Obs: Contém spoilers de Bad Boys Para Sempre
A Sony certamente não esperava tanto de Bad Boys para Sempre, tampouco os fãs. É um filme que demorou demais para acontecer, e que trazia ares de ser uma imitação pouca inspirada do estilo de Michael Bay, além de ter sido posicionado na janela nada estratégica de janeiro, onde Hollywood manda suas produções para morrer. Mas então, um milagre típico dos Deus Ex Machina de blockbusters aconteceu: o terceiro Bad Boys foi um sucesso, em todos os aspectos.
Dirigido pela dupla belga Adil El Arbi e Bilal Fallah, Bad Boys para Sempre conseguiu atualizar a estética e a temática dos filmes anteriores para algo moderno e divertido, se firmando tranquilamente como o melhor da trilogia policial. O sucesso (financeiro e da crítica) foi tão grande que o filme, vendido como a conclusão das aventuras de Will Smith e Martin Lawrence, ganhou luz verde do estúdio para uma continuação. O marketing curiosamente se provou verdade, com Bad Boys prometendo ficar literalmente Para Sempre nos cinemas. E há uma semelhança com outro longa de ação que enxergamos nesse novo filme que pode ditar seus rumos para seu futuro: Velozes e Furiosos.
Explico o raciocínio. Hoje olhamos para a cinessérie de Vin Diesel como uma das grandes galinhas de ovos de ouro da Universal Pictures, com mais de 10 filmes já lançados no cinema. O início da saga foi bem mais humilde, com um simples filme de ação que girava em torno de corridas ilegais, lançado por Rob Cohen em 2001. O filme protagonizado por Diesel e Paul Walker traz um tom bem similar (além de escolhas na estética) bem similares ao primeiro Bad Boys de Michael Bay, lançado alguns anos antes em 1995. Hoje temos uma evolução para algo bem próximo de um heist de equipe – chegando até mesmo a super-heróis e ficção científica, como nos sugere o insano trailer do nono filme.
Trabalho em equipe
Quando chegamos a Bad Boys Para Sempre, não temos ainda o nível de insanidade que Velozes e Furiosos tem hoje, mas há o potencial da Sony ter algo para rivalizar com a saga de ação da Universal Pictures. Diferentemente dos dois primeiros filmes, o terceiro Bad Boys traz os personagens de Marcus e Mike agora liderando uma equipe de jovens combatentes que trazem mais diversidade a esse universo, algo que Velozes sempre pregou e que muitos sempre analisaram como uma das causas de seu sucesso (vide o sucesso da saga com o público latino, por exemplo).
Não dizendo que Bad Boys precisa apostar em grandes perseguições por abismos e homens jogando torpedos com as próprias mãos (nada contra, mesmo), mas há ali o potencial de pegar uma marca adorada por fãs e que ainda conta com fator nostalgia, e acrescentar novos personagens e constantemente modernizá-la. Além de Smith e Lawrence, Bad Boys 3 introduz novas figuras nas formas de Vanessa Hudgens, Paola Nuñez, Alexander Ludwig e Charles Melton, que facilmente podem ser desenvolvidos para se tornarem adições interessantes à mitologia da franquia.
E mais do que isso, como Bad Boys 3 traz uma revelação bombástica com o filho de Marcus, vivido por Jacob Scipio, há a promessa de algo mais complexo. Armando Arestas é o misterioso vilão do terceiro filme, que logo é revelado como filho de Smith e sofre uma súbita redenção nos minutos finais de projeção. Uma das cenas pós-créditos indica que Marcus irá recrutar seu filho, cumprindo pena após todos os seus crimes, para se juntar à grande equipe em formação – batizada de AMMO.
O sucesso de Bad Boys Para Sempre é promissor para a formação de um futuro interessante no cinema de ação. Com os paralelos bem claros entre a franquia da Sony com Velozes e Furiosos, temos a possibilidade da chegada de uma saga de ação com potencial de bater de frente com Vin Diesel e sua famiglia. Uma grande surpresa.