O ano de 2024 foi uma verdadeira montanha-russa, não apenas em eventos globais, mas também no mundo da televisão. Embora a indústria seja conhecida por sua natureza cíclica, nem tudo o que as redes e plataformas de streaming lançam consegue decolar ou ter um desfecho suave. Para cada nova série que estreou ou está programada para brilhar neste ano, muitas outras chegaram ao fim – algumas de maneira planejada, outras inesperadas e, em alguns casos, de forma completamente chocante.
Entre os cancelamentos, houve desde séries cult com uma base de fãs leais até comédias musicais elogiadas pela crítica. Favoritos de franquias consolidadas também não escaparam do corte, assim como séries de fantasia de alto conceito que conquistaram grandes audiências ao longo de suas jornadas. Cada um desses programas encontrou, de alguma forma, o “dente do urso” do cancelamento em 2024, e suas mortes repercutiram de maneiras diferentes – chocando fãs, críticos e até mesmo os talentos por trás das câmeras.
Seja pela popularidade inesperada, pelo potencial narrativo ainda não explorado ou pelas circunstâncias que levaram ao encerramento, os cancelamentos deste ano foram marcantes. Alguns finais já estavam definidos, planejados com antecedência como um encerramento digno de suas histórias. Outros, porém, pegaram todos de surpresa, com anúncios abruptos e sem o devido fechamento para seus personagens e tramas.
Independentemente das razões, este ano se destacou pela quantidade de cancelamentos surpreendentes e impactantes, cada um com uma história única por trás de sua despedida. A seguir, exploraremos algumas das séries mais impressionantes que nos deixaram em 2024 – um adeus que, para muitos, veio cedo demais.
Schmigadoon!
Como uma sitcom musical repleta de músicas originais, coreografias elaboradas e momentos de dança, Schmigadoon! conquistou tanto os críticos quanto o público. Assim como a peculiar comédia musical Galavant antes dela, Schmigadoon! também não conseguiu escapar do destino reservado a produções com popularidade de culto, sendo cancelada após apenas duas temporadas.
A série acompanha Melissa Gimble (Cecily Strong) e Josh Skinner (Keegan-Michael Key), dois médicos cujo relacionamento está à beira do colapso. Durante uma caminhada, o casal inesperadamente tropeça na mágica cidade musical de Schmigadoon e descobre que estão presos em seus vibrantes e alegres limites. A única maneira de escapar? Encontrar o amor verdadeiro — algo que eles podem ou não redescobrir um no outro.
Na segunda temporada, a narrativa faz uma transição criativa, parodiando musicais das décadas de 1960 e 1970, como Chicago e Cabaret. Agora em Schmicago, uma versão sombria e cínica de uma metrópole musical, Melissa e Josh enfrentam novas crises em seu casamento. Sua missão é superar o pessimismo do local e, mais uma vez, buscar um final feliz.
O cancelamento de Schmigadoon! foi um choque para seus fãs fiéis, mas ninguém foi mais surpreendido do que os próprios produtores e roteiristas. Antes do anúncio da Apple TV+, eles já haviam concluído os roteiros e 25 músicas originais para uma planejada terceira temporada. Cinco Paul, co-criador da série, compartilhou sua frustração e esperança no Instagram: “O otimista em mim está convencido de que este não é o fim de Schmigadoon!… talvez seja até o início de algo feliz.”
Embora o futuro da série permaneça incerto, Schmigadoon! já se consolidou como uma das perdas mais inesperadas e lamentadas de 2024. Onde ver: Apple TV+.
The Flight Attendant
A Comissária de Bordo (The Flight Attendant) é um exemplo raro de uma série em que a decisão de encerrar a história foi ditada pela estrela principal, e não pela emissora. Apesar das expectativas da Max por uma terceira temporada da comédia dramática surreal, Kaley Cuoco, protagonista e produtora executiva, sentiu que o arco de sua personagem, Cassie Bowden, havia sido concluído após duas temporadas e não desejava continuar com o projeto.
“Sempre imaginei A Comissária de Bordo como uma série limitada e, graças a uma incrível equipe criativa, conseguimos entregar duas temporadas emocionantes”, afirmou Cuoco em um comunicado à imprensa (via TVLine). “Pessoalmente, interpretar Cassie foi um sonho realizado, e sou profundamente grata a todos que contribuíram para dar vida a esta série extremamente original.”
A trama da série girava em torno de Cassie Bowden, uma comissária de bordo despreocupada e autodestrutiva, cuja noite de bebedeira a envolve em um assassinato de alto nível. Na segunda temporada, Cassie adquire experiência como espiã e passa a trabalhar como agente dupla. Enquanto enfrenta conspirações internacionais, ela precisa lidar com seus próprios demônios e superar suas dúvidas internas para se tornar a melhor versão de si mesma.
Essa jornada de autodescoberta e superação parece ter fechado o ciclo da personagem de forma satisfatória, o que torna uma possível terceira temporada desnecessária para muitos. Ainda assim, o encerramento da série deixa um legado como uma das produções mais originais e marcantes da Max, impulsionada pela brilhante atuação e liderança de Cuoco. Onde ver: Max.
Minx
Minx é um dos raros exemplos de séries que conseguem sobreviver ao cancelamento mudando de emissora, apenas para, infelizmente, enfrentar o mesmo destino em sua nova casa. Originalmente exibida na Max antes de ser resgatada pela Starz, a comédia de época nunca pareceu encontrar um lar ideal. É surpreendente que a Starz tenha decidido encerrar a série sem ao menos dar mais uma chance para consolidar seu público. Agora, após duas temporadas, Minx se despede, juntando-se às revistas adultas que estavam no cerne de sua identidade como mais uma relíquia do passado cultural americano.
A trama acompanhava Joyce Prigger (Ophelia Lovibond), uma jovem universitária determinada a lançar uma revista adulta voltada para mulheres. Em sua jornada pelo submundo pornográfico de Los Angeles na década de 1970, ela cruza caminhos com Doug Renetti (Jake Johnson), um editor experiente que promete ajudá-la a transformar sua visão em realidade. No entanto, as ambições de Joyce e as pressões externas acabam ameaçando seus sonhos, tornando sua luta uma complexa mistura de idealismo e pragmatismo.
Apesar de seu cancelamento, um futuro para a série parecia possível. Paul Feig, produtor executivo de Minx, revelou que uma potencial terceira temporada traria novas camadas emocionais à história, com a introdução da ex-mulher de Doug e da mãe de Joyce como personagens centrais. Infelizmente, esses desenvolvimentos agora serão deixados para a imaginação dos fãs.
Com seu humor inteligente, temática feminista e visão ousada, Minx deixa sua marca como uma das produções mais originais e subversivas do cenário televisivo recente.
Nossa Bandeira é a Morte
Este pode ser o cancelamento mais surpreendente da temporada 2023-2024. Nossa Bandeira é a Morte (Our Flag Means Death) conquistou o público ao explorar as aventuras fictícias dos piratas da vida real Steed Bonnet (Rhys Darby) e Edward Teach — mais conhecido como Barba Negra (Taika Waititi). A série abordava a relação entre Steed e Ed, que lentamente se apaixonam enquanto Steed tenta equilibrar sua vida como um “pirata cavalheiro” a bordo do Revenge, junto com uma tripulação diversa e excêntrica de marinheiros.
A decisão da HBO de cancelar a série pegou a todos de surpresa, especialmente porque nenhum motivo oficial foi divulgado. Críticos e fãs ficaram igualmente perplexos, enquanto o criador da série, David Jenkins, revelou que a conclusão da segunda temporada — com Steed e Ed se estabelecendo em uma casa decadente em uma ilha, tentando iniciar uma nova vida juntos — não era a conclusão planejada. Segundo Jenkins, o programa foi concebido para ter três temporadas, o que tornaria o desfecho muito mais completo e satisfatório.
Esses comentários inflamaram a base de fãs da série, que rapidamente se mobilizou para salvar o programa. O movimento #SaveOurFlagMeansDeath ganhou força, com ações criativas e de grande escala para chamar atenção. Entre as iniciativas estavam a colocação de um outdoor na Times Square e a contratação de um avião que sobrevoou Los Angeles com um banner pedindo a renovação da série. A campanha continua ativa até o momento, ainda que em menor escala, mostrando a dedicação dos fãs em encontrar um novo lar para a produção.
Com David Jenkins mantendo as portas abertas para possíveis negociações, há uma ponta de esperança de que Our Flag Means Death possa ser resgatada. Afinal, em um mundo onde até piratas encontram o amor, tudo parece possível. Onde ver: Max.
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NCIS: Hawaii
NCIS: Hawaii trouxe uma abordagem única ao vasto universo de NCIS. A série destacou-se não apenas por seu sólido desempenho em termos de audiência, mas também por conquistar um grupo fiel de seguidores graças à sua abordagem diferenciada em relação ao restante da franquia. Foi a primeira a apresentar uma protagonista feminina, Jane Tennant (Vanessa Lachey), além de incluir duas personagens lésbicas de destaque, Lucy Tara (Yasmine Al-Bustami) e Kate Whistler (Tori Anderson).
O público se conectou profundamente com o romance de Kate e Lucy, assim como com a complexa história de Jane. A chegada de Sam Hanna (LL Cool J), vindo de NCIS: Los Angeles, também trouxe uma dinâmica renovada à equipe, fortalecendo ainda mais a química entre os personagens. Por isso, o cancelamento da série pela CBS pegou os fãs de surpresa, especialmente considerando suas audiências consistentes. A emissora justificou a decisão citando questões de custo versus audiência, além do desejo de reformular sua programação.
Como parte dessa renovação, a CBS apostou em uma nova série, NCIS: Origins, uma prequela que explora a juventude de Leroy Jethro Gibbs, interpretado por Austin Stowell. No entanto, muitos fãs de NCIS: Hawai’i não ficaram satisfeitos, acusando a emissora de preconceito e alegando que a decisão não foi justa, apesar da CBS ter afirmado que tentou salvar o programa. A insatisfação levou alguns a prometerem um boicote, o que parece estar surtindo efeito: NCIS: Origins tem registrado índices de audiência consistentemente mais baixos nos Nielsens do que NCIS: Hawai’i. Embora a CBS atribua parte do desempenho à concorrência com o Monday Night Football, o fracasso de audiência pode acabar revertendo a decisão da emissora, dando a última palavra aos fãs de “Hawai’i”. Onde ver: Globoplay.
CSI: Vegas
Era uma vez, milhões de espectadores sintonizavam religiosamente todas as semanas para assistir a um novo episódio de CSI ou de um de seus inúmeros spin-offs. No entanto, os tempos mudaram. CSI: Vegas agora se junta aos seus antecessores no limbo dos cancelamentos, encerrando sua jornada após apenas três temporadas. A decisão surpreende, pois marca o fim da presença de uma das franquias mais icônicas dos anos 2000 e início dos anos 2010 no horário nobre da CBS. Como justificativa, a emissora alegou falta de espaço em sua grade de programação.
CSI: Vegas buscou capturar a nostalgia da série original, com um elenco rotativo que trouxe de volta rostos familiares e queridos pelo público. Na primeira temporada, os veteranos Sara Sidle (Jorja Fox) e Gil Grissom (William Petersen) lideraram as investigações, enquanto Catherine Willows (Marg Helgenberger) assumiu o protagonismo nas temporadas 2 e 3. A série manteve a clássica fórmula que tornou a franquia um fenômeno: crimes brutalmente macabros, humor seco e o inconfundível ambiente de laboratório forense, repleto de sangue e cenas impactantes.
Ainda não há como prever se a CBS pretende ressuscitar CSI no futuro, nem se veremos esses personagens icônicos novamente. Porém, para uma franquia que já se reinventou tantas vezes, uma grande reunião de elenco ou uma nova iteração pode não estar tão distante quanto parece. Afinal, em CSI, o impossível sempre parece encontrar um caminho de volta à vida.
The Acolyte
Embora alguns espectadores tenham alegado que The Acolyte estava fadado ao fracasso devido ao elenco, à escrita ou à reação negativa de parte dos fãs, o cancelamento após apenas uma temporada ainda foi surpreendente. Como um projeto de alto pedigree dentro do universo Star Wars e fortemente promovido pelo Disney+ em seu lançamento, sua curta trajetória chamou a atenção. A série recebeu elogios consideráveis da crítica, alcançando uma taxa de aprovação de 78% no Rotten Tomatoes, e estreou como um dos programas mais assistidos da plataforma. No entanto, com o tempo, os números oscilaram, levando a produção a subir e descer nos rankings do top 10 do Disney+.
A trama girava em torno das gêmeas padawans Osha e Mae (ambas interpretadas por Amandla Stenberg), que foram separadas na infância após um incêndio trágico. Mae desapareceu, enquanto Osha, incapaz de controlar seu temperamento, falhou em se tornar uma Jedi e escolheu se distanciar da Ordem. Anos depois, Mae reaparece como uma assassina, forçando Osha a confrontar o passado ao lado de Sol (Lee Jung-jae), um ex-Mestre Jedi encarregado de investigar os crimes. Juntando-se à trama está Quimir (Manny Jacinto), um enigmático personagem que parece saber mais sobre o passado das gêmeas do que deixa transparecer.
Como qualquer fã de Star Wars sabe, até mesmo os capítulos menos apreciados desse vasto universo costumam ser reciclados, reaproveitados ou reinterpretados em projetos futuros. Talvez leve alguns “anos-luz”, mas The Acolyte ainda pode encontrar uma reavaliação e um lugar na galáxia da franquia. Odiada por alguns e amada por outros, a série dividiu os fãs e fez tudo, menos trazer equilíbrio à Força. Onde ver: Disney+.
Halo
Era uma fórmula que parecia destinada ao sucesso. Halo baseava-se em uma das mais populares franquias de videogames e apresentava gráficos impressionantes, dignos de uma produção televisiva de alto nível, tão nítidos quanto as imagens do jogo. Com séries baseadas em jogos como The Last of Us e Fallout ganhando enorme destaque, parecia natural construir uma história em torno das aventuras do icônico Master Chief. Inicialmente, a estratégia parecia funcionar: a série conquistou uma base sólida de audiência suficiente para garantir uma renovação. No entanto, a versão do Paramount+ de Halo teve sua trajetória interrompida após apenas duas temporadas, deixando os fãs perplexos com o cancelamento e se perguntando o que poderia ter dado errado.
Especulações apontam para o alto custo de produção como um dos principais motivos para o fim prematuro. Afinal, todos aqueles visuais elaborados e cinematográficos têm um preço elevado.
Assim como no jogo, a série acompanhava o Mestre Chefe John-117 (interpretado por Pablo Schreiber), um super-soldado parte do lendário grupo Spartan. Juntos, eles lutavam ao lado da humanidade contra uma força alienígena ameaçadora, enfrentando uma batalha desesperada para garantir a sobrevivência da espécie humana.
Apesar do cancelamento, os produtores da série sugeriram que este pode não ser o fim da saga de Halo. Fãs ainda podem nutrir esperanças de revisitar as aventuras distantes do Master Chief em algum outro formato ou plataforma. Onde ver: Paramount+.
Garotos Detetives Mortos
Foi um ano difícil para séries de fantasia e de culto. Além dos cancelamentos de Our Flag Means Death e Kaos, Garotos Detetives Mortos chegou ao fim após apenas uma temporada na Netflix. Baseada nos populares quadrinhos da DC criados por Neil Gaiman e Matt Wagner, a série parecia ter tudo para prosperar: um público fiel, laços com o universo de Sandman e a promessa de capturar a mesma magia que tornou a série anterior um sucesso. No entanto, isso não foi suficiente para evitar o cancelamento.
A trama acompanha Edwin Payne (George Rexstrew) e Charles Rowland (Jayden Revri), dois jovens que, em vez de seguirem para o pós-vida, decidem permanecer na Terra para resolver crimes. Edwin, já um detetive em vida, é acidentalmente arrastado para o inferno, enquanto Charles encontra um fim trágico e violento causado por seus colegas de classe. Unidos pelo desejo de justiça, eles juntam forças com Crystal (Kassius Nelson), uma médium que os ajuda a navegar entre o mundo dos vivos e o sobrenatural.
Apesar de conquistar boas críticas e um público fiel, Garotos Detetives Mortos não conseguiu atender às expectativas da Netflix, conhecida por suas exigências quanto ao desempenho de suas produções. Embora os fãs ainda busquem outra plataforma para dar continuidade à série, o futuro parece incerto. Mesmo com aclamação crítica e potencial inexplorado, o programa pode ter encontrado seu destino final. Onde ver: Netflix.
My Lady Jane
Outro exemplo dos desafios em lançar uma série de fantasia na temporada 2023-2024 foi My Lady Jane, do Prime Video. A produção misturava a trágica história real de Lady Jane Grey (Emily Bader) com um conto de fantasia, explorando humanos que mudam de forma e as castas sociais que isso inspira. Apesar de desenvolver um culto de seguidores no TikTok, onde fãs expressaram indignação com o cancelamento, a série foi arquivada antes de uma segunda temporada. O clamor público chegou a ganhar o apoio de George R.R. Martin, que usou seu blog para defender a renovação do programa.
A história acompanha Jane enquanto ela é forçada a um casamento político com Lord Guildford Dudley (Edward Bluemel). Sendo a próxima na linha de sucessão ao rei Eduardo VI (Jordan Peters), Jane descobre que Dudley pertence a uma classe marginalizada chamada Ethianos — humanos que podem se transformar em animais. O problema é que Dudley não tem controle sobre sua transformação e, em sua forma animal, vira um cavalo, o que complica ainda mais a já tensa dinâmica política e pessoal do casal.
A convivência entre Ethianos e humanos normais é proibida, e se o segredo de Dudley for revelado, isso poderia levar a uma execução. Além disso, forças opostas, incluindo Etianos que desejam reivindicar o trono, conspiram contra eles. A trama apresenta um delicado equilíbrio entre intrigas políticas e os dilemas pessoais de Jane e Dudley.
Apesar de seu cancelamento precoce, ainda resta a esperança de que a história encontre um desfecho — talvez com outra emissora ou plataforma resgatando a série e revelando como Jane e Dudley enfrentarão seus destinos. Onde ver: Prime Video.
