Lançado em 2008, Um Sonho Possível rendeu a Sandra Bullock o primeiro (e único) Oscar de sua carreira. Baseado em eventos reais, o filme voltou à tona após o protagonista da história denunciar as mentiras e os exageros da trama. O que muitos espectadores não sabem é que este está longe de ser o único vencedor do Oscar a mentir para o público.
Um Sonho Possível, para quem não se lembra, conta a história de luta e superação do jogador de futebol americano Michael Oher. O filme foca, primordialmente, no relacionamento de Oher com a mãe adotiva Leigh Anne Tuohy – que é interpretada por Sandra Bullock.
Na época do lançamento, o filme foi bastante criticado por se tratar de uma história de “salvador branco. Além disso, de acordo com Oher, a trama do longa é muito diferente do que aconteceu na realidade. O atleta afirma que a adoção foi uma mentira, e que por todo esse tempo, ele foi explorado financeiramente pela “família”.
Em uma denúncia à Justiça americana, Oher diz também que, após completar 18 anos, foi convencido a abrir mão do controle de todas as suas finanças. Com isso em mente, veja abaixo outros 7 filmes ganhadores do Oscar que mentiram para você.
Sniper Americano
O premiado filme Sniper Americano, protagonizado por Bradley Cooper, é baseado na autobiografia do soldado Chris Kyle. Indicado a 6 categorias do Oscar (e vencedor do prêmio de Melhor Edição de Som), o longa segue à risca a história do militar em questão.
No entanto, o diretor Clint Eastwood fez alterações problemáticas na história, particularmente na caracterização de Mustafa, o grande inimigo de Kyle. O filme dá uma importância excessiva ao personagem, enquanto o livro de Chris Kyle fala dele em apenas dois parágrafos. Além disso, na vida real, o soldado não foi o responsável pela morte do adversário.
Bohemian Rhapsody
Desde o início de sua produção, Bohemian Rhapsody recebeu inúmeras críticas da imprensa especializada e de especialistas na indústria musical. Como a trama do longa foi “aprovada” pelos membros da banda Queen, muitos críticos disseram que a história “contorna” alguns dos aspectos mais polêmicos da vida de Freddie Mercury.
O resultado final deixa isso bem claro. Apesar de servir como uma cinebiografia do líder do Queen, Bohemian Rhapsody quase não discute a sexualidade do cantor e seu vício em drogas. Além disso, a caracterização do concerto Live Aid é completamente errônea. Na vida real, o show aconteceu dois anos antes de Mercury ser diagnosticado com HIV.
Pocahontas
Um dos filmes mais famosos da Disney, Pocahontas é levemente inspirado na trajetória real da personagem histórica homônima. No entanto, para adaptar a história de Pocahontas em uma animação musical, o estúdio alterou alguns dos aspectos mais importantes (e problemáticos) de sua inspiração.
No filme, Pocahontas conhece John Smith aos 19 anos. Porém, na vida real, ela tinha apenas 12 anos. Ou seja: como Smith já tinha 27 anos, Pocahontas foi vítima de pedofilia e abuso sexual. Outra diferença acontece no final do filme, quando a protagonista salva o “amado” da execução. Na vida real, não existem provas desse acontecimento.
O Regresso
Em O Regresso, Leonardo DiCaprio ganhou o primeiro Oscar de sua carreira. No filme, o ator interpreta Hugh Glass, um personagem da vida real. Essa história de sobrevivência e vingança é baseada no livro homônimo de Michael Punke, que por sua vez, é inspirado em poemas sobre a vida de Glass.
Apesar de Glass ter existido de verdade, detalhes de sua vida são escassos. Por isso, o filme inclui diversos elementos fictícios na história real. Glass realmente sobreviveu ao ataque de um urso (como o filme mostra com maestria), mas diferentemente do longa, não procurou vingança contra seus companheiros de viagem.
Fargo
Fargo é um dos filmes mais queridos da prolífica filmografia dos Irmãos Coen. No início da trama, o longa mostra uma mensagem que diz que, apesar de seus eventos serem baseados em uma história real, os nomes foram modificados “sob solicitação dos sobreviventes” e “em respeito aos mortos”.
No entanto, em uma entrevista publicada em 2016, Ethan Coen revela que, na verdade, a trama não tem qualquer base real. “Queríamos produzir um filme no gênero das histórias reais. Você não precisa de uma história real para fazer um filme deste estilo”, explicou o cineasta.
Uma Mente Brilhante
O drama biográfico Uma Mente Brilhante acompanha a história do Dr. John Nash (interpretado por Russell Crowe), um renomado matemático que levou o Prêmio Nobel de Economia em 1994. Nash sofria de esquizofrenia, tendo passado uma boa parte da vida internado em hospitais psiquiátricos.
Uma Mente Brilhante honra o legado de Nash, mas peca na caracterização de sua desordem mental. Na vida real, Nash nunca sofreu com alucinações visuais. Além disso, ele não conseguiu superar a esquizofrenia por pura “força de vontade”, como o diretor Ron Howard dá a entender.
O Exorcista
Um dos filmes de terror mais icônicos da história do cinema, O Exorcista é baseado no livro homônimo de William Peter Blatty. A obra, por sua vez, é inspirada em eventos reais, particularmente na possessão demoníaca de Ronald Edwin Hunkeler, ocorrida em 1949.
A história real, no entanto, é muito diferente do filme. Na produção de terror, a criança possuída é uma garota, e não um garoto. Na vida real, Hunkeler teria sido possuído por 10 demônios diferentes, incluindo o próprio Satanás. No filme, por outro lado, Regan MacNeil é vítima de apenas uma entidade: a deidade assíria Pazuzu.