqüências do personagem sair no meio da projeção de um filme são impagáveis e garantem um roteiro que só Allen é capaz de segurar. O anti-clímax é real, melancólico e impactante. Uma fantasia fundamental para qualquer cinéfilo.

Era do Rádio (Radio Days, 1987)

Talvez o filme mais autobiográfico de Woody Allen. Cheio de diálogos afiados e situações típicas da família nova iorquina judia dos anos 40. Para interpretar seu alter ego, Allen escalou Seth Green, uma criança cheia de sonhos rodeada por personagens interessantes como a tia Bea, interpretada com sutileza por Dianne Wiest, e sua iídiche mama, Tess (Julie Kavner). O filme também é uma aula do impacto do rádio na sociedade antes da televisão chegar. Destaque para a participação de Denise Dumont no filme e uma cômica homenagem a Carmen Miranda.

Crimes e Pecados (Crime and Misdemeanors, 1989)

Com um roteiro que aborda a tragédia e a comédia, somos apresentados a duas histórias paralelas. No drama, há discussões sobre ética, traição e assassinato em uma história que envolve o oscarizado Martin Landau como Judah Rosenthal, um oftamologista que mantém relações extraconjugais com uma aeromoça (Anjelica Huston) disposta a comprometer sua vida perfeita ao lado de sua família. Do lado da comédia, Woody Allen faz par romântico com Mia Farrow em um enredo leve sobre adultério com tons cômicos. A discussão sobre ética na mesa de jantar conduzida por Landau é um primor de roteiro.

Todos Dizem Eu te Amo (Everyone says I Love you, 1996)

Todos Dizem Eu Te amo representa a incursão de Allen nos musicais. Com números de dança e música bastante desengonçados, é irresistível acompanhar a história da família nova iorquina do Upper East Side vivenciando situações inusitadas ao som de Cole Porter e Nat King Cole na voz de um elenco estelar que conta com Julia Roberts, Drew Barrymore, Edward Norton, Goldie Hawn, Alan Alda, Natalie Portman…Com locações em Veneza e Paris, não há como esquecer o número de dança de Hawn e Allen nas margens do Rio Sena.

Match Point (2005)

Um divisor de águas na carreira de Woody, Match Point é um thriller sensacional sobre ambição e sorte. Chris Wilton é um professor de tênis ambicioso que visa subir na vida através de seu relacionamento com a sem graça ricaça Chloe (Emily Mortimer). Eis que Nola Rice (Scarlett Johansson), uma atriz fracassada e sedutora, cruza seu caminho e coloca em cheque seu futuro ao ameaçar tornar pública a relação extraconjugal dos dois. O filme se passa no cenário frio e apropriado de Londres e representa a migração do cinema do diretor para fora de Nova Iorque. A Europa passaria a ser explorada por Allen como cenário em inúmeros de seus filmes depois de Match Point.

Vicky, Cristina Barcelona (2008)

Um delicioso quadrilátero amoroso se desenrola nas paisagens vívidas de Barcelona. Vicky (Rebecca Hall) e Cristina (Scarlett Johansson) são duas americanas que vão passar uma temporada na Espanha. Durante a estada no país, são seduzidas por Juan Antonio (Javier Barden), um bom vivant artista que envolve as duas em uma teia de problemas com sua ex-mulher, a intensa e histérica Maria Elena (Penelope Cruz). Com sua Maria Elena, Cruz recebeu o Oscar de melhor atriz coadjuvante e consagrou-se no rol das personagens femininas antológicas criadas por Allen. Um verdadeiro Cartão Postal da Espanha, o filme oferece cores quentes à La Almodóvar e o choque entre culturas bastante antagônicas.

Meia Noite em Paris (Midnight in Paris, 2011)

Não satisfeito em fazer um filme por ano, Woody Allen consegue produzir ainda em sua carreira uma obra-prima ganhadora do Oscar de melhor roteiro original em 2012. Lidando com deslocamento temporal, bloqueio de criatividade e insatisfação com a realidade que nos cerca, o roteiro acompanha Gil (Owen Wilson) em viagem com sua noiva Inez (Rachel McAdams) por Paris. Ao vagar pela cidade, à meia noite, é transportado para uma Paris do passado efervescida culturalmente por personalidades como Ernest Hemingway, Gertrude Stein, Picasso, Dalí…Uma trama extremamente criativa e deliciosa de se assistir. Foi um presente para a França, que o trata como gênio e celebra seu cinema cada vez que um de seus filmes entra nas exibições do badalado Festival de Cannes.

Por Marcello Azolino
www.facebook.com/marcello.azolino

Sair da versão mobile