Que os reality shows estão entre as atrações de TV favoritas do público brasileiro, ninguém tem dúvida. Contudo, nem sempre esse tipo formato é uma jogada certeira quando se trata de conquistar em cheio a audiência.
O Exathlon Brasil sentiu um pouco disso na pele. Estreada no final de setembro, a competição de resistência física – que incluiu em seu elenco nomes como a ginasta Daniele Hypólito e o campeão de vôlei Giba – teve um início sofrido na tela da Band, registrando índices na faixa de 1,5 ponto. Para alívio do canal, os números da atração apresentaram crescimento nas últimas semanas e chegaram a atingir a picos de 4 pontos no final de outubro.
Outros realitys, porém, não tiveram a mesma sorte e amargaram o total insucesso, ficando esquecidos no imaginário popular e na gaveta das emissoras que um dia apostaram neles. E a lista é longa, hein? Vamos relembrar alguns casos.
À Primeira Vista
Eram grandes as expectativas da Band para este projeto, uma co-produção com o canal pago Discovery Home & Health que foi ar neste ano, adaptada do formato britânico First Dates.
O programa se tratava de uma espécie de “Tinder” televisivo, em que pessoas desconhecidas marcavam um encontro com possibilidades românticas – a diferença é que cabia à produção do programa, e não aos candidatos, identificar os pares que teriam maior chance de “match”.
O investimento foi grande, inclusive no que se referia aos esforços para trazer – a peso de ouro – o ex-galã de novelas globais Luigi Baricelli (foto) de Nova York para assumir a condução do programa. Tudo em vão: com índices de audiência bem abaixo do esperado, “À Primeira Vista” encerrou sua primeira temporada em setembro sem pena nem glória, não devendo voltar tão cedo à programação da emissora.
X Factor
A Band (ela de novo) preparou toda empolgada o lançamento da versão nacional do talent show, sucesso em vários países – inclusive no Brasil, onde foi ao ar em seu remake norte-americano, pelo canal pago Sony.
Bastou, porém, X Factor Brasil entrar no ar para esse ímpeto arrefecer. Apesar de lograr grande repercussão nas redes sociais, o programa fez feíssimo no Ibope no ano passado, com índices na faixa dos 2 pontos, e acabou sendo cancelado ao fim da primeira temporada.
A Casa
Exibida entre junho e setembro deste ano pela Record, a atração era um formato original da emissora, que consistia no confinamento de nada menos que 100 participantes dentro de uma casa projetada para abrigar apenas quatro pessoas. O mais resistente – e paciente – embolsaria o prêmio final de R$ 1 milhão.
Embora tenha estreado com números razoáveis (média de 8 pontos), o programa comandado por Marcos Mion (foto) viu sua audiência cair praticamente pela metade no decorrer da exibição, chegando a atingir apenas 4 pontos em sua últimas semanas.
O Jogo
Em um formato bizarro – e pouco convincente – que misturava ficção e realidade, a Globo produziu em 2003 o programa que seria um dos maiores micos de sua programação nas últimas duas décadas.
O Jogo se centrava na disputa entre 12 competidores por desvendar o autor de um assassinato fictício. Em meios às investigações de cada episódio, eles chegavam a interagir com os suspeitos – também “de mentirinha”, vividos por atores desconhecidos cujas performances por vezes beirava o amadorismo.
Com o Ibope lá embaixo, a Globo ainda tentou salvar alguma coisa, sorteando prêmios durante a atração como forma de torná-la mais interessante ao espectador. Tampouco deu certo.
Protagonistas de Novela (Casa dos Artistas)
Em 2004, com o argumento original da Casa dos Artistas vetado pela Justiça – que deu ganho de causa à acusação de plágio movida pela Endemol, detentora do Big Brother Brasil -, o SBT foi atrás de uma alternativa para dar continuidade ao sucesso do programa.
A solução encontrada foi adaptá-lo a um novo formato estrangeiro, Protagonistas de Novela, onde os 14 participantes, todos aspirantes a atores profissionais, disputavam entre si um papel na próxima novela da casa, Esmeralda.
Besteira. A versão “escola de dramaturgia” do reality não fez nem a metade do sucesso das anteriores, e o SBT nunca mais se animou a arriscar novamente a franquia.
Busão do Brasil
Animada com o sucesso dos realitys da Globo e do SBT, a Band decidiu reproduzir em 2010 o formato da Endemol que já era sucesso em países como Espanha, Bélgica e Holanda – e que, convenhamos, tinha total a cara da emissora.
Busão do Brasil confinou 11 participantes em um ônibus especialmente projetado para o programa, que percorria diversas cidades do país com a trupe na boleia. As provas a que os competidores se submetiam, inclusive, em geral tinham a ver com a cultura do local por onde passavam a cada edição, o que conferiu um certo caráter educativo à atração – a qual, seja como for, passou longe de cair no gosto popular.
Fazenda de Verão
No auge de sua empolgação com a franquia A Fazenda, a Record decidiu produzir um spin-off da atração em 2012, o qual se estenderia até o início do ano seguinte. A grande diferença para o formato-padrão estava no fato de que, ao invés de famosos, esta versão contava somente com participantes anônimos.
Mas a audiência bem aquém das edições tradicionais – na faixa dos 10 pontos -, somado ao medo de desgastar o formato, acabou desanimando a Record de produzir novas temporadas da Fazenda de Verão.
Projeto Fashion
Definitivamente, a Band não tem mesmo sorte com reality shows. Apresentada por Adriane Galisteu em 2011, a versão nacional do formato americano Project Runway tinha por objetivo lançar um novo talento do estilismo e moda no cenário nacional – porém acabou terminando como um dos maiores fracassos recentes da emissora, com médias pífias que chegavam a ser inferiores a 1 ponto.
Jogo Duro
Criado em 2009 para concorrer com a primeira edição de A Fazenda, o programa apresentado por Paulo Vilhena (foto) na Globo acabou levando um baile do reality rural da Record, para quem perdeu a liderança no Ibope em incontáveis ocasiões.
Os competidores se submetiam a provas radicais e de gosto bastante duvidoso, que incluíam a interação com animais como sapos, baratas, cobras e aranhas, na disputa por um prêmio milionário.
Ilha da Sedução
Sob apresentação de Babi Xavier (foto), o reality foi produzido em 2002 como uma ofensiva do SBT à estreia do Big Brother Brasil, na primeira de suas muitas edições na Globo. Acabou, porém, completamente ofuscado pelo concorrente do canal carioca.
O argumento consistia no confinamento de quatro casais, com relacionamentos sólidos e duradouros, em uma ilha paradisíaca, onde eram “tentados” pela presença de 13 – lindos – solteiros de ambos os sexos. Brigas, discussões e até traições foram comuns no dia-a-dia do esquecido programa.