O primeiro episódio com um universo alternativo que continha “versões malignas” dos personagens principais provavelmente foi “Mirror, Mirror”, capítulo de Jornada nas Estrelas de 1977 que Cisco mencionou no 13º episódio da segunda temporada de The Flash.
“Welcome to Earth-2” é como “Mirror, Mirror”, mas em altíssima velocidade. É óbvio que os roteiristas estavam salvando suas ideias para esse episódio por toda a temporada, visto que em menos de 1 hora viajamos por todas as reviravoltas e diferenças entre as duas Terras possíveis. Foi tão divertido que não há coisa melhor do que pensar que termos mais um episódio no mesmo estilo semana que vem.
Essa viagem para a Terra-2 não poderia ter vindo em um momento melhor, visto que The Flash esteve entregando episódios pouco inspirados desde seu retorno do hiato no final do ano passado. O novo episódio dá combustível para a temporada e para a trama envolvendo o Zoom, já que Barry e companhia viajam para o universo paralelo a fim de salvar Jesse Wells do vilão. Acontece que, enquanto eles estão fazendo a viagem, o canhão de velocidade se quebra, deixando Caitlin e Jay com 48 horas para consertá-lo, ou Barry, Harry e Cisco podem ficar presos na Terra-2 para sempre.
Essa “nova Terra” acaba sendo tremendamente divertida. Nós vimos pedaços dela, e do seu visual retro futurista, durante a temporada, mas agora mergulhamos fundo na realidade alternativa, e as revelações vem com velocidade comparável ao do herói da série. A versão de Barry nessa realidade ainda trabalha com a polícia de Central City, Iris é uma detetive na mesma instituição, e seu novo parceiro é ninguém menos que o Deadshot. Como Barry descobre assim que tenta assumir sua identidade paralela, no entanto, as diferenças não param por aí: na Terra-2, ele e Iris são casados, e a mãe de Barry está viva!
É talvez um clichê cansado colocar super-heróis para “viver a vida que poderia ser real” caso suas escolhas tivessem sido diferentes, mas esse elemento adiciona um pouco de melancolia ao episódio. Barry descobre, por exemplo, que a versão desse universo de Joe West é um cantor de jazz que o odeia, e que Caitlin e Ronnie, apesar de ainda estarem juntos, são vilões associados ao Zoom. O mesmo pode ser dito de Cisco, que aqui é conhecido como Reverb e é muito mais poderoso do que o Vibe que ele encarna na Terra-1.
Por falar na Terra-1, às vezes cortamos de volta para lá para acompanhar Caitlin, Jay e Joe lidando com um vilão-da-semana bastante comum, chamado Geomancer. Pelo menos essa é uma oportunidade para vermos Jay colocar de volta o capacete e ser posto a par das evoluções na tecnologia de Caitlin, que continua querendo aperfeiçoar a fórmula da velocidade. Passamos mais de metade da temporada com Jay não exercitando seus poderes, e já passava da hora da série consertar isso.
Quaisquer reclamações sobre esse episódio são bobagens, no entanto. Todos os atores estão se divertindo tanto que fica difícil destacar só um, mas provavelmente Danielle Panabaker merece um pouco de atenção, visto que sua Caitlin não esteve nos melhores momentos até agora, quando a atriz consegue se soltar e entrar em ação interpretando a versão alternativa de sua personagem.
O episódio fica um pouco sombrio quando Zoom aparece, matando a versão alternativa de Cisco e pegando Barry de refém, em uma cela diretamente em frente a de Jesse Wells. De certa forma, esse episódio é um pouco “incompleto”, já que termina com poucas resoluções e ainda temos quase uma hora na Terra-2 – mas isso são tecnicalidades, porque The Flash dificilmente fica melhor do que esse episódio.