Spoilers da 5ª temporada de Black Mirror!
Depois de uma longa espera, a 5ª temporada de Black Mirror já está disponível na Netflix. Os novos episódios, com destaque especial para “Rachel, Jack and Ashley Too” com Miley Cyrus, surpreendentemente trazem algumas mudanças necessárias para a série, que vinha lutando para não perder sua relevância e originalidade.
Em um artigo, o Digital Spy discutiu a importância do episódio “Rachel, Jack and Ashley Too” para o futuro e a evolução de Black Mirror.
A fórmula Black Mirror
Desde 2011, Black Mirror conquista milhares de fãs pelo mundo com sua ousada proposta de contar histórias que mostram os males da tecnologia em conflito com a mente humana. Mesmo assim, apesar de se mostrar inovadora nos primeiros anos, a série acabou caindo em uma fórmula que se mostrou problemática.
Virou marca registrada de Black Mirror fazer episódios com grandes reviravoltas e finais sombrios e trágicos, mostrando que a evolução da tecnologia tende a revelar um ladro negro do ser humano que vai corromper nossa sociedade de maneira irreversível no futuro. Episódios como “Urso Branco” e “Natal Branco” são o perfeito exemplo dessa fórmula, que foi quebrada pouquíssimas vezes em episódios como “San Junipero” e que já vinha se tornando desgastada ao longo das duas últimas temporadas da série. Felizmente, a 5ª temporada foge desse clichê estabelecido.
“Rachel, Jack and Ashley Too”
O terceiro episódio da 5ª temporada de Black Mirror intitulado “Rachel, Jack and Ashley Too” é um exemplo dessa inovação que a série se propos a fazer. As diferenças começam pelo tom do episódio, que começa sério mas vai se tornando mais cômico na medida em que a trama vai avançando. Humor não é um terreno que Black Mirror costuma explorar, mas ele está bem presente em “Rachel, Jack and Ashley Too”.
Protagonizado por Miley Cyrus, o episódio segue a proposta base de Black Mirror, fazendo críticas a indústria musical, artistas fabricados pela mídia e é claro, a relação dos humanos com a tecnologia. A diferença aqui é que todas as problematizações são de certa forma ofuscadas pelo humor sarcástico do episódio, que tem algumas sacadas que são inéditas em Black Mirror (como a quebra da quarta parede no final do episódio).
Em uma entrevista recente, Charlie Brooker, o criador de Black Mirror, admitiu que “Rachel, Jack and Ashley Too” seria um episódio divisivo e arriscado de se fazer, mas defendeu as inovações que o episódio traz para a série, “Se nós continuarmos fazendo apenas histórias nilistas e sombrias, tudo se torna muito previsível”, disse Brooker.
No fim das contas, “Rachel, Jack and Ashley Too” consegue ser “muito Black Mirror”, problematizando a influência da tecnologia em nossas vidas, mas inova com um tom cômico e um final menos sombrio do que os outros episódios da série. Durante os próximos meses as pessoas vão discutir se o episódio funciona ou não e essa é a beleza de Black Mirror, que graças às suas inovações consegue se manter relevante depois de tanto tempo.
Todas as temporadas de Black Mirror estão disponíveis na Netflix.