Quando se pensa em um novo começo para um universo cinematográfico, espera-se algo que surpreenda e cative os espectadores desde o início. É o que James Gunn prometeu ao assumir o comando do DCU, buscando criar histórias que equilibrassem originalidade e apelo popular. No entanto, Comando das Criaturas, primeira produção oficial desse universo, tem despertado preocupação ao reproduzir elementos já conhecidos do público, especialmente aqueles popularizados pelo próprio Gunn no MCU.
Composto por personagens inusitados e um tom que mistura violência gráfica e comédia afiada, Comando das Criaturas certamente se destaca no catálogo da DC. Entretanto, essa abordagem também o aproxima de sucessos anteriores de Gunn, como Guardiões da Galáxia e Esquadrão Suicida.
A série estreou com episódios que cativam pelo dinamismo e pelo uso de músicas impactantes para criar emoção nas cenas, uma técnica muito explorada por Gunn. Esse estilo, que foi uma novidade no MCU anos atrás, hoje enfrenta o desafio de parecer repetitivo, principalmente em um cenário onde o público exige inovação.
Repetindo fórmulas já conhecidas
Desde Guardiões da Galáxia, Gunn mostrou que sabe trabalhar com grupos de personagens desajustados que se tornam heróis improváveis. Comando das Criaturas segue exatamente esse molde, com integrantes que, a princípio, parecem incompatíveis, mas acabam desenvolvendo uma conexão. Essa narrativa tem funcionado, mas a repetição do formato corre o risco de transformar o que antes era inovador em algo previsível.
Mesmo com a classificação indicativa adulta, que permite diálogos e situações mais ousados, a série carrega uma essência muito semelhante às produções anteriores de Gunn. Essas escolhas narrativas criam a sensação de que o diretor criativo está preso a certos padrões e personagens, ao invés de explorar novas possibilidades, contrastando fortemente com a promessa de um universo diversificado e renovador. A falta de distinção em relação ao que já foi feito ameaça o impacto que uma produção inaugural deveria ter.
Para se destacar em um mercado saturado, o DCU precisa fugir das armadilhas que limitaram o DCEU e o próprio MCU. Um exemplo claro de abordagem bem-sucedida no passado foi Mulher-Maravilha, que equilibrava a seriedade de sua trama com a esperança de sua protagonista, criando uma experiência única. Gunn, no entanto, parece preso ao estilo que o consagrou, com um humor irreverente que, apesar de eficaz, não é suficiente para sustentar todo um universo cinematográfico.
Com projetos como Superman: Legacy e Lanterns a caminho, há esperança de que o DCU explore novas direções. Gunn já reconheceu que Comando das Criaturas foi desenvolvido antes de sua visão completa para o universo, o que pode justificar sua semelhança com obras anteriores. No entanto, essa justificativa não diminui o impacto inicial que a série deveria causar.
O DCU tem a oportunidade de aprender com os erros de seus antecessores. Enquanto o MCU perdeu parte de seu brilho por depender excessivamente de sua fórmula consagrada, o DCU pode se destacar ao oferecer histórias inovadoras e emocionantes. A chave para o sucesso está em surpreender o público e redefinir o que significa criar um universo compartilhado.
Novos episódios de Comando das Criaturas todas as quintas-feiras na Max.