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Insustentável? Netflix gera pânico em Hollywood

Modelo da gigante do streaming pode ser uma bolha prestes a explodir

A Netflix se tornou sinônimo de streaming nos últimos anos e o sucesso da empresa fez com que grande parte de Hollywood investisse nas próprias plataformas de streaming, vide HBO Max, Peacock, Amazon Prime Video, Disney+ e mais. Podemos estar diante, no entanto, de uma bomba prestes a explodir.

Recentemente a gigante do streaming apresentou uma queda brusca no valor das ações, que caíram de US$ 700 para US$ 366, praticamente a metade – isso resultou na perda de US$ 150 bilhões em valor de mercado.

Tradicionalmente falando, os rivais da Netflix apreciariam essa queda, como aponta o Financial Times, mas executivos da Hollywood podem estar em pânico agora que seguem o mesmo modelo da gigante do streaming.

Essencialmente, por anos a Netflix foi vista como um excelente modelo de mercado, tanto que vimos o surgimento das outras plataformas de streaming, o que ocasionou no aumento do valor das ações dessas concorrentes.

O problema, como aponta o FT, é que esse modelo ainda está sendo testado. A TV à cabo, que veio antes, era cara, inflexível e inconveniente para o consumidor (especialmente quando esse queria cancelar o serviço) – por isso fez muito dinheiro para os estúdios.

Já o modelo da Netflix tornou tudo mais fácil para o cliente e, nos primeiros anos, a empresa foi ganhando cada vez mais assinantes com facilidade. Mas nos últimos tempos isso mudou.

De fato, ela não cumpriu a meta de novos assinantes recentemente, o que resultou na mencionada queda do valor de ações. Isso é preocupante, tendo em vista que o modelo da empresa depende da quantidade de assinantes.

Essencialmente, para manter o público na Netflix, a companhia precisa de novo conteúdo e original, tendo em vista que os grandes estúdios estão com suas próprias plataformas.

Isso resulta em um investimento cada vez maior, envolvendo valor de produção, inflação, marketing, etc. Mais conteúdo, gera mais gastos e assinantes, que gera mais lucro. Um ciclo sem fim.

Para piorar, cada vez mais esse conteúdo tem “prazos de validade” menores, como aponta o analista Michael Nathanson.

“A taxa de decaimento de conteúdo no streaming é incrivelmente rápido. Round 6? Isso é coisa do passado”, afirmou Nathanson. “O modelo de negócios é muito mais intensivo em capital que a maioria dos outros modelos que já vimos”.

Netflix na TV

Muitos gastos com muito menos lucro

Assim sendo, mesmo com 222 milhões de assinantes, a Netflix precisa continuar gastando muito para satisfazer as vontades do público. O FT aponta que a companhia teve fluxo negativo de capital em 2021, resultado desses investimentos.

A MoffettNathanson estima que em 2022 a receita da Netflix vai subir em 13%, superando US$ 33 bilhões. Mas os gastos subirão em 15%, por volta de US$ 27 bilhões. Isso resulta no lucro de US$ 5 bilhões.

Assim sendo, a Netflix faz muito dinheiro, mas muito menos lucro em razão dos altos gastos. Assim sendo, o modelo de negócios da Netflix parece mais com o de companhias telefônicas do que com gigantes da tecnologia.

Companhias telefônicas precisam investir muito para oferecer o melhor serviço, ao mesmo tempo que mantém os preços baixos, visto que vendem essencialmente os mesmos produtos que os competidores. É algo muito similar ao que vemos no caso da Netflix.

Dito isso, a gigante do streaming criou algo assustador para Hollywood como um todo: o streaming vai fazer menos dinheiro, muito menos possivelmente, que companhias de entretenimento do que a TV à cabo. “Eles estão trocando um ótimo modelo, por um modelo pior”, apontou Nathanson.

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