Em outubro, a partir do momento em que o The New York Times publicou uma matéria denunciando um dos mais poderosos produtores de Hollywood, Harvey Weinstein, pelo assédio sexual de múltiplas mulheres, a terra do cinema se viu engolfada em denúncias similares.
No entanto, para quem acompanha séries de TV dos EUA, não é novidade nenhuma que o assédio e o abuso sexual são assuntos quentes dentro da indústria. Confira 10 séries corajosas que abordaram assédio sexual antes das acusações:
SWITCHED AT BIRTH | Na série, a jovem Bay acorda ao lado do ex-namorado, Tank, com nenhuma lembrança do que aconteceu na noite anterior. Ela não se lembra de dar consentimento para que os dois fizessem sexo, mas hesita em chamar o que aconteceu de estupro ou assédio, justamente por não se lembrar do acontecido. A série a conduz à realização de que, se ela não estava bem o bastante para se lembrar de dar consentimento, o que ela sofreu é, sim, abuso. “Não dizer ‘não’ não é a mesma coisa que dizer ‘sim’”, define a showrunner Lizzy Weiss.
THE AMERICANS | Na série de espionagem da FX, a protagonista Elizabeth Jennings (Keri Russell) confessa para o marido, Phillip (Matthew Rhys), que foi estuprada por um superior enquanto passava pelo treinamento da KGB, a agência de espionagem russa. Após Elizabeth conseguir sua “vingança”, a trama é reutilizada na quinta temporada, quando a personagem conversa com a filha, Paige (Holly Taylor) sobre o acontecido, dizendo que não sente mais medo. Moldando-se à caracterização de Elizabeth, a trama é um acerto em cheio da série.
THE O.C. | A série adolescente era a frente do seu tempo de muitas formas, inclusive quando abordou o assédio sexual – Marissa, uma das protagonistas da série, sofreu abuso nas mãos de Trey, irmão de seu namorado na época do incidente. A personagem também hesita em reportar o acontecido, e também acha em outra mulher (a amiga Summer) o apoio que precisava para fazê-lo.
OTLANDER | A série de fantasia da Starz tocou em um assunto fundamental e frequentemente esquecido ou estigmatizado: Homens também podem ser vítima de estupro. No final da 1ª temporada, Jamie é estuprado pelo Capitão Jack Randall, e vemos a cena toda sob sua perspectiva. É visceralmente incômodo e perturbador, e o início de uma história de desconstrução de estigma que coloca Outlander com glórias nessa lista.
HOUSE OF CARDS | No começo da série política da Netflix, Claire confessa que foi estuprada na faculdade, algo que nunca contou a ninguém antes. A personagem de Robin Wright “se desprendeu” da experiência, recontando-a em terceira pessoa, a fim de proteger sua psique do trauma: “A alternativa a isso é algo com o qual eu não conseguiria viver”, diz ela.
ORANGE IS THE NEW BLACK | A personagem Pennsatucky é assediada por um dos guardas da prisão, Charlie Coates. A série aborda o trauma da presidiária de um ponto de vista bastante emocional, já que Pennsatucky estava começando a considerar Charlie um amigo antes do acontecido. Quando Big Boo se oferece para ajudá-la a se vingar, a personagem diz: “Eu não estou com raiva, só triste”.
FELICITY | Julie (Amy Jo Johnson), melhor amiga da protagonista da série, é assediada por seu próprio namorado, Zach (Devon Gummersall), em uma cena incômoda que começa consensual, mas logo mostra que o garoto empurrou a namorada para fazer muito além do que ela estava disposta naquele momento. A trama é importante para mostrar que nem sempre o assédio ou abuso tem uma linha clara, e que a pressão para agradar o parceiro também pode tornar o consentimento uma questão complicada.
SCANDAL | Em uma das tramas da série de Shonda Rhimes, uma das clientes de Olivia acusou um professor de faculdade de estupro, mas o docente rebateu com uma antiga condenação de plágio da acusadora, colocando assim sua denúncia em cheque. O questionamento dos escrúpulos ou do passado das mulheres que denunciam assédio sexual e abuso é uma constante em momentos nos quais o assunto entra em pauta na sociedade.
RECTIFY | Outra série que explora com cuidado e coragem a questão do assédio sexual sofrido por homens, a elogiada trama da SundanceTV mostra Daniel (Aden Young) lidando com o trauma de ter sido estuprado na prisão, onde passou 19 anos por um crime que não cometeu, o assassinato de sua namorada. O personagem é informado de maneira importante por esses incidentes de abuso, mas a série não espera que ele “supere” ou “se valorize” por isso – é apenas parte componente incontestável de seu personagem.
SWEET/VICIOUS | A série de vida curta da MTV ganhou elogios por sua inusitada abordagem do assunto de abuso sexual em campus de universidades. Protagonizada por duas garotas que sofreram assédio e estupro, Sweet/Vicious as tranformava em “vigilantes” que, sempre que a polícia local colocava um caso como o delas na gaveta, se vingavam dos acusados. Era uma abordagem radical e curiosa, para dizer o mínimo.