Protesto

Funcionários da Netflix marcam greve após especial transfóbico

CEO da gigante do streaming defendeu especial The Closer, de Dave Chappelle

O grupo de funcionários trans da Netflix planeja uma greve em 20 de outubro para protestar contra os comentários realizados pelo CEO Ted Sarandos acerca do especial The Closer, de Dave Chappelle, que conta com conteúdo transfóbico.

Um dos líderes do grupo que representa as pessoas trans dentro da companhia emitiu um comunicado acerca desse protesto.

“Vidas trans importam. Direitos trans importam. E, como organização, a Netflix tem falhado continuamente em demonstrar profundo cuidado em nossa missão de entreter o mundo, lançando repetidamente conteúdo que prejudica a comunidade trans e continuamente falhando em criar conteúdo que represente e melhore o conteúdo trans. Nós podemos e devemos fazer melhor!”.

A notícia sobre a greve vem após a Netflix voltar atrás da suspensão da funcionária trans Terra Field e dois outros empregados, que foram suspensos por participarem de uma reunião de diretores da qual não foram convidados.

Nessa ocasião, Field já havia criticado o especial de Dave Chappelle no Twitter, dizendo que ele “ataca a comunidade trans e a própria validade de ser trans”.

Field disse não estar ciente de que não deveria participar da reunião, conforme pessoas próximas ao ocorrido (via The Verge).

CEO da Netflix piora a situação

Após toda a polêmica do especial transfóbico, Ted Sarandos emitiu um memorando interno (obtido pela Variety).

“Chappelle é um dos comediantes de stand-up mais populares da atualidade, e temos um contrato de longa data com ele. Seu último especial Sticks & Stones, também polêmico, é o nosso especial stand-up mais assistido, mais popular e mais premiado até hoje. Assim como acontece com nossos outros talentos, trabalhamos muito para apoiar sua liberdade criativa – mesmo que isso signifique que sempre haverá conteúdo na Netflix que algumas pessoas acreditam ser prejudiciais, como Lindinhas, 365 DNI, 13 Reasons Why ou Minha Vida Nada Ortodoxa”, diz um trecho do memorando.

“Vários de vocês também perguntaram onde traçamos o limite do ódio. Não permitimos títulos da Netflix que são projetados para incitar ódio ou violência, e não acreditamos que The Closer cruze essa linha. Reconheço, no entanto, que distinguir entre comentário e dano é difícil, especialmente com a comédia stand-up, que existe para ultrapassar os limites. Algumas pessoas acham que a arte do stand-up é mesquinha, mas nossos membros gostam dela, e é uma parte importante de nossa oferta de conteúdo”, continua o memorando.

Funcionários da Netflix disseram que esses comentários do CEO apenas jogaram mais lenha na fogueira. Os organizadores da greve, por sua vez, escreveram (via The Verge):

“Conforme discutimos por meio do Slack, e-mail, texto e tudo mais, nossa liderança nos mostrou que eles não defendem os valores que valorizamos. Entre os inúmeros e-mails e não respostas que foram dados, fomos informados explicitamente que, de alguma forma, não podemos entender as nuances de determinado conteúdo. ”

O especial The Closer, de Dave Chappelle, segue disponível na Netflix.

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