Não seria exagero afirmar que Prison Break foi um seriado marcante para uma geração. Com suas quatro temporadas que acompanharam as eternas fugas dos irmãos Michael Scofield e Lincoln Burrow, Prison Break teve um desfecho bastante conclusivo, seria até difícil imaginar uma continuação. Passado mais de sete anos e uma legião de fãs que só aumentam a série está de volta, com o objetivo de ser mais do que um simples revival com fins lucrativos ou simplesmente para agradar os aficionados.
O primeiro episódio da nova temporada, intitulada Prison Break: Resurrection, tem a missão de situar o espectador no universo da série após tanto tempo e, também, introduzir um conflito tão impactante que faça com que essa nova narrativa gere um grande interesse. O piloto – se assim podemos dizer – demonstra que dessa vez o fio condutor da narrativa será Linconln, a jornada dar-se-á pelos olhos desse personagem. Logo nos minutos iniciais, o protagonista recebe uma foto (informação que está até nos primeiros trailers da série, logo não é spoiler) que provaria a sobrevivência de seu irmão, agora encarcerado numa prisão no Oriente Médio.
Premissa forte por si só e bastante radical, alterando toda a conclusão da saga até então, a informação alterará a dinâmica do personagem em todas as instâncias. O fato de Michael poder estar vivo é um turbilhão – ou uma tempestade como uma personagem define – emocional e íntimo para Sara (viúva de Scofield), seu irmão Lincoln e seus outros comparsas. O interessante dessa quinta temporada é que as relações entre os personagens se mantém, não há uma tentativa de descartar aquilo que já foi visto, mas sim de investigar ainda mais aqueles personagens, oferecendo mais informações para os fãs e colocando aqueles seres numa situação limite, que só ganha ainda mais força com o efeito do tempo – elemento que a série felizmente não descarta.
Essa premissa limite, que pode muito bem soar exagerada nos próximos episódios, coloca a série em um novo modo de funcionamento. O fato desse misterioso aparecimento de Michael ocorrer em terras internacionais marcadas por complexos arranjos políticos, insere os personagens já conhecidos numa conspiração de proporções muito maiores, de escala global realmente.
Se as primeiras temporadas de Prison Break era marcada por um realismo visceral, enquadrando os espectadores no sistema carcerário, agora essa nova temporada parece pautada por essa grande dimensão de sua missão, a série como já demonstrou terá sequências de ação e perseguição pretensamente grandiosas (remetendo até a filmes como 007), afastando-se daquele estilo que se aproximava das séries policiais mais urbanas e realistas.
Claramente, nesse primeiro episódio da quinta temporada, a série da Fox demonstra também um desejo por apontar questões importantes do universo real, uma obra que não estaria alheia ao que ocorre no mundo. Algo que reforça também a consciência desse tempo passado desde sua última temporada. A decisão de embarcar para o Iêmen faz com que a série corra o risco de retratar o Oriente como aquela terra de bárbaros, numa eterna guerra de todos contra todos.
Amenizando essa questão, um dos personagens chave das outras temporadas converteu-se ao Islamismo, e além de auxiliar na missão por seu conhecimento daquelas tradições, também serve como um conscientizador daquilo que se vê, prometendo desmistificar alguns preconceitos que a série poderia ajudar a perpetuar.
Consciente do tempo que passou desde suas temporadas de sucesso, Prison Break vai ter que lidar com o grande avanço técnico e narrativo que as séries americanas passaram ao longo desses sete anos. Se Prison Break fortaleceu e sustentou o momento que vêm sendo chamado como a segunda era de ouro da TV, agora é hora de perceber que não há como manter padrões estéticos, narrativos e técnicos de anos atrás.
Essa lacuna temporal, por vez ou outra, surge no primeiro episódio da série e pode ser um ponto que evite essa nova temporada chegar tanto ao mesmo patamar das demais, quanto equiparar-se às séries que fazem sucesso no momento. A quinta temporada de Prison Break será desafiadora em diversos sentidos.