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Big Little Lies | Crítica

Depois de grandes produções como Oz e Família Soprano, além dos sucessos recentes como Game of Thrones e Westworld, a pressão para que a HBO continue a lançar séries de qualidade só aumenta – e toda essa responsabilidade recai sobre Big Little Lies, que estreou neste domingo.

As impressões sobre Somebody’s Dead, o primeiro capítulo da série, são as mais diversas. Indo direto ao ponto, podemos fazer uma única consideração concisa: sob diversos aspectos, o capítulo inaugural funciona na medida certa, e pega em cheio os fãs assíduos de Gossip Girl e Meninas Malvadas, por exemplo. Mas que eles não se enganem: quando se trata de Big Little Lies, as intrigas e os joguetes entre os personagens podem ser muito mais perigosos, com consequências muito mais severas.

Big Little Lies é baseada no livro homônimo de Liane Moriarty, de 2014, e vai abordar os segredos obscuros das vidas perfeitas de várias famílias da Califórnia. Temos, então, como trio protagonista, as mães Madeline Mackenzie (Reese Witherspoon), Celeste (Nicole Kidman) e Jane Chapman (Shailene Woodley), cujas atrizes conseguem encarnar com perfeita harmonia e, verdade seja dita, não é possível, pelo menos por ora, levantar quaisquer críticas em relação ao desempenho desse trio.

Logo no primeiro capítulo somos apresentados às intrigas familiares das três protagonistas, bem como aos dramas escolares de seus filhos. Mais do que isso, somos bombardeados por flashbacks, que possuem a importante função de deixar claro que alguém morreu – mas não se sabe quem, nem como, nem o assassino. Em termos bem gerais, é quase como uma “versão família” e mais leve de How to Get Away With Murder.

Frame do trailer de Big Little Lies
Frame do trailer de Big Little Lies

Assim, ainda que com bons momentos de respiro, a abertura da série se mantém tensa na medida certa. A maior parte do mérito pelo clima de mistério vem das atuações impecáveis do trio, principalmente de Witherspoon, que nos dá uma Madeline que transita com maestria entre uma versão divertida e enérgica com as amigas, e outra que não se dá bem com o marido e a filha adolescente, e Kidman, que tenta lidar com segredos que querem romper a fina superfície da vida de princesa que Celeste leva. Dessa forma, passamos boa parte do capítulo avaliando os personagens e fazendo apostas mentais (“Jane não consegue se enquadrar em nada, será que ela é a assassina?”, “Nunca que Madeline vai ser a pessoa que morre no final, mais fácil que seja a Celeste!”), o que é muito bom – desde que não se abuse do recurso ao longo da série.

A direção de todos os sete episódios é por conta de Jean-Marc Vallée (Clube de Compras Dallas), o que nos garante uma bela fotografia. Valée também nos proporciona (e não apenas em Big Little Lies) uma grande ênfase nos sentimentos dos personagens. Observá-los, perdidos em seus devaneios, à moda como o diretor coloca, nos faz quase tocar os pensamentos de quem está em cena – o que se torna muito mais instigante quando não sabemos, de fato, o que realmente aconteceu na trama.

No mais, Big Little Lies faz uma ótima estreia, mas se faz necessário aguardar o desenrolar dos próximos episódios para termos uma opinião definitiva. Considerando que o livro ao qual a série é inspirada foi um sucesso nos EUA, temos as melhores expectativas para os próximos acontecimentos – resta apenas saber se a adaptação irá conseguir superar o nível do primeiro capítulo, fazendo todo o suspense valer a pena. Trabalhar com mistério pode ser difícil, já que é fácil cair na mesmice ou no clichê. Mas Big Little Lies tem tudo para dar certo.

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