As viagens no tempo aparecem em filmes dos mais diversos gêneros – desde comédia até terror, passando também pelo suspense e pela ficção científica. O problema é que muitas produções insistem em cometer os mesmos erros e repetir antigos clichês na abordagem desse tipo de narrativa.
Nos últimos anos, por exemplo, conceitos de viagem no tempo desempenharam um papel importantíssimo em filmes como Vingadores: Ultimato, The Flash, Interestelar, De Volta Para o Futuro e muitos outros.
Essa ferramenta narrativa não aparece apenas no cinema, mas também na TV, em produções como Dark, Paper Girls, The Umbrella Academy e Outlander.
Mostramos abaixo 7 coisas que os filmes e séries sempre erram nas tramas de viagens no tempo; confira! (via ScreenRant)
A separação do espaço e do tempo
Os filmes que falam sobre viagens no tempo, na maioria das vezes, falham em considerar a intrínseca relação entre o tempo e o espaço. Um dos pontos mais importantes da Teoria da Relatividade, criada por Albert Einstein, é justamente a caracterização do espaço-tempo como uma variável inseparável.
Esse conceito, é claro, é largamente ignorado em narrativas do tipo. Em De Volta Para o Futuro, por exemplo, a máquina do tempo do Dr. Brown só possui coordenadas temporais. Nesse sentido, em vez de voltar à posição original do DeLorean, Marty viajaria para um vácuo do espaço, em um local completamente diferente.
O funcionamento das máquinas do tempo
Os físicos teóricos, geralmente, só levam a sério dois métodos de viagens no tempo: a viagem a velocidades mais rápidas que a da luz (FTL) e a utilização de buracos negros e buracos de minhoca. Os filmes que falam sobre o assunto, por outro lado, adotam uma gama bem mais ampla de possibilidades.
As produções, na maioria das vezes, não discorrem sobre o funcionamento interno das máquinas do tempo, o que fica completamente a cargo da imaginação da audiência. Essa tendência remonta ao lançamento do livro “A Máquina do Tempo”, um romance de 1895 publicado por H.G. Wells.
Buracos negros e buracos de minhoca
Na trama de Interestelar, um dos melhores filmes de Christopher Nolan, o protagonista Cooper entra em um buraco negro e vai parar em um lugar estranho no qual o tempo é representado por cômodos compartimentalizados. O Enigma do Horizonte, por outro lado, adota uma perspectiva bem diferente.
Neste filme de 1997, os buracos negros levam apenas ao Inferno, e além disso, resultam em ecos aleatórios pelo passado. Teoricamente, se a viagem no tempo fosse realmente possível com a utilização dos buracos de minhoca, ela levaria os “passageiros” a pontos diferentes do espaço-tempo, não para dimensões alternativas.
Loops temporais
Diversos filmes que abordam conceitos de viagem no tempo adotam também os loops temporais – nos quais determinados personagens ficam “presos” em uma sequência temporal que se repete à exaustão. Isso acontece, por exemplo, em No Limite do Amanhã, O Feitiço do Tempo e A Morte Te Dá Parabéns.
No entanto, de acordo com o físico Stephen Hawking, “as leis da física não permitem a aparição de curvas temporais fechadas”. Em outras palavras, na vida real, os loops temporais nunca poderiam existir. Mesmo assim, muitos filmes insistem em utilizar esse clichê.
As distorções do tempo
Utilizando conceitos teóricos de sistema de propulsão conhecidos como “hypderdrive”, a franquia Star Wars explica como as viagens mais rápidas que a luz são possíveis na Galáxia. No entanto, os filmes da saga não levam em conta o conceito de “dilatação” e “distorção” no tempo.
Star Wars Rebels: World Between Worlds deixa bem claro que, no cânone de Star Wars, as viagens no tempo podem realmente acontecer. Porém, mais uma vez, a física da saga não revela como os personagens evitam as distorções no tempo, algo que tornaria esse tipo de trajeto bem mais difícil.
Os paradoxos
Os perigos das viagens no tempo são abordados em diversos filmes, de Vingadores: Ultimato a De Volta Para o Futuro, passando também por The Flash e 12 Macacos. Um destes perigos é a criação de um paradoxo, um evento altamente destrutivo com o potencial de acabar com universos inteiros.
Em uma perspectiva real, não existem teorias, nem mesmo na física quântica, sobre o surgimento dos paradoxos e a maneira como estes eventos poderiam resultar em consequências catastróficas. A abordagem desse conceito no cinema, então, é mais um experimento criativo do que uma abordagem científica real.
Seria impossível sobreviver!
Até mesmo filmes aclamados pela comunidade científica – como Interestelar e Contato – falham em explicar como as pessoas poderiam sobreviver a uma viagem com velocidade mais rápida do que a da luz. A velocidade da luz, vale lembrar, é de 299.792.458 m/s (metros por segundo).
Portanto, na vida real, nenhum humano conseguiria sobreviver a esse nível de aceleração. O corpo humano simplesmente se destruiria ao ser submetido a uma velocidade tão intensa, isso sem falar nas outras forças físicas que envolvem o conceito de aceleração.