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The Magicians | Harry Potter para adultos assusta em início promissor

The Magicians, a nova série do canal Syfy, conta a história de um jovem chamado Quentin Coldwater, propenso a deixar a mente vagar por fantasias, que precisa urgentemente desenvolver um senso de realidade mais aguçado. Ao mesmo tempo, The Magicians conta a história de Julia Wicker, uma jovem cheia de ambições que desenvolve uma obsessão incansável por uma escola de magia que a rejeitou.

Os livros nos quais a série se baseia, escritos por Lev Grossman, são na superfície concentrados em Quentin, visto que a história de Julia só é contada a partir do segundo volume, mas muitos fãs argumentariam que ela é tão protagonista, se não mais, que ele. A série, naturalmente, quer conjugar as duas coisas.

O primeiro episódio, “Unauthorized Magic”, dedica sua atenção a ambos, mas foca mais na história de Quentin. A cena inicial apresenta uma tentativa mal direcionada de nos dar dicas de mistérios que podem formar o cerne da trama central da série no futuro, mas assim que mergulha no universo de Quentin, The Magicians fica bem melhor. Usar “Time to Pretend”, do MGMT, nas cenas em que Quentin tenta, sem sucesso, se misturar a sociedade em geral, e convencer seu psicólogo que está tudo bem com ele, foi uma escolha no mínimo geniosa.

As situações pelas quais o protagonista de The Magicians passa são muito identificáveis para o público que provavelmente vai ser atraído pela série. Quentin deixou suas fantasias sobre como sua juventude deveria ser, aprendidas na cultura pop, substituírem a maturidade que já deveria ter chegado para ele – quando ele finalmente chega à Brakebills, ele ainda é o jovem nerd e desajustado que era no mundo “normal”, embora a série se concentre em nos mostrar que ele se encaixa um pouco melhor lá. Seus amigos ainda são personagem bidimensionais, e nem sempre o incrível conhecimento prévio que Quentin demonstra sobre magia é um conceito fácil de assimilar.

Julia, por sua vez, parece bem mais propensa a se transformar em uma heroína de fantasia. O momento em que ela corta seu braço com um anel enquanto o instrutor não está olhando é tão ou mais enervante que a infeliz cena em que ela é atacada, em sua festa de aniversário, pelo Beast. Fazer a personagem passar por esse bizarro ritual de iniciação com tons de abuso sexual não é a forma mais eficiente, nem a mais correta, de nos mostrar que ela tem a capacidade e a força para usar seus poderes mágicos.

Por outro lado, essa cena centrada no Beast é incrivelmente assustadora e incrivelmente eficiente. Harry Potter e seus amigos apontando varinhas um contra o outro não podem competir com uma criatura de seis dedos fazendo uma série de movimentos bruscos e severos com as mãos para estrangular um homem à distância. Se conseguir manter esse nível de tensão mesmo que pela metade do tempo, The Magicians vai ser muito assustadora.

“The Source of Magic”, o segundo episódio, é bem menos empolgante. As tramas paralelas de Quentin e Julia não convencem – ele luta contra a possibilidade de ser expulso da escola por participar do ritual que deixou o Beast à solta, e ela com a aceitação ou rejeição de seus novos amigos mágicos. Como ambos os conflitos tem respostas óbvias, o episódio não carrega muito peso, e a asserção de Julia quanto a não querer mais falhar nos testes que a vida lhe entrega é ao mesmo tempo identificável e redundante. Nós já entendemos, ela é talentosa e determinada! Hora de transformá-la em um personagem mais tridimensional.

O final do episódio é como um botão de reset, com todos seguramente em seus caminhos pré-definidos. As únicas revelações interessantes são quando descobrimos que a colega de classe de Quentin, Kady, está trabalhando para os novos amigos de Julia, provavelmente porque eles tem algo com o qual chantageá-la. Além disso, descobrimos que Dean está vivo mesmo depois do ataque do Beast, e que ele está furioso com Eliza por ter trazido Quentin para dentro da Brakerbills – em um ótimo momento, Liza diz para Quentin que ele não é tão especial, no final das contas.

Parece que, mesmo para adolescentes mágicos, é preciso aprender essa lição.

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