O segundo ano de Fear the Walking Dead chega à AMC no próximo domingo (10), exatamente uma semana depois do explosivo e polêmico final do sexto ano da série da qual se originou. Será tempo o bastante para os fãs esquecerem a entrada de Negan, seu bastão de beisebol enrolado em arame farpado e o mistério (para alguns frustrante, para outros não) de quem foi sua vítima em retaliação aos Salvadores mortos pelo grupo de protagonistas?
Passada durante os primeiros momentos da epidemia de zumbis que assola o mundo de The Walking Dead, esse spin-off notável pode ser exatamente o antídoto para alguns fãs desiludidos. Pelo menos é isso que achou o crítico da Vanity Fair, que assistiu os primeiros episódios dessa segunda temporada com antecedência e elogiou a produção por trazer um suspense surpreendentemente sutil para contrapor o horror niilista e absurdamente violento da sua irmãzinha mais famosa.
No final da temporada passada, vimos os nossos sobreviventes californianos embarcando no iate de Victor Strand (Colman Domingo), um misterioso benfeitor que os salvou em certa ocasião e os guiou até um abrigo. Na água, eles estão “protegidos” de ataques surpresas de zumbis, mas ainda devem decidir para onde vão e se existe algum porto seguro no qual valha a pena tentar aportar. Esse tempo passado no barco compra para os personagens mais momentos íntimos que nos ajudam a conhecê-los melhor e observá-los reagirem ao mundo sendo tomado pelos mortos-vivos de maneira mais centrada e humana do que os personagens de The Walking Dead atualmente conseguem – depois de seis longas temporadas vivendo nesse pós-apocalipse.
Esses personagens são interpretados por atores comprovadamente ótimos como os veteranos Domingo, Cliff Curtis e Kim Dickens, além de novatos interessantes como Mercedes Mason, Alycia Debnam-Carey e o peculiar Frank Dillane. Embora o crítico da Variety ainda não tenha se visto convencido do valor desses personagens como personas dramáticas, como expressou em seu review, ele concorda quanto ao fato de a perspectiva mais humana de Fear the Walking Dead é um respiro aliviado se comparado à brutalidade de sua série mãe.
O jornalista ainda menciona que não culpa a AMC por querer produzir Fear the Walking Dead, especialmente para segurar o interesse na série mais absurdamente lucrativa dos canais a cabo americanos, e que o spin-off pode não alcançar as audiências estratosféricas da série-mãe, mas já é um sucesso virtualmente garantido só por levar a marca no nome. Por outro lado, vê que essa segunda investida do canal no universo de The Walking Dead ainda não criou pernas para se sustentar sozinha, e não tem certeza se ainda há muito espaço criativo para ela crescer.
Em uma visão contrária, a Vanity Fair não só considerou os personagens identificáveis e interessantes, como elogiou a série por criar um senso de suspense elegante e que fazia a ameaça das hordas de zumbis distantes no horizonte de cada um dos portos que os sobreviventes decidiam checar tão eminente quanto a visão de centenas de Walkers se aproximando dos personagens em The Walking Dead. O jornalista citou que a série original é “assustadora”, mas que Fear the Walking Dead é apavorante em um plano mais próximo do espectador, porque nos permite nos colocar mais facilmente na situação dos personagens.
A crítica citou ainda que todas essas virtudes também tem a ver com a série ser naturalmente nova, com os personagens ainda estarem desabrochando para nós, com o caos da invasão zumbi estar apenas começando – essencialmente, é provável que FTWD provavelmente está a caminho do mesmo tipo de narrativa que The Walking Dead explora atualmente, com todos os desafios que a série está passando, mas que por enquanto a AMC acertou ao nos trazer uma visão mais humana do apocalipse zumbi em seus primeiros dias, e que acompanhar essa jornada pode ser surpreendentemente interessante.