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Crítica | Fear the Walking Dead

Fear The Walking Dead, lançado no dia 23 de agosto, é o spin-off do canal AMC para a série adaptada das HQs “The Walking Dead”. Criada por Robert Kirkman (criador tanto das HQs quanto da série original), a série derivada não começa no mesmo ritmo que The Walking Dead começou, mas também não deixa nada a desejar.

O piloto da série, situada em Los Angeles, segue uma família formada por Madison Clark (Kim Dickens), seu namorado Travis Manawa (Cliff Curtis) e os filhos dela, Nick (Frank Dillane) e Alicia Clark (Alycia Debnam-Carey). E é aí que entra o único ponto fraco do piloto, e algo que pode enfraquecer muito a série no futuro: os personagens secundários. São apresentados dois personagens em especial, que poderiam adicionar muito, mas que são basicamente esquecidos durante o decorrer do episódio: Tobias e Matt Sales.

Tobias é aluno da escola onde Madison e Travis trabalham, e é o único na série (com exceção do Nick), que percebe que está acontecendo algo de errado. Ele é apresentado em uma cena e depois é esquecido até um momento em que a cidade inteira começa a entrar em pânico por causa de uma doença que supostamente está assolando a população (mas que o espectador sabe se tratar do vírus zumbi) e começa a causar pânico em todos, quando mostram ele em um ônibus olhando para Madison.

O segundo é Matt Sales, o namorado da Alicia que, devido a atuação de Maestro Harrell, parece ser o único ser humano em Los Angeles que é feliz em meio a um apocalipse zumbi. Ele é o tipo de personagem que poderia dar um tom diferente à série do que o tom sombrio quase constante da série original. Mas ele aparece um pouco no episódio, e depois desaparece, sem responder as mensagens e ligações da Alice, levando a acreditar que ele morreu em algum lugar fora de cena.

A caracterização e a demonstração do personagem Nick, que apesar de ser um adolescente viciado em drogas, que aparentemente só causa problemas, é um dos grandes acertos de Fear The Walking Dead. Nick é o personagem com o qual você acaba se importando mais durante o decorrer do episódio, talvez pela atuação de Frank Dillane, talvez pelo modo como os roteiristas mostram que, apesar de estar sempre drogado e desaparecendo sem avisar ninguém, ele não queria ser assim, e isso faz ele se destacar dos outros personagens.

Outro grande acerto do spin-off é o fato de que, apesar de se passar antes de The Walking Dead e em outro lugar do país, eles ainda assim mantém a mitologia criada por Kirkman nas HQs, o que fica explícito quando Nick mata um traficante que ia tentar matá-lo. Pois quando voltamos para a cena algum tempo depois vemos que o traficante virou zumbi, mostrando que todos já estão contaminados e assim que morrerem viraram zumbis, coisa que só vamos descobrir muito depois do começo na série original.

E talvez o ponto mais forte do piloto é o modo como eles se aproveitam da série se passar no início do apocalipse, para fazer com que os fãs fiquem a todo momento sem saber quem é zumbi e quem não é, fator esse que é utilizado com maestria na cena que a Madison entra na sala do diretor para falar com ele, ele está parado, curvado, e de costas para a câmera, ela chama o nome dele várias vezes e ele não responde, aumentando cada vez mais o suspense da cena, até que ele se vira e revela que ele está normal e que não respondeu antes porque estava de fone, ouvindo os professores darem aulas.

No fim, mesmo após ter se tornado a maior estreia da história da televisão paga nos Estados Unidos, o primeiro episódio da série não é tão impactante quanto foi o da série original, mas ainda assim, é um excelente começo para uma série, e mostra que a série tem um grande potencial no futuro, principalmente se os roteiristas começarem a se aprofundar nos personagens secundários, e nas relações entre eles e os personagens principais.

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