A segunda parte da 6ª temporada de Cobra Kai, já disponível na Netflix, trouxe reviravoltas emocionantes envolvendo o torneio Sekai Taikai e seus personagens principais. Entre as tramas mais marcantes, destaca-se a subtrama de Johnny Lawrence (William Zabka) e Miguel (Xolo Maridueña), que precisam deixar a competição às pressas para acompanhar Carmen (Vanessa Rubio), grávida e enfrentando complicações de saúde. Embora o desdobramento tenha momentos intensos e cômicos, ele também apresenta um furo de roteiro que desafia a lógica da narrativa.
O arco se inicia quando Johnny e Miguel viajam de Barcelona, onde o torneio está acontecendo, para Los Angeles, em uma jornada de mais de 15 horas. A longa viagem é usada como recurso para aumentar a tensão, com os personagens preocupados com a saúde de Carmen e o destino do bebê. Contudo, o retorno à Espanha ocorre em um tempo praticamente impossível, com ambos de volta ao torneio como se nada tivesse acontecido, prontos para competir sem aparentar cansaço.
A série ignora completamente o impacto de mais de 30 horas de voo no espaço de um único dia. Miguel não perde sequer uma luta, e Johnny mantém sua habitual energia. Essa sequência gerou críticas por sua falta de realismo, e pela forma como subestima o desgaste físico de viagens.
Esse erro não é algo incomum na lógica de Cobra Kai. Desde o início da série, situações exageradas têm sido justificadas pelo tom leve e pela proposta de entretenimento despretensioso. A recuperação milagrosa de Miguel após uma lesão na coluna na 3ª temporada, por exemplo, já havia desafiado a lógica médica, assim como o fato de adolescentes com meses de treino competirem no mesmo nível que mestres de karatê no torneio global.
Ainda assim, o furo na trama de viagem intercontinental destaca-se por ser particularmente difícil de ignorar. A série sempre foi conhecida por esticar os limites da credibilidade, mas a rapidez quase mágica da viagem cria uma quebra maior na suspensão de descrença dos espectadores.
O encerramento da temporada pode mudar o tom da série
Apesar desse deslize, o tom da 6ª temporada muda em seus episódios finais, sugerindo um encerramento mais sério para as tramas principais. O torneio Sekai Taikai, além de representar o clímax da história, também leva os personagens a enfrentarem desafios emocionais e físicos em meio às rivalidades e alianças. Johnny e Daniel LaRusso (Ralph Macchio), que se tornaram líderes para seus alunos, devem lidar com os próprios conflitos pessoais enquanto tentam garantir o sucesso de seu dojo.
Embora a produção tenha mantido o humor e as batalhas emocionantes que conquistaram o público, os roteiristas parecem dispostos a explorar camadas mais profundas de seus protagonistas. O retorno de personagens clássicos e o confronto de histórias antigas devem levar a série rumo a um desfecho memorável.
Embora os erros de roteiro possam parecer um problema para produções com tramas mais realistas, Cobra Kai sempre soube usar seu tom exagerado como parte de sua identidade. O foco da série nunca foi na precisão de seus eventos, mas sim na construção de momentos emocionantes que misturam ação e drama.
Mesmo com a incoerência da viagem de Johnny e Miguel, o público segue investido na história, esperando pelo encerramento definitivo da trama no próximo ano. A parte final da 6ª temporada, com estreia marcada para fevereiro de 2025, deve trazer o desfecho do Sekai Taikai junto às respostas para os dilemas que marcaram os personagens durante toda a série.
Cobra Kai está disponível no catálogo da Netflix.