Não há falta de séries de comédias para todos os estilos na TV, de Friends a Modern Family, passando por outros clássicos como Cheers e sua derivada, Frasier. No entanto, há uma que se destaca acima de todas e está na Netflix: Seinfeld.
Trata-se de uma obra como nenhuma outra – seja antes, ou depois – que gira em torno de quatro amigos, Jerry, George, Elaine e Kramer, em situações inusitadas pautadas em coisas comuns do dia a dia.
Essa abordagem é o que levou Seinfeld a ser conhecida como a “série sobre nada”, embora não seja bem verdade isso – apesar da própria quarta temporada fazer uso dessa expressão em uma das subtramas metalinguísticas do programa. Nesses episódios, vemos George e Jerry criando uma série para a NBC (chamada Jerry), que basicamente é a versão ficctícia de Seinfeld.
Essencialmente, como o próprio Jerry Seinfeld, que criou o seriado junto de Larry David, descreveu, trata-se de uma série sobre como um comediante arranja o material para suas piadas: nas situações comuns da vida, nos pequenos absurdos que vivenciamos. A diferença é que essa obra transforma – com maestria – em comédia.
Mas para quem cai de cabeça sem nunca ter visto nada, pode acabar não gostando. De fato, Seinfeld atinge seu ápice na quarta e na quinta temporadas. Há uma razão muito clara para isso.
Além do básico de qualquer obra televisiva: os atores vão gradativamente se acostumando aos seus papeis, há um fator definidor para a ascensão do seriado ao grau de qualidade pelo qual é conhecido hoje em dia. Esse fator é a experiência dos criadores e roteiristas.
Seinfeld foi criada por completos amadores
Jerry e Larry David nunca haviam escrito qualquer série antes disso. Eles eram comediantes antes e partiram nesse empreitada (tal qual a subtrama citada acima).
Para isso, usaram situações que viveram, por mais absurdas que sejam. Da vida de Larry David, por sinal, há um monte, como pedir demissão, brigar com o chefe e depois do fim de semana aparecer para trabalhar como se nada tivesse acontecido; um vizinho que trata sua casa como sua; a competição de quem fica mais tempo sem se masturbar e por aí vai.
E por falar na competição, Seinfeld foi uma das principais responsáveis por levar esse tipo de tema para a TV aberta, então todos devem agradecer à essa obra por tornar a TV menos puritana.
Fica bem fácil enxergar o grau de qualidade que o programa atinge, ao perceber o ponto em que todas as histórias, a cada episódios, passam a convergir, por mais distantes que as subtramas possam parecer. Conseguem até unir golfe e uma paixão da época do colégio a uma baleia encalhada!
Naturalmente, nada disso seria possível sem as brilhantes atuações de Jason Alexander como George Costanza, Michael Richards como Kramer e, claro, Julia Louis-Dreyfus como Elaine. Todos eles renderam algumas das cenas mais icônicas da história. Afinal, quem poderia esquecer da dança de Elaine?
Ao lado deles há um elenco de apoio de dar inveja em qualquer outra série, que inclui nomes como o saudoso Jerry Stiller, um verdadeiro gênio da comédia; Bryan Cranston, muito antes de Breaking Bad; Wayne Knight como… Newman! E muito mais.
Não por acaso Seinfeld ganhou 10 prêmios Emmy, além de outras inúmeras vitórias em premiações (mais de 70!), sem falar nas indicações (186).
Assim sendo, se você nunca viu Seinfeld, trate de tirar o atraso. Se não gostar dos primeiros episódios, perdure: essa série vai mudar sua vida, não estou brincando (o terceiro episódio da quinta temporada é uma boa pedida para ter uma ideia de como ela vira uma verdadeira obra de arte).
Seinfeld está disponível na Netflix.