Com oito anos muito bem sucedidos, a série que deu início à toda esta empreitada do universo DC na CW, retorna para sua última temporada. Arrow começou tentando se enquadrar dentro da noção “sombria e realista” que parecia ser essencial para atrair o público naquela época, mas tantos anos e tantas séries derivadas depois, a série começa sua despedida abraçando as inúmeras possibilidades deste universo.
Qualquer espectador do “arrowverse” sabe muito bem que este ano é um ano especial, e o fim da jornada de Oliver Queen é apenas um dos elementos que provocam tal entusiasmo. Daqui a algumas poucas semanas, todo este conjunto de séries irá se misturar novamente para um novo “crossover anual”, e este promete ser o evento mais significativo e empolgante de toda a história destas produções. “Crise nas Infinitas Terras” terá muito trabalho pela frente, desde lidar com as possíveis mortes de seus protagonistas, até encaixar várias participações especiais ao longo de seus cinco episódios. Mas para Arrow, o evento também representará um marco do quão longe a série conseguiu chegar, e o quão vasta é a sua influência atual.
Esta última temporada de Arrow foi anunciada com apenas dez episódios, o que já me deixa bem mais animado (e encorajado) para acompanhar as últimas investidas de Oliver (Stephen Amell) e companhia. Já é batido dizer que as séries da DC na CW trazem diversão e drama de sobra para engajar uma boa parte do público, mas o que realmente as impede de terem uma relevância maior dentro do cenário televisivo, é a insistência em mantê-las de acordo com o padrão de longas temporadas da TV aberta americana.
Com dez episódios, no entanto, poderemos ter um vislumbre de como estas séries poderiam funcionar, caso os roteiristas não precisassem encontrar vilões da semana aleatórios, ou estender romances desnecessariamente, apenas para preencher a cota de tramas. Por mim, “Crise nas Infinitas Terras” poderia marcar o fim de todo este modelo, e estas séries finalmente poderiam aproveitar todo o potencial que foi duramente estabelecido até aqui.
Arrow começa a se despedir em clima de reverência. Oliver teve sua dívida coletada pelo Monitor no final da sétima temporada, e inicia sua (suposta) última missão em uma terra paralela, onde nunca saiu da ilha de Lian Yu, sua mãe casou-se com Malcolm Merlyn, e Thea está morta por conta de uma overdose de Vertigo. Acho que não é preciso dizer que qualquer espectador pouco familiarizado com a série irá ficar bem confuso, caso decida dar uma chance à Arrow nesta reta final. O objetivo aqui é, claramente, agradar os fãs que continuam acompanhando toda a jornada até aqui, e que com certeza sentirão uma certa nostalgia ao ver um episódio que se assemelha tanto ao que era a série em sua primeira temporada.
No entanto, um elemento crucial não está mais presente para completar esta atmosfera nostálgica. A falta de Felicity, cuja saída foi competentemente resolvida pelos roteiristas no final da temporada passada, já é sentida neste primeiro episódio, e só deve se tornar ainda mais incômoda conforme a série amarra suas últimas pontas soltas. Mas mesmo sem a personagem presente, sua relevância dentro da série permanece em evidência, e deve ser um fator importante para a finalização do arco de Oliver. Só espero que, pelo menos para o último episódio, a atriz retorne para uma última imagem do casal.
É incrível notar como a equipe de personagens da série cresceu desde seu começo. No estado atual, Oliver poderia realmente pendurar sua capa, e ainda teríamos tramas e personagens de sobra para dar continuidade à série em duas linhas temporais diferentes (que agora, seriam igualmente importantes).
Na parte da ação e identidade da série, Arrow sempre foi a produção da CW cujas lutas eram as mais bem feitas e melhor elaboradas, e embora seu encerramento pudesse significar que, infelizmente, sua abordagem estilística fosse ficar de lado perto das práticas espalhafatosas de Flash e Supergirl, ao menos temos a nova série da Batwoman, que parece disposta a carregar este posto com igual dedicação.
Arrow tem muito o que comemorar com sua última temporada, e aproveitando as possibilidades trazidas pelo Monitor e pela vindoura Crise, a série parece que irá se despedir em tom de realização, enquanto olha para o seu caminho até aqui, e contempla todos os resultados que surgiram desde que Oliver saiu da ilha pela primeira vez.