Alerta de spoilers
Succession chegou ao fim, respondendo a pergunta que estava na mente dos fãs desde o princípio: quem será o novo CEO da Waystar Royco. Nesse processo, entregando a inevitabilidade, a excepcional série da HBO fez o que Game of Thrones não conseguiu.
O episódio derradeiro revelou que o novo rei do império da família Roy é Tom Wambsgans (Matthew Macfadyen), ainda que ele seja meramente o rosto da companhia, tendo em vista que Lukas Mattson realmente está no comendo.
Foi um desfecho ao mesmo tempo chocante e completamente esperado, e isso porque Succession construiu sua tensão de forma eficaz, precisa e coerente. O contrário do que vimos em Game of Thrones nas temporadas finais.
Na série baseada nos livros de George R. R. Martin, Daenerys Targaryen (Emilia Clarke) provavelmente sempre se tornaria a “Rainha Louca” e faria um genocídio. Mas a forma como isso aconteceu deixou os fãs compreensivelmente furiosos.
Não houve um desenvolvimento apropriado dos personagens. De uma hora para a outra eles mudaram, como se grande parte de suas histórias tivesse sido cortada.
Succession, por outro lado, conseguiu transformar o seu esperado final em uma das narrativas mais tensas da televisão em memória recente.
Kendall Roy (Jeremy Strong), desde o princípio, precisava falhar – e, no entanto, este programa passou seus noventa minutos finais na televisão fazendo um argumento convincente de por que isso aconteceu.
Os destinos de Daenerys e Kendall sempre foram definidos, mas enquanto Game of Thrones não conseguiu acertar, Succession construiu seu final perfeitamente.
Ter um final inevitável não é ruim
Só porque o final de algo é uma inevitabilidade não significa que seja uma coisa ruim. Succession se inspira fortemente em Rei Lear, de Shakespeare, e o próprio Bardo manteve uma fórmula rígida quando se tratava de seus finais: tragédias terminavam em morte e comédias terminavam em casamentos.
Realisticamente, nenhum dos filhos Roy poderia continuar o legado de seu pai, muito menos Kendall. Logan Roy (Brian Cox) disse a seus filhos que eles “não eram pessoas sérias” pouco antes de sua morte no terceiro episódio da 4ª temporada, e ele não estava errado – especialmente quando se trata de Kendall.
É por isso que Tom Wambsgans, o ex-marido de Shiv Roy (Sarah Snook), se tornar o CEO americano após a venda da GoJo ser aprovada pelo conselho é poético e perfeito; ele não é um membro da família Roy de sangue, o que o torna excepcionalmente qualificado para o papel, ainda mais se levarmos em conta a origem mais humilde dele, tal qual era a de Logan.
Compare isso com o final desajeitado de Game of Thrones, onde um novo Rei dos Sete Reinos é escolhido aparentemente ao acaso, com Bran Stark (Isaac Hempstead-Wright) ganhando o título depois de passar a série sem fazer nada.
Discorde de Tom tudo o que quiser, mas fingir que ele não lutou pelo primeiro lugar é impossível. Já Bran era um personagem tão de terceira categoria que esteve ausente por uma temporada inteira da série.
A conclusão aqui é que tanto Game of Thrones quanto Succession tiveram finais relativamente fáceis de prever. Ao longo de todas as temporadas de Succession, Tom e seu acólito Greg (Nicholas Braun) sempre foram apontados como os dois personagens que provavelmente ganhariam tudo no final, e em Game of Thrones, Daenerys parecia destinada à ruína.
A maneira como essas duas séries conseguiram seus finais esperados, no entanto, é o que é importante. Uma foi construída, outra foi simplesmente jogada. Por essa razão, Succession acerta, enquanto Game of Thrones falha miseravelmente.
Batizado de “With Open Eyes” (De Olhos Abertos), o episódio final de Succession foi ao ar em 28 de maio no HBO Max.