Considerada um dos maiores sucessos do HBO Max, Euphoria tem surpreendido fãs e críticos com os episódios da 2ª temporada, lançados semanalmente na plataforma. De acordo com o site Screen Rant, a série comete um grande erro ao tentar fazer o público simpatizar com um personagem terrível: o pai de Nate.
“O 3º episódio da 2ª temporada de Euphoria começa com um longo flashback sobre Cal Jacobs no ensino médio, provavelmente em uma tentativa de fazer a audiência simpatizar com ele. Mas fica a pergunta: por que?”, questiona o site Screen Rant.
Interpretado por Eric Dane, o Mark Sloan de Grey’s Anatomy, Cal é introduzido na 1ª temporada como a figura misteriosa que faz sexo com Jules, a personagem de Hunter Schafer.
O evidente desequilíbrio de poder, e o fato de um homem adulto aparecer dormindo com uma garota adolescente, torna a cena uma das mais desconfortáveis da primeira temporada.
Por que Euphoria deseja humanizar o pai de Nate?
De acordo com o site Screen Rant, Cal é um dos principais vilões de Euphoria, e uma das maiores reviravoltas da 1ª temporada foi a revelação de que o personagem é o pai de Nate, um dos colegas de Jules interpretado por Jacob Elordi.
Na 2ª temporada, Cal se torna um dos personagens mais proeminentes, mas não assume necessariamente o papel do vilão mostrado no primeiro ano.
O terceiro episódio, por exemplo, mostra um jovem Cal se apaixonando pelo colega Derek. Após se envolver com o amigo, ele é “acordado” por uma ligação de Marsha, que revela estar grávida.
Retornando ao presente, Euphoria dá a entender que o comportamento de Cal – sua raiva sexual e sua predileção por adolescentes – é um resultado da supressão de seus desejos originais.
Essa mesma tendência pode ser identificada em Nate, um dos personagens mais odiados de Euphoria.
A opressão forçada da verdadeira identidade de Cal se manifesta em ataques de raiva – que também se repetem em Nate, já que o personagem enxerga os colegas e a namorada Maddy como objetos a serem controlados.
Euphoria expressa, pelo menos nas entrelinhas, que Nate só repete o comportamento de aprendeu com o pai, atenuando assim a culpabilidade do jovem.
A criação de vilões tridimensionais e humanizados é uma parte importante de qualquer narrativa moderna. Mas segundo o Screen Rant, a 2ª temporada de Euphoria comete vários erros na trama de Cal.
“A série precisa abordar o fato de Cal ser um homem rico, influente e, acima de tudo, branco. Mas a caracterização de dinâmicas raciais complexas nunca foi um dos fortes de Euphoria”, explica o site.
Também é importante citar que o fato de Euphoria “retiticar” os atos de Cal de acordo com sua identidade sexual, entra em um território perigoso e problemático.
“Acusações de pedofilia, estupro e outros crimes sexuais sempre foram atribuídas à comunidade LGBTQIA+. em esforços homofóbicos para impedir a luta dos direitos sociais”, aifmra a publicação.
Euphoria pode até não traçar um caminho exato entre o passado de Cal e o presente do personagem, mas levanta questões importantes sobre as intenções dos criadores da série.
“O 3ª episódio da 2ª temporada de Euphoria incentiva o público a simpatizar com Cal, mas seria ainda mais ousado se deixasse o personagem ser apenas um vilão – que não precisa de razões por trás de seus atos, principalmente razões que reforçam estereótipos negativos da vida real”, conclui a análise.
Euphoria está disponível no HBO Max