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Game of Thrones | Crítica - 8ª temporada - Episódio 4

SPOILERS!

Após o desfecho surpreendente de “The Long Night”, Game of Thrones deixou algumas dúvidas para o que seus 3 episódios finais trarão. Agora que o Rei da Noite e os Caminhantes Brancos, ameaças que vinham sendo construídas desde o começo da série, foram destruídos e a batalha foi ganha, o que mais devemos temer? O quarto episódio da temporada, “The Last of the Starks” responde isso, de qualidade variante entre as formas, mas deixa claro que o grande conflito da série não é sobrenatural, mas sim humano e político.

Ao contrário do episódio anterior, centrado unicamente na batalha, “The Last of the Starks” volta a explorar mais subtramas. Não só isso, troca a ação e o terror para voltar o olhar para os dramas e intrigas humanas, ao passo em que literalmente enterra alguns – com o funeral para todos os mortos na batalha da noite passada abrindo o episódio; agora, felizmente, a fotografia eficiente nos permite enxergar quem realmente se foi.

Também tivemos uma porção que segue a mesma linha de “A Knight of the Seven Kingdons”, mas agora na reversa: se no segundo episódio víamos os personagens temerosos pela batalha se aproximando, o novo episódio traz um raro momento de respiro. Tyrion, Daenerys,Jon, Jaime e todos os demais sobreviventes bebendo, se divertindo e comemorando a vitória com os mortos; rendendo momentos de ternura como Gendry recebendo o título de Lorde da Ponta Tempestade, o jogo de bebidas entre Jaime, Tyrion e Brienne e literalmente qualquer segundo em que Tormund entra em cena para seu papo de bêbado ou a paixão platônica pela grande cavaleira.

O que acaba tornando a experiência pouco proveitosa, infelizmente, é o roteiro. D.B. Weiss e David Benioff são bons showrunners, mas a história ao longo das temporadas já comprovou que o talento dupla como roteiristas não é dos mais inspirados. Basta observar a cena em que Jaime e Brienne acabam fazendo amor, onde a interação dos dois é provocada através do clichê “Puxa, está quente aqui, não é?”. De forma similar, a intriga entre Jon, Daenerys e suas irmãs sobre sua verdadeira linhagem como Tagaryen novamente volta a bater na mesma tecla, e o texto de Weiss e Benioff não faz muito para explorar suas consequências, iniciando um jogo de segredos que logo começa a ser espalhado como Gossip Girl.

Porém, nesse meio todo o diretor David Nutter é capaz de desenvolver o núcleo apertado de Daenerys Targaryen. Como a hora anterior foi inteiramente centrada na batalha, Daenerys só pôde absorver a revelação de Jon Snow como Targaryen agora, e sente-se ameaçada. Nutter é eficiente ao manter enquadramentos que forcem o isolamento da Rainha dos Dragões, especialmente aquele em que observa a diversão que todos têm a seu redor, e ela percebe estar sozinha; e mais do que isso, sem o apoio do povo. É também um ótimo momento de Emilia Clarke, que foi evoluindo de forma admirável como atriz ao longo das séries.

Eis que, após 1 hora de despedidas e momentos que flertam com Riverdale e Gossip Girl, Game of Thrones explora uma bomba. Euron Greyjoy e a frota naval surpreende Daenerys e ser exército em pleno oceano; um dos dragões, Rhaegar, é cruelmente derrubado pela besta de Euron, e o plano estabelecido de Daenerys desanda de forma tensa. Missandei é capturada e levada para Porto Real, forçando um contra-ataque imediato da Mãe dos Dragões e seu exército.

É uma virada de roteiro um tanto apressada, especialmente considerando a desproporção entre 1 hora em Winterfell com festas e despedidas e os últimos 20 minutos mais intensos. Mas confesso que vale a pena, pois foi um desfecho primoroso. Ainda que o texto de Weiss e Benioff não seja dos mais inspirados neste confronto, a direção de Nutter para o diálogo entre Tyrion e Qyburn às portas de Porto Real é digno de um faroeste, e sua câmera constrói a tensão para o trágico final, que culmina na morte de Missandei pelas mãos do Montanha.

É o gatilho perfeito para que Dany, furiosa pelo assassinato de Missandei, abrace ainda mais sua postura descontrolada e que foi sendo reforçada em cenas anteriores do episódio.

Tal como seu pai há anos atrás, podemos estar testemunhando a ascensão da Rainha Louca, e o desfecho não parece feliz para Daenerys Targaryen.

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