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Quem vai ganhar o Oscar 2019? | Analisando as categorias de Atuações

Está chegando a hora da maior festa da Sétima Arte acontecer! A cerimônia do Oscar 2019, prêmio entregue pela Academia de Artes e Ciências Cinematográficas, promete ser uma das mais peculiares de sua história. Seja pela lista de filmes indicados ou todas as polêmias envolvendo a organização do evento, que cortará categorias da transmissão, não tem um anfitrião central e por aí vai.

Neste especial, estudaremos algumas das principais categorias do Oscar 2019. Olhando para cada indicado individualmente para analisar suas chances de vitória e o trabalho no geral que está sendo celebrado em sua respectiva área.

Na segunda parte, analisaremos os 4 categorias de atuações: Melhor Ator, Melhor Atriz, Melhor Ator Coadjuvante e Melhor Atriz Coadjuvante.

Quem vai ganhar o Oscar 2019? | Analisando a categoria de Melhor Filme

Melhor Ator

Christian Bale – Vice

O camaleão está de volta! Christian Bale é um exemplar da raça humana que deveria ser estudado por alienígenas, de forma a entender como o ator é capaz de transformações físicas tão impressionantes. Para viver Dick Cheney em Vice, o ator surge novamente irreconhecível, mas o envelhecimento da maquiagem e os quilos são apenas acessórios de uma composição delicada e bem pensada. Bale surge com um timbre de voz muito mais baixo do que o comum, falando através de suspiros e cochichos durante boa parte da narrativa, construindo não só um bom retrato do verdadeiro Cheney, mas também de uma figura tridimensional naquele universo. Se há alguém que pode roubar a estatueta de Rami Malek, é Bale, que tem um Globo de Ouro (Ator em Comédia/Musical) e 2 Critics Choice Awards.

Bradley Cooper – Nasce Uma Estrela

Ao longo da última década, Bradley Cooper surpreendeu ao se mostrar como um dos artistas mais versáteis de sua geração, e seu trabalho como ator principal em Nasce Uma Estrela talvez seja seu melhor até então. Para viver o músico decadente Jackson Maine, Cooper adota uma voz grave e que poderia ficar caricata com muita facilidade, mas que o ator domina e a torna orgânica durante todo o filme – com a óbvia referência para seu irmão no longa, Sam Elliott. Além do ótimo trabalho dramático e de composição, Cooper ainda se revelou um cantor eficiente e que divide o palco de igual para a grandiosa Lady Gaga. O trabalho mais completo e merecedor do prêmio entre os indicados. Mas não será dessa vez.

Willem Dafoe – No Portal da Eternidade

Surpresa na categoria, a performance de Willem Dafoe como Vincent van Gogh vinha sendo bem elogiada em festivais e círculos de críticas, e o ator conseguiu sua segunda indicação ao Oscar consecutiva (após ser lembrado por Projeto Flórida). Dafoe brilha em No Portal da Eternidade, oferecendo um Van Gogh mais sensível e – apesar de estarmos lidando de uma das fases mais perturbadas de sua vida – sereno, características que o ator transmite muito bem a partir de uma performance altamente expressiva, mas nunca caricata. É de se impressionar também com a gritante diferença de idade entre Dafoe, que tem 63 anos, com a do pintor no filme, que está na fase dos 30. Nada disso importa, vide o trabalho excelente de caracterização.

Rami Malek – Bohemian Rhapsody

De coadjuvante em Uma Noite no Museu a protagonista de Mr. Robot até favorito para ganhar o Oscar, a carreira de Rami Malek só fica mais interessante com o tempo. Seu retrato de Freddie Mercury é o único ponto alto de Bohemian Rhapsody, e o ator egípcio captura com perfeição os trejeitos e personalidade do lendário vocalista, sendo capaz de transparecer e se adaptar com os incômodos dentes postiços. O ator já tem um Globo de Ouro, o BAFTA e – mais importante – a estatueta do SAG, transformando-o em favorito indisputável.

Viggo Mortensen – Green Book: O Guia

Por falar em atores que comeram bastante para seus papéis, temos um Viggo Mortensen bem diferente para o papel principal de Green Book: O Guia. Com uns quilinhos a mais, cabelo escuro e um sotaque italiano, o ator dá vida a Tony Vallelonga, sendo o contraponto cômico e exaltado para a performance mais sutil e leve de Mahershala Ali – e é justamente o contraste explosivo dos dois que torna sua química tão divertida. Mortensen assume um papel extremamente caricato em suas ações e modo de fala, mas jamais incomoda ou deixa de parecer fora do universo estabelecido pelo longa de Peter Farrelly (que é cartunesco graças a seu retrato), e funciona como um excelente alívio cômico.

Quem VAI ganhar: Rami Malek
Quem PODE ganhar: Christian Bale
Quem DEVERIA ganhar: Bradley Cooper

MELHOR ATRIZ

Yalitza Aparicio – Roma

Que jornada fascinante é a de Yalitza Aparicio. Não era atriz, mas acabou chamando a atenção de Alfonso Cuarón ao ter acompanhado uma amiga na seleção de elenco, e o resto é história. Como protagonista de Roma, Aparicio oferece uma performance minimalista e sutil, servindo ao estilo do filme, e ouso dizer que sua atuação é um dos pontos mais altos do longa da Netflix. Cleo mal fala ou se expressa de forma mais verbal, mas sempre entendemos seus pensamentos e intenções através de seu olhar penetrante e sua presença magnética. Quando Cleo de fato coloca seus sentimentos para fora, Aparicio simplesmente destrói.

Glenn Close – A Esposa

Vira e mexe, a Academia precisa corrigir injustiças históricas, e Glenn Close é aquela atriz de prestígio que nunca ganhou um Oscar por seu trabalho, e a hora chegou. Mesmo que A Esposa não seja o melhor trabalho de sua carreira, é uma performance complexa e minuciosa de Close, que interpreta a esposa de um famoso autor prestes a receber o Nobel – mas que esconde o fato de que ela é a real responsável pelos trabalhos do marido. Close é excepcional ao demonstrar o esforço de Joan ao manter seu talento escondido e preservar as aparências de uma vida normal, sendo uma atuação repleta de melancolia e um estranho sentimento de satisfação. Close é a favorita do ano, e será uma vitória muito digna.

Olivia Colman – A Favorita

Todo o elenco de A Favorita oferece atuações de outro nível, mas foi Olivia Colman quem recebeu os holofotes para conseguir a indicação principal. Não é algo particularmente justo, visto que a protagonista do filme de Yorgos Lanthimos é claramente Emma Stone, mas definitivamente não é nem um pouco ruim ver Colman indicada por sua performance como a Rainha Anne. Ainda que tenha menos cenas, Colman diverte e impressiona ao abraçar toda a histeria e exagero que o cinema de Yorgos Lanthimos requer, sendo particularmente engraçado ver seus ataques de gritos e xingamentos contra os indefesos guardas de seu palácio. A atriz tem um Globo de Ouro (Atriz em Comédia/Musical) e o BAFTA na sacola, então é a única ameaça séria para Glenn Close.

Lady Gaga – Nasce Uma Estrela

Uma das grandes sensações do cinema de 2018 foi a estreia de Lady Gaga como atriz protagonista, mastigando o remake de Nasce Uma Estrela. Despindo-se da persona mais excêntrica e “Monster” que a cantora construiu ao longo de sua carreira, Gaga se revela como uma grande atriz ao fazer de Abby uma jovem insegura e que lentamente vai encontrando sua auto-estima, sendo lindo notar essa evolução surgindo durante a espetacular performance de “Shallow”. Lady Gaga é capaz de fazer a câmera se apaixonar por ela tanto nas cenas mais dramáticas quanto nas cenas de palco, que é realmente onde vemos, literalmente, a estrela da Lady Gaga atriz nascendo. Gaga tem pouquíssimas chances de ser premiada como Atriz, mas definitivamente é apenas o começo de uma carreira promissora no cinema.

Melissa McCarthy – Poderia Me Perdoar?

Após surpreender ao ser indicada como Melhor Atriz Coadjuvante pela comédia Missão Madrinha de Casamento, Melissa McCarthy traz seu primeiro grande papel dramático em Poderia Me Perdoar?, sendo mais um retrato de uma pessoa real. Na pele da escritora e falsária Lee Israel, McCarthy oferece uma performance multidimensional e cheia de nuances, sendo uma figura mais isolada e introspectiva, algo que rende um divertido contraponto ao extravagante e vibrante Richard E. Grant. McCarthy não tem chance de ganhar, mas foi ótimo ver seu lado mais dramático funcionando tão bem quanto seus dotes cômicos.

Quem VAI ganhar: Glenn Close
Quem PODE ganhar: Olivia Colman
Quem DEVERIA ganhar: Yalitza Aparicio

Melhor Ator Coadjuvante

Mahershala Ali – Green Book: O Guia

Assim como Christoph Waltz, Mahershala Ali chegou destruindo na Academia, e prepare-se para levar seu segundo Oscar após sua segunda indicação. Vivendo o Dr. Don Shirley em Green Book: O Guia, o ator oferece uma performance controlada e sutil, onde vemos que o pianista esconde um grande conflito interno através de suas aparências cordiais – e Ali é fenomenal ao finalmente deixá-las sair durante os momentos mais intensos. Sua dinâmica com o brincalhão Viggo Mortensen é o grande charme do filme de Peter Farrelly, e Ali ainda impressiona nas cenas em que aparece tocando piano. O ator levou o Globo de Ouro, Critics Choice Awards, BAFTA e SAG, então é impossível que Mahershala Ali não fature seu segundo Oscar.

Adam Driver – Infiltrado na Klan

Quando olhamos a carreira e os diretores com quem Adam Driver trabalhou nos últimos 6 anos, é algo de se ficar realmente impressionado. O ator garante sua primeira indicação ao Oscar por viver um policial judeu em Infiltrado na Klan, fazendo o papel que o protagonista de John David Washington é fisicamente incapaz de fazer: literalmente interagir e se infiltrar na organização racista do título. O grande trabalho de Driver vem nas cenas em que seu personagem é forçado a dizer coisas terríveis para manter seu disfarce, onde ainda é possível notar a repulsa e o medo por trás da máscara racista. Uma ótima performance, mas Driver ainda terá chance para brilhar muito mais.

Sam Elliott – Nasce Uma Estrela

É difícil de acreditar que, aos 76 anos, essa é apenas a primeira indicação ao Oscar do veterano Sam Elliott, lembrado por seu papel como irmão de Bradley Cooper no remake de Nasce Uma Estrela. Sua participação é bem reduzida se comparada à dos protagonistas, mas Elliott traz peso e emoção para todas elas, sendo a bússola moral e a voz da razão de Jackson. Com apenas uma cena em silêncio, onde Elliott dá a ré no carro enquanto luta para conter lágrimas, o ator já havia garantido um espaço merecido entre os coadjuvantes do ano.

Richard E. Grant – Poderia Me Perdoar?

Por falar em veteranos ganhando reconhecimento, Richard E. Grant vai cair no grande radar de Hollywood agora. Sua performance radiante é o grande destaque de Poderia Me Perdoar?, onde interpreta um vigarista bem humorado, magnético e divertido; servindo como único amigo da Lee Israel de Melissa McCarthy e cúmplice de seus atos de falsificação. Assumidamente gay, o x de Grant rouba a cena com sua energia e carisma, bem balanceados com a postura mais travada e carrancuda de McCarthy, e justamente depois de tanta alegria e charme, ver sua passagem mais melancólica no terceiro ato do longa torna-se ainda mais poderosa. Talvez seja o melhor dos indicados.

Sam Rockwell – Vice

Após ganhar nesta mesma categoria no ano passado por seu trabalho em Três Anúncios para um Crime, Sam Rockwell repete a dose ao viver o ex-presidente americano George W. Bush em Vice. É uma participação pequena, quase uma cameo glorificada, mas que funciona e diverte. A maquiagem sutil ajuda a construir uma caracterização eficiente, mas com a dose apropriada de caricatura, algo que Rockwell contribui no sotaque sulista pesado e os trejeitos sempre extravagantes; como na cena que vale sua indicação, ao comer frango com Dick Cheney. Uma boa performance, e prova de que o ator caiu nas graças da Academia.

Quem VAI ganhar: Mahershala Ali
Quem PODE ganhar: Só Mahershala Ali
Quem DEVERIA ganhar: Richard E. Grant

Melhor Atriz Coadjuvante

Amy Adams – Vice

Representando o único papel feminino relevante de Vice, Amy Adams garante sua 6a indicação ao Oscar, ainda sem uma vitória. Infelizmente para a atriz – que deve assumir o posto de novo “Leonardo DiCaprio dos injustiçados” – não será como Lynn Cheney que a atriz conquistará o ouro. Adams tem forte presença de cena, sendo a personagem mais ativa que acaba “endireitando” o Dick Cheney mais introspectivo de Christian Bale, ainda que isso acabe fazendo a atriz ser mais afetada pela direção voltada para o cartunesco de Adam McKay.

Marina De Tavira – Roma

Grande surpresa entre as indicadas, Marina De Tavira roubou a vaga de candidatas como Claire Foy, Emily Blunt e Margot Robbie, demonstrando o poder que Roma tem com os votantes da Academia. Na pele da patroa Sofia, Tavira oferece uma performance de acordo com o estilo mais silencioso do filme, mas é muito mais falante e verborrágica do que a Cleo de Yalitza Aparicio. Seu mérito fica com as cenas em que tenta manter a família unida mesmo com o evidente colapso do casamento; seja através de uma tragicômica cena no trânsito ou um diálogo honesto com seus filhos à mesa.

Regina King – Se a Rua Beale Falasse

A categoria de Atriz Coadjuvante está aberta em 2019, mas Regina King surgiu como a favorita graças à sua performance em uma dos papéis coadjuvantes mais ricos de Se a Rua Beale Falasse. King pode não ter grande destaque ou momentos de brilhantismo, mas o mérito encontra-se no excelente papel da personagem, uma mãe carinhosa, apoiadora e que até mesmo protagoniza um segmento do filme para uma viagem inesperada. É uma boa performance e King oferece um trabalho muito caloroso e eficiente, mas nada que justifique o favoritismo na temporada de prêmios.

Emma Stone – A Favorita

No esquema das coisas, Emma Stone é a protagonista de A Favorita, por ter sua personagem no centro da história e apresentar um arco mais desenvolvido; mas é a velha politica de premiação que a candidatou como coadjuvante. Uma indicação mais que merecida, já que Stone tem a oportunidade de demonstrar sua já conhecida persona como a “menina meiga e ingênua” (que por si só lhe garantiu um Oscar por La La Land: Cantando Estações), mas também explorar uma faceta mais maquiavélica e sombria graças ao decorrer da história, onde sua performance torna-se ainda mais interessante e fascinante de se assistir. Uma pena que não tenha sido indicada como Atriz Principal.

Rachel Weisz – A Favorita

Em mais uma indicação para o elenco de A Favorita, Rachel Weisz é lembrada por seu retrato como uma verdadeira coadjuvante de prestígio. Ainda que Stone tenha a maior transformação, é a Sarah Churchill de Weisz quem tem as jogadas mais inteligentes e as reviravoltas mais fascinantes, e a atriz é excelente ao transparecer o senso de superioridade e astúcia de sua personagem. Sarah é uma estrategista e patriota, e os grandes momentos de Weisz surgem quando ela facilmente supera algum problema – vide a impagável cena da banheira com lama – e a forma como lida com situações impossíveis. Talvez a grande estrela do filme.

Quem VAI ganhar: Regina King
Quem PODE ganhar: Rachel Weisz
Quem DEVERIA ganhar: Rachel Weisz

Quem vai ganhar o Oscar 2019? | Analisando a categoria de Melhor Filme

Quem vai ganhar o Oscar 2019? | Analisando a categoria de Melhor Direção

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