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13 anos depois, Duna: A Profecia traz de volta uma das melhores coisas de Game of Thrones

Nova série de Max repete feito de sua antecessora.

Duna: A Profecia
Duna: A Profecia

Há exatos 13 anos, o público presenciava a consolidação de um novo padrão nas narrativas de fantasia televisiva, quando Game of Thrones, uma produção ambientada em um mundo feudal complexo, surpreendeu pela densidade política e pela quantidade de personagens.

Ao longo do tempo, tentativas diversas buscaram recriar essa atmosfera, mas raramente alcançaram a mesma capacidade de envolver, discutir e transformar o modo como consumimos histórias épicas.

Entre sagas mágicas, reinos fictícios e investidas espaciais, o público assistiu a inúmeras fórmulas tentando repetir o êxito do passado. Porém, faltava algo que reproduzisse, sem excessos, o mesmo nível de tramas intricadas e manobras silenciosas de poder. Fato é que nem sempre bastam efeitos visuais, cenários imponentes ou longas linhagens familiares se o cerne político e o roteiro não são o foco principal, como podemos ver perceptivelmente entre as primeiras e últimas temporadas do próprio Game of Thrones.

Neste cenário, surge Duna: A Profecia, prelúdio situado cerca de 10 mil anos antes de eventos cinematográficos, que retoma a essência de antigos conflitos, desta vez abordando a fundação de organizações influentes, como a Bene Gesserit, e revelando a gênese de certas Casas disputando influências interplanetárias.

Ao contrário de adaptações que privilegiaram grandes batalhas ou fenômenos visuais, este prelúdio se concentra na arquitetura política do universo, destacando a Casa Harkonnen e as relações que sustentam ou sabotam alianças. A influência de Game of Thrones, conhecidas por viradas inesperadas e personagens estrategistas, torna-se perceptível, preservando o clima de tensão que marcou uma era.

Antes de reduzir toda a experiência a comparações, vale mencionar a tradição de escalar atores reconhecidos por papéis emblemáticos. Assim como outras séries já buscaram figuras célebres para herdar o prestígio de clássicos televisivos, esta nova narrativa não foge à regra.

A herança do gênero

O ingresso de Mark Addy, conhecido por encarnar Robert Baratheon, um líder carismático e imperfeito, reaproxima ainda mais o espectador daquele sentimento intenso gerado por uma trajetória curta, porém inesquecível, em Game of Thrones. Agora como Evgeny Harkonnen, Addy reencontra a audiência em um papel igualmente envolto em questões politicas.

Sua presença em Duna: A Profecia não garante reproduzir exatamente o impacto anterior, mas provoca uma lembrança imediata de intrigas e escolhas equivocadas que modelavam destinos. A dinâmica entre o personagem e Valya Harkonnen insinua alianças provisórias e negociações em terreno minado. Não é preciso muitas palavras, apenas o jogo atento de olhares e intenções, para que o público sinta o peso das consequências.

A intenção da série é criar um ambiente coerente, independente, capaz de contar sua própria história e que, ao mesmo tempo, expanda o universo cinematográfico de Villeneuve. Marcada por discussões silenciosas, recuos estratégicos e demonstrações de poder sutil, a trama não aposta no choque fácil, mas no desenvolvimento gradual de cenários e articulações.

Esse prelúdio, assim, tenta reativar o interesse por disputas cujas vitórias raramente são fruto de força bruta. Com abordagens graduais e personalidades complexas, a produção segue um caminho diferente do habitual, confiando na força dos diálogos e na exibição de uma teia intrincada de relações.

Seja pela habilidade de reacender o fascínio por jogos de poder, seja pela disposição em explorar regiões pouco iluminadas do cânone, a série inaugura uma oportunidade de revisitar um formato de história que, mais de uma década depois, ainda desperta curiosidade.

Duna: A Profecia e Game of Thrones estão disponíveis na Max.

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