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Aves de Rapina é um dos maiores fracassos da DC; entenda por quê

Apesar de estar se preparando para ir ao Oscar neste domingo (9), onde concorre a Melhor Atriz Coadjuvante por O Escândalo e celebra o sucesso de Era Uma Vez em Hollywood, Margot Robbie não recebeu boas notícias nesta manhã. Isso porque Aves de Rapina: Arlequina e Sua Emancipação Fantabulosa, filme que marca o retorno de sua adorada personagem da DC e que também carrega seu nome na produção, teve uma das piores estreias da História da editora.

O filme, que foi dirigido por Cathy Yan, escrito por Christina Hodson e contém um elenco majoritariamente feminino, abriu abaixo das expectativas da Warner Bros nas bilheterias. Como noticiado pelo Box Office Pro, o longa abriu com US$33 milhões nos EUA, e um total de apenas US$81.3 milhões globalmente. É a pior estreia dessa nova fase da DC (iniciada com O Homem de Aço), e que sugere um rendimento bem decepcionante para o filme – que não deve ser um prejuízo, visto o orçamento mais reduzido de US$90 milhões, mas que pode desacelerar os planos do estúdio com esse leque de personagens.

Agora, o que provocou esse desempenho tão decepcionante para Aves de Rapina? Afinal, o filme teve uma aprovação bem positiva e forte com a crítica especializada, com o Rotten Tomatoes apontando uma média de mais de 82% em seu agregador. Há uma série de fatores infelizes que contribuem para esse resultado agridoce.

As sobras de Esquadrão Suicida

O marketing é o primeiro deles. Convenhamos, era difícil encontrar um público fora da bolha da DC e dos fãs de quadrinhos que realmente estivesse interessado, justamente pela exposição limitada. Houveram apenas dois trailers, lançados muito tarde no processo de lançamento (o segundo trailer saiu menos de um mês antes da estreia oficial nos cinemas, o que representa uma péssima estratégia), e que também não provocaram um impacto tão grande quanto aqueles para Esquadrão Suicida – que, inclusive, até mudaram a percepção do estúdio em relação ao filme de David Ayer.

Por falar em Esquadrão Suicida, esse é outro problema de marketing. Ainda que o filme dos super-vilões tenha feito mais de US$700 milhões ao redor do mundo e ter faturado um Oscar de Melhor Maquiagem, é considerado como um dos piores trabalhos da DC; massacrado pela crítica e também por boa parcela dos fãs. Mesmo que a Arlequina de Robbie tenha sido o ponto elogiado daquele filme, a ideia de um filme que continua os eventos de Esquadrão pode ter pesado para o público, que já não queria saber mais daquele universo; muito menos do Coringa de Jared Leto, que mesmo não aparecendo em Aves de Rapina, é constantemente citado pelos personagens ao longo da narrativa.

Não precisava ser para maiores

O outro fator importantíssimo, e que provavelmente está mais ligado ao número baixo, é a classificação indicativa. Diferentemente de Esquadrão Suicida e a maior parte dos lançamentos da DC (e da Marvel), Aves de Rapina tem classificação R (para maiores de 17 anos) nos EUA, o que limitou boa parte do público-alvo do filme, já que muitas pré-adolescentes são fãs da Arlequina e lotam eventos de cosplay com suas fantasias inspiradas na personagem. Por mais que seja divertido ver Arlequina, Caçadora, Canário Negro e os demais personagens xingando e envolvidos em lutas brutais, a Warner não precisava ter apostado na classificação mais alta. O risco é sempre ótimo (vide Logan e Coringa), mas não era uma necessidade aqui.

Esses são fatores concretos, com os quais podemos acreditar. Então começam outras especulações: o fracasso de Aves de Rapina remete bastante àquele do reboot de As Panteras, outra grande produção que apostava no feminismo para se promover e também em um elenco feminino – com a diferença sendo a de que o filme da DC é infinitamente superior ao de Elizabeth Banks. Há um desinteresse na figura da mulher no cinema de ação? Será que a turma abestada do “Go Woke, Go Broke” está ganhando voz nas bilheterias? Torcemos para que isso não seja verdade, afinal até Rambo 5 naufragou.

Coronavírus?!

Por fim, e aí estamos realmente dando uma forçada de barra, temos a situação do coronavírus. A doença sacudiu a sociedade na China, que levou à decisão radical do governo em fechar as mais de 70 mil salas de cinema do país, o que deve trazer um impacto significativo nas bilheterias americanas. Seria Aves de Rapina o primeiro a sofrer com isso? Não seria exagero assumir isso.

O resultado de bilheteria de Aves de Rapina é bem decepcionante, principalmente por estarmos diante de um filme tão bem feito. É uma obra que toma riscos, tem mais estilo do que a maior parte do MCU e que pavimenta um caminho divertido para a DC. Com esse resultado (que pode melhorar, afinal não há grande competição para o filme nas próximas semanas), é possível que a Warner reavalie sua situação, mais uma vez.

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